This War of Mine saiu para computadores e celulares no final de 2014 e gerou muitos comentários por ter uma abordagem da guerra bastante diferente da que tradicionalmente vemos em games. Nada de space marines carecas e com bíceps do tamanho de troncos de árvores. Aqui acompanhamos a história de pessoas comuns, lutando para sobreviver enquanto uma guerra come solta.
Isso fez com que o jogo ficasse no meu radar, pois esperava que fosse mais uma daquelas experiências altamente emocionais que os indie games vêm proporcionando nos últimos anos. E eu adoro isso. No entanto, não jogo em computadores nem em celulares, então acabei chupando o dedo. Até agora, quando esta versão turbinada, com o subtítulo The Little Ones, chega aos consoles.
FUCK THE WAR!
Aqui você controla um determinado número de personagens, que começam em uma casa com várias portas trancadas. Cabe a você explorar o que dá para explorar, pegar o máximo de recursos que conseguir e usar esses recursos para construir coisas como camas, fogões e pés de cabra. Cada construção leva um bom tempo, e por isso é sempre importante fazer com que cada um dos seus sobreviventes esteja ocupado.
Não demora para a noite chegar, e daí você deve planejá-la com cuidado. Quem vai dormir nas camas disponíveis? Alguém vai ficar de guarda para impedir que saqueadores roubem seus recursos? E o mais importante, quem vai se aventurar pela cidade, procurando pessoas para fazer escambos ou propriedades ainda não saqueadas de onde possa trazer mais coisas úteis?
Obviamente, boa parte dessas propriedades tem pessoas morando lá. Pessoas como você, que estão lutando para sobreviver e é claro que não vão ficar nada felizes caso vejam um intruso roubando seus limitados recursos.
Como na vida real, caso elas te vejam, podem sair correndo, tentar conversar com você ou, na maior parte das vezes, tentar te matar. Em toda minha habilidade de gamer master race, toda vez que alguém queria sair na porrada comigo, o resultado era um só: a minha morte.
Você até pode se defender, mas parece que os outros estão sempre melhores equipados. Eu ia a lugares que o jogo prometia estarem repletos de armas, mas eu encontrava apenas munição e pólvora e nada que realmente ajudasse a me defender. Em todo meu tempo com o jogo, não consegui usar uma única arma de fogo, mas tomei vários pipocos, que invariavelmente terminavam com minha morte.
Em um dos lugares que visitei, eu encontrei corpos assassinados com toques de crueldade. Obviamente, deveria ter dado o fora dali, mas eu precisava de recursos. Adivinha que fim levou essa história.
Esta é a rotina de This War of Mine. Durante o dia você trabalha para aumentar o conforto e suprir as necessidades dos seus sobreviventes e à noite arrisca a vida para procurar por mais recursos.
Quando um personagem morre, ele morre de vez. Os outros sobreviventes são afetados ficando cada vez mais tristes com isso, sem contar que é um par de mãos a menos para trabalhar. Também não demora para seus personagens ficarem cansados, com fome ou doentes, o que vai limitar suas habilidades caso você não consiga sanar suas necessidades. Pois é, This War of Mine acaba sendo uma versão bem séria e nada fofa de The Sims.
Durante o dia, você pode receber visitas de pessoas querendo fazer escambo, pedir ajuda ou até pedir para se juntar ao seu grupo – o que é ótimo, visto que é mais alguém para ajudar na casa e nos saques. Curiosamente, o jogo não me permitiu ajudar ninguém, me dando apenas opções como negar totalmente ou pedir para “perguntar mais tarde”.
OS PEQUERRUCHOS
Esta versão para consoles traz a possibilidade de incluir entre os sobreviventes algumas crianças. Crianças são bem diferentes de adultos – disse o Capitão Óbvio. Elas precisam conversar mais e precisam de lugares e coisas para brincar (algo simples, como uma corda para pular, faz milagres). Elas também não fazem nada à noite que não seja dormir, e não ajudam a construir coisas nem nada mais produtivo durante o dia.
Em outras palavras, os pimpolhos acabam sendo uma versão hard de um jogo que já é bem difícil, pois trazem consigo responsabilidades sem ajudar em nenhuma das atividades que mantém os sobreviventes vivos.
Quantos dias você consegue sobreviver? Será que você consegue chegar até o fim da guerra? Na minha primeira jogada, eu durei 22 dias, sendo que nos últimos dias meu personagem estava tão machucado e tão deprimido que mal conseguia andar. Eu basicamente deixei os dias passarem até que ele morresse de fome, pois não tinha mais nada que pudesse fazer.
Agora estou jogando com outro grupo de sobreviventes e já estou bem melhor, mas vamos ver se consigo mantê-los vivos até o fim.
Basicamente, este é o desafio. É daqueles jogos que você joga várias vezes, tentando chegar mais longe. Ao contrário do que eu pensava, não é algo especialmente emocional e mal tem história. Ou melhor, a história é o que você faz. Você decide quem ajudar, quem matar e quais crimes cometer para se manter vivo, e isso afeta o seu fim, e seu aproveitamento de cada uma das partidas.