U23D

0

Parece que a moda dos “filmes-show” está chegando ao nosso país. Depois de Rolling Stones – Shine a Light, agora é a vez de o U2 fazer uma turnê cinematográfica por aqui. E o mais legal: em 3D!

Se a banda do Mico Jegue optou por ignorar quase todos seus grandes sucessos no show dirigido por Martin Scorsese, o U2 foi mais inteligente e colocou um monte de músicas que qualquer terráqueo é capaz de reconhecer, independente do fato de ser ou não fã da banda.

E o negócio começa bem. A primeira música, Vertigo, mostra um U2 diferente de tudo que eu conhecia. Aliás, foi a primeira vez que ouvi algo dos caras realmente com uma veia roqueira. Porém, a surpresa parou aí. Da segunda música em diante, o que vemos é basicamente aquele estilão pelo qual a banda ficou conhecida: baladas e semi-baladas bem Pop, onde a guitarra é praticamente um instrumento de acompanhamento e só ganha destaque nos momentos mais apoteóticos – mais ou menos como os pratos em uma orquestra.

Não quero parecer um true imbecil aqui, mas devo dizer que, provavelmente por não ser um grande fã do estilo ou do U2, fiquei entediado a maior parte do tempo. O som até me agrada, mas para mim funciona como música ambiente, entende? É legal deixar de fundo enquanto você conversa com os amigos ou está trabalhando, mas para ficar parado, sentado, ouvindo e prestando atenção, definitivamente escolheria outras coisas. E isso se torna ainda mais grave em músicas como Bullet the Blue Sky, cujo andamento lento e arrastado me fez lembrar de um Black Sabbath sem guitarras e sem peso. De qualquer forma, não posso negar que, quando tocaram Pride (In The Name of Love), até fiquei com vontade de cantar junto.

O parágrafo acima pode parecer contraditório em comparação à nota aí do lado e, se você pensou isso, permita-me explicar: eu tenho plena consciência de que não sou o público-alvo deste filme. Algo assim é focado em pessoas que são fãs de U2, ou que pelo menos admirem mais o trabalho dos caras do que eu. Afinal, eu não pagaria o salgado preço do ingresso de uma sala 3D para assistir a esse show. Portanto, resolvi analisar o longa, sobretudo de um ponto de vista técnico. E, nesse ponto, ele realmente se destaca.

A imagem é linda, a edição é primorosa e o áudio só peca na falta de uma mixagem mais posicional. Por exemplo, a platéia não fica atrás de você, como deveria ser, o que realmente tira um pouco a sensação de estar lá. Por outro lado, durante Sunday Bloody Sunday, a câmera fica por um tempo mostrando o baterista e, quando troca a imagem, o som da bateria muda de posição de acordo com o que está sendo mostrado. Foi o único momento que percebi algo assim, mas foi bem legal.

O fato de ser em 3D também torna a experiência a próxima melhor coisa depois de ver os caras ao vivo. Em muitos momentos, alguém da platéia levanta os braços e eu poderia jurar que era o mano na cadeira da frente que se empolgou. Em outro, o pedestal do microfone ficou por um bom tempo tampando o rosto do The Edge e admito que eu até cheguei a movimentar o rosto instintivamente, como se quisesse ver por um ângulo melhor.

Para o meu gosto pessoal, o filme dos Rolling Stones foi mais legal. Contudo, se ignorarmos simpatias pessoais por cada uma das bandas, o fato de este ser em 3D o torna melhor do que seu antecessor. E, como fã da banda, o mais importante para saber se o negócio é bom ou não é o setlist, certo? Então confira o bichinho aí embaixo e, se curtir, corra para a sala 3D mais próxima de você.

Setlist:

Vertigo
Beautiful Day
New Years Day
Sometimes You Can’t Make It On Your Own
Love And Peace (Or Else)
Sunday Bloody Sunday
Bullet The Blue Sky
Miss Sarajevo
Pride (In the Name Of Love)
Where The Streets Have No Name
One
The Fly
With Or Without You
Yahweh

Curiosidade:

– Essa idéia de lançar um show (em 3D ou não) no cinema é sem dúvida uma boa para as bandas. Afinal, por um investimento pouca coisa superior ao do lançamento de um DVD, ela fatura de montão nos cinemas do mundo inteiro e depois ainda pode lançar o produto em home-video. Aliás, isso deve dar tanto dinheiro que dou dois anos para vermos um show do Kiss em 3D chegando aos cinemas.

Galeria

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorVídeo de versão inacabada de jogo de luta da Marvel cai na rede
Próximo artigoOuça o novo single do AC/DC
Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
u23dPaís: EUA<br> Ano: 2007<br> Gênero: Show<br> Duração: 85 minutos<br> Diretor: Catherine Owens e Mark Pellington<br> Distribuidor: Playarte<br>