Thor

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Hail and kill, delfonautas de toda Midgard. Cá estou eu, com minha pena asgardiana para despejar sobre vós minha primeira resenha de cinema desde Wolverine. Afinal de contas, o filme de um personagem trüe como o deus do trovão não poderia ser avaliado por um dos mariquinhas que se intitulam delfianos.

Tudo começa com uma cena nada trüe e nem um pouco interessante, e daí volta no tempo para como deveria ter começado: em Asgard. Thor está para ser coroado o sucessor de Odin quando Asgard é atacado pelos gigantes do gelo vindos de Jotunheim.

Thor, como o truezão que é, logo vai para a terra dos gigantes desafiá-los para uma espadaúda cena de ação. Logo depois dela, Thor é banido para a Terra por desobedecer Odin, deixando Asgard e Jotunheim em vias de entrar em guerra por sua imaturidade. Pois é, delfonauta, agora imaturidade é sinônimo de trueza.

Mas não são apenas personagens de músicas do Therion que aparecem no filme. Temos também a maior participação do agente da S.H.I.E.L.D., o Coulson, mais conhecido como o sempre sorridente marido da Old Christine, entre todos os filmes recentes da Marvel (as prequências para Vingadores).

Sim, guerreiro delfonauta, Thor é o filme da Marvel mais incluído no universo cinematográfico da editora. Não faltam referências a Homem de Ferro ou Hulk e até o Gavião Arqueiro faz uma participação especial.

Infelizmente, a história é a mesma do George of the Jungle.

Isso mesmo, viril delfonauta. O Thor como o conhecemos só aparece mesmo nessa primeira cena acima descrita e nos últimos minutos. Durante todo o desenvolvimento da projeção, o que temos é um asgardiano preso nos EUA, com um monte de piadinhas demonstrando as diferenças culturais entre a terra dos guerreiros vikings e a terra dos comedores de McBurgers.

Sim, algumas das piadas até podem colocar um sorriso no rosto de alguém mais mariquinha e menos besuntado do que eu, mas o filme de forma alguma faz juz à trueza de um deus nórdico.

Ora, se vamos ver um filme sobre um deus nórdico, ainda que seja em sua versão Marvel, queremos ver um deus nórdico em espadaúdas cenas de ação e trueza. Não um garotinho bundão amadurecendo e aprendendo com a Natalie Portman a valorizar a vida na Terra e os caminhos da paz estadunidense (ninguém nunca deve ter usado “paz” e “estadunidense” na mesma frase).

Ao invés disso, as poucas cenas de ação que temos são resolvidas de forma rápida e apressada, mais ou menos como a luta final contra o Kraken em Fúria de Titãs.

Um belo exemplo disso é a primeira cena, que é também a melhor do filme. Ela passa um bom tempo prometendo um espadaúdo duelo entre Thor e um bicho grandão. Quando finalmente os dois ficam cara a cara, o deus do trovão resolve o embate com apenas um golpe. Não dá para não se sentir enganado.

O mesmo pode ser dito do 3D. Thor leva a honra de ser o primeiro filme de super-heróis em 3D e, ao mesmo tempo, não faz nada para valorizar o voto de confiança de quem pagou extra pelos efeitos – que são simplesmente inexistentes, como em quase todos os casos.

Para tornar tudo ainda mais indigno do deus do trovão, o roteiro é um emaranhado de clichês, incluindo cenas tão desgastadas quanto “vilão pede ajuda para herói – herói ajuda – vilão trai herói após ser ajudado” entre tantas outras. Thor é, sem dúvida nenhuma, o roteiro mais fraco de todos os filmes da Marvel. E estou incluindo Elektra nessa lista.

Não se trata de um filme ruim, mas um tradicional filme nada. Trata-se da primeira decepção que temos com um dos projetos da Marvel Studios. E espero que seja o único, ou vou precisar brandir meu Mjölnir na cara do Stan Lee. Stay heavy, delfonautas midgardianos!

CURIOSIDADES:

– Hoje é quinta-feira. Em inglês, Thursday ou, em outras palavras, Thor’s Day.

– A história deste filme foi escrita por J. Michael Straczynski e Mark Protosevich. Você deve lembrar do primeiro como o sujeito que divorciou o Homem-Aranha.

– Não é só o Ryan Reynolds e o Chris Evans que estão papando vários papéis nos filmes baseados em quadrinhos. Ray Stevenson, que já foi o Justiceiro, retorna ao mundo da Marvel em Thor. Ele faz o alívio cômico Volstagg.

– O final do filme avisa: “Thor retorna em Vingadores”. E tomara que esse Thor seja mais próximo do que temos no começo deste filme do que o mariquinha que temos no final.

– Não saia da sala antes dos créditos terminarem.

– O nome completo do Thor do filme é Thor Odinson. WTF? O porteiro do meu prédio chama Odinson.

– Pior do que Odinson só aquela banda de Metal que chama Whäldemar.

– O porteiro noturno do meu prédio chama Waldemar. Ele é casado com a Josefina.

– O Van Halen tem uma música chamada Josephina.

– Pior do que ter uma música chamada Josephina é chamar sua banda de Metal de Chinchilla.

– O Odinson (porteiro do prédio, não o filho de Odin) tem uma chinchila. E o ciclo se completa.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
thorPaís: EUA<br> Ano: 2011<br> Elenco: Chris Hemsworth, Anthony Hopkins, Natalie Portman, Ray Stevenson e Rene Russo.<br> Diretor: Kenneth Branagh<br> Distribuidor: Paramount<br>