Theseus é uma enorme novidade para os jogos em VR. É, também, imediatamente familiar para qualquer fã de games de ação. Ele não reinventa a roda, mas é ao mesmo tempo o primeiro jogo para VR que reproduz as experiências cinematográficas tão comuns entre os AAA na geração passada.

Pois é, ele é basicamente um jogo de ação e aventura com bastante combate. Pense em uma mistura de Uncharted com God of War, acrescentando uma pitada da atmosfera dos Resident Evil clássicos e de Dark Souls e terá a fórmula vencedora de Theseus.

JOGO DE BONEQUINHO

Games em VR são, em sua imensa maioria, em primeira pessoa e se utilizam dos controles de movimento. Faz sentido, e isso é legal pra caramba, mas gamers também querem experiências tradicionais, em especial os bons e velhos jogos de bonequinho.

Praticamente tudo que eu vi com câmera em terceira pessoa em VR era algo mais próximo de um point and click, e agora temos um jogo de ação no qual você anda e explora livremente pelos belíssimos cenários inspirados na história de Teseu e o Minotauro.

Theseus, VR, Delfos
Esse aí, sabe?

Para conseguir esta proeza sem causar enjoo e sem utilizar da mecânica do teleporte, Theseus vai beber em jogos antigos que tinha câmeras fixas. Você sabe, aquelas que dão um aspecto cinematográfico ao jogo e que sofrem constantemente com quebras de eixo.

Se bem que aqui até que as quebras de eixo têm uma justificativa. Se o personagem sai de uma sala pelo canto esquerdo, na seguinte ele poparia do lado direito, obrigando o jogador a virar o rosto bem rápido. Com a quebra de eixo, ele popa do lado esquerdo, com a câmera focando o outro lado e assim ele aparece bem onde você está olhando. Não é uma solução elegante, mas funciona e incomoda bem menos do que em Resident Evil. Afinal, aqui você não é um sujeito frágil, você é um fuckin’ herói mitológico, dammit!

LINEARIDADE RULA

Verdade, o jogo é bem simples, e eu arrisco dizer que se não fosse em VR, não seria tão bem recebido hoje em dia. O caminho é bem claro o tempo todo, sem muitas bifurcações. Na real, o negócio é tão linear que eu me surpreendi que não faturei o troféu dos colecionáveis. Eu gosto do fato de o jogo ser focado e sem distrações desnecessárias, mas sei que isso não faz sucesso com todo mundo.

gameplay também não inova muito. Você explora, escala e luta. A escalada é bem tradicional e envolve você se locomover e pular entre tijolos saltados.

Theseus, VR, Delfos
Uncharted feelings?

O combate é igualmente simples. Você tem uma espada e uma tocha, usados respectivamente com os botões quadrado e triângulo. A forma mais rápida de vencer os inimigos é queimá-los com a tocha e finalizá-los com a espada, mas você só consegue atingi-los com a tocha se os encurralar na parede, ou eles simplesmente pulam para trás.

Theseus, VR, Delfos
Fogo!

Tem alguns pontos no combate que merecem ser falados. O primeiro, e mais óbvio, é que só existe um tipo de inimigo. Mais variedade cairia bem. O segundo, e que prevejo incomodar muita gente, é que não há energia. Eu sinceramente não sei se é possível morrer no combate. Eu levava porradas, mas sempre levantava e continuava lutando. Morri no jogo, sim, mas em partes que não conseguia cumprir o objetivo, nunca no meio de uma luta.

TOUROMAN

Talvez os momentos mais marcantes sejam os encontros com os minotauros, que exigem uma mistura entre stealth, solução de puzzles e pernas para que te quero. O bicho tem um design assustador e é enorme. Por estar em VR, ele parece ainda maior. Ele é cego, mas ouve muito bem, então tem vários momentos tensos que ele fica respirando no seu cangote e você fica querendo fugir ao mesmo tempo em que sabe que tem que ficar parado.

Theseus, VR, Delfos
Vade retro, chifrudo!

Este é o ponto em que a VR torna o jogo realmente especial. Eu já teria gostado dele em 2D, mas é algo simplesmente fantástico ser totalmente envolvido pelo Labirinto de Creta, especialmente com o minotauro andando por ali.

Os gráficos são bem bacanas e caprichados, só sofrem um pouco pela baixa resolução do PS VR em si. O som, por outro lado, é perfeito, com uma atmosfera cuidadosamente caprichada. Graças ao design de som, eu consigo imaginar muito marmanjo por aí precisando de fraldinhas para jogar, e olha que nem é um jogo de terror.

Theseus, VR, Delfos
Aranhinha amiga…

O principal defeito do jogo, para mim, foi o primeiro encontro com as aranhas. Você tem apenas a tocha e deve afastá-las com o fogo, mas minha tocha simplesmente apagava e eu morria, sem saber o porquê. Depois de muitas mortes, percebi que tinha pedaços do cenário em que vazava água do telhado, e era isso que apagava meu fogo. Um pouco mais de clareza neste trecho teria tornado minha campanha praticamente perfeita.

THESEUS

O jogo é bem curto, aliás. Com uma duração de cerca de duas horas, não dá para evitar pensar que poderia ser mais longo, considerando que se trata de um jogo de ação bem tradicional. Eu certamente gostaria de passar mais tempo com ele.

Theseus, VR, Delfos
Mão! Mão gigante!

Pelo fato de ter apenas um tipo de inimigo, o cenário não variar muito e o jogo ser bem curto, fiquei com a sensação de não ter jogado um jogo completo, mas um pedaço de algo maior.

Ainda assim, apesar de curto, foi intenso e empolgante, além de ser potencialmente o primeiro jogo de ação tradicional em VR e, como tal, é altamente recomendável para entusiastas da tecnologia e fãs do gênero.