Ah, os Simpsons! Um dos programas mais queridos da televisão estadunidense! Muita criatividade, bom humor e tiradas históricas em 22 anos no ar com o seriado próprio, fora o tempo que passaram apenas como um quadro do The Tracy Ullman Show entre 1987 e 1989.
Em compensação, se pegarmos o paralelo da carreira da família nos videogames nesses mesmos 21 anos, que porcaria! Jogos chatos e genéricos que não fizeram jus à fama do seriado. Desde o Nintendo com seu Bart Vs Space Mutants, até a geração moderna e The Simpsons Game, foram mais de duas dezenas de coisas horrorosas e descartáveis.
Eu até cheguei a analisar uma dessas porcarias nos velhos tempos de DELFOS.
Mas, para toda regra existe uma exceção e aqui não foi diferente: o arcade dos Simpsons, obra da Konami de 1991, é um beat´em up divertido pra caramba e lembrado ao lado dos dois Teenage Mutant Ninja Turtles, Vendetta, Captain Commando, Final Fight e os Double Dragon, como marco do gênero!
Enquanto minha geração crescia (tenho 31 anos), nosso sonho era ver um “port” para Super Nintendo ou Mega Drive. O tempo foi passando, jogos ruins acumulando e tivemos que nos contentar em gastar fichas no fliper mesmo, ou apelar aos emuladores para reviver a nostálgica experiência.
Mas, do nada e no sistema mais improvável possível, a Electronic Arts anuncia um “remake” do arcade para os aparelhos da Apple (iPhone, iPad e iPod Touch).
ESTAMOS MESMO FALANDO DE UM REMAKE?
Bom, amiguinho, a resposta é “sim” e “não”. A idéia em torno de um beat’em up com a família mais querida da história é a mesma. A estrutura de algumas fases, aqueles coelhos nonsense que apareciam caracterizados na tela da televisão entre os estágios (e são oriundos de outro trabalho menos conhecido de Matt Groening: Life In Hell), determinados chefes e até o bônus de encher balões continuam presentes.
Por outro lado, sai o multiplayer, você só pode jogar com Homer e trocaram a maioria das fases e chefes para aumentar o número de referências à fonte. Pense o seguinte: no jogo original, a série vivia sua 3ª temporada e muitos personagens ainda nem tinham aparecido. Agora, 20 anos depois, o material de exploração é muito mais rico e a Electronic Arts foi bastante esperta em aproveitar a situação.
Lembra daquele chefe da primeira fase? O cara da luta livre que nunca apareceu em um episódio de TV? Bom, ele foi trocado pelo policial Wiggum, apenas para citar um exemplo. Idem ao balão da segunda fase, que se tornou o próprio Krusty, e por aí vai.
No fliperama original, a maioria dos personagens que você encontrava nada tinha a ver com a série de televisão. Aqui não, a grande maioria das celebridades de Springfield está bem representada.
O BOM E VELHO BEAT´EM UP
Falando um pouco da estrutura do jogo, especialmente para quem não teve o prazer de brincar com o arcade original, temos aqui o bom e velho beat´em up onde você anda para a direita batendo em tudo e todos que encontra pelo caminho até encontrar o subchefe. Daí troca mais sopapos, anda mais um pouco e enfrenta o chefe da fase para passar ao próximo nível e repetir o processo.
A história é bobinha, mas faz bem mais sentido que a de outrora. Na versão original, Smithers e o Sr. Burns roubam uma joalheria (!!!) e trombam com a família Simpson na saída. Um dos diamantes roubado voa e cai na boca de Maggie, que é seqüestrada pelos malfeitores. Bastante bobo, né?
Nesta versão, o mesmo Sr. Burns reúne as principais celebridades de Springfield para apresentar um plano malévolo chamado “Project: Operation Mission” onde pretende roubar os recursos naturais da cidade (!!!). O arquivo com a idéia é salvo em um pendrive e escondido em uma rosquinha. Na saída, Smithers tromba com Homer, a rosquinha cai na mão do pai de família e D’OH!, antes de dar sua primeira mordida, acaba “roubado” e, fulo da vida, parte atrás de seu doce preferido! Enfim, tudo é uma grande desculpa para descer a porrada. A Electronic Arts sabe bem disso e faz até piada na abertura!
O restante da família Simpson não é “jogável” como no arcade, mas aparece como poderes especiais para ajudar Homer em sua difícil missão.
Seguindo a tradição beat´em up, Homer também conta com armas para ajudar no caminho: tacos de beisebol, bumerangues, máquinas de choque e outras bugigangas que você encontra nas caixas espalhadas pelos cenários.
Os controles são todos feitos através de botões virtuais colocados na tela touch screen dos aparelhos. Basicamente, você trabalha com um direcional, soco e pulo. Mas existem pequenas combinações que podem ser muito eficientes quando a tela está infestada de inimigos, como segurar o botão de soco e dar um rush.
Infelizmente, nem tudo são flores e, até por uma falta de “sensibilidade”, os botões, às vezes, falham ou Homer pula quando deveria socar. Mas dentro da limitação de controles que um iPhone pode oferecer, a solução encontrada foi ok e é o que encontramos em 99% dos outros games para plataformas IOS.
Por falar nos inimigos, os chefes são bem variados, mas os caras que você encontra durante todas as fases são os velhos personagens genéricos com uma ou outra variação.
Os gráficos e sons são muito bons! A Electronic Arts soube usar bem a capacidade do sistema e desenvolver recursos técnicos na medida. Os personagens são grandes na tela, com ótimas expressões e cenários bem definidos. As animações são bastante suaves e as músicas e efeitos sonoros combinam com o clima.
O principal ponto fraco vai para o fator replay, como na maioria dos beat´em ups de outrora: uma vez terminado, não existem motivos especiais para jogar tudo de novo e a falta de um modo dois jogadores poderia ter sido contornada. Mesmo assim e até pelo seu preço reduzido de US$ 2,99 (mas já apareceu em promoção na APP Store por US$ 0,99), The Simpsons é um belo exemplo de criatividade, competência e excelente custo benefício.
Uma última observação importante: este é um game exclusivo dos sistemas IOS e não o port do arcade original lançado na PSN e Live nos últimos dias pela própria Konami, ok?