The Punisher

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Puxa, comecei a jogar esse game há alguns meses e só agora consegui terminá-lo (necessidade básica aqui no DELFOS para podermos escrever uma resenha sobre qualquer jogo). A falta de tempo anda complicada ultimamente. Mas vamos ao jogo. The Punisher é o primeiro game do Justiceiro desde aquele beat’em up da Capcom para arcades e Mega Drive de muitos e muitos anos atrás. E valeu a pena esperar? Continue lendo…

Junto com o Homem-Aranha, o Justiceiro é um dos meus heróis de HQs preferidos. Isso automaticamente já faz com que eu ache legal ter a possibilidade de controlá-lo, mesmo que o jogo não seja assim tão bom. Mas uma coisa deve ser dita, a transcrição da violência e sadismo do personagem para este game foi muito melhor do que a do filme, que obviamente foi o que motivou a THQ a realizar o jogo e, principalmente melhor que a do jogo anterior onde o Justiceiro, um dos personagens mais violentos do gibi, é proibido de usar armas de fogo contra inimigos desarmados.

A violência no novo jogo está presente principalmente nos métodos de interrogação, principal diferencial de The Punisher em relação a seus concorrentes diretos, como Max Payne. Você tem, a qualquer momento, a possibilidade de utilizar quatro métodos de tortura diferentes, dos quais o mais legal é, sem dúvida, pegar o elemento pelos cabelos e bater sua cara no chão sucessivamente. Na verdade, essas cenas de interrogações são mais ou menos joguinhos dentro do jogão. Ao torturar um vilão, você verá duas barras. A pequena e vermelha representa a energia do cara e se esta esvaziar, ele morre. A maior representa o nível de stress. Você precisa movimentar o mouse de forma que essa barra fique localizada na parte laranja durante três segundos. Se você não for cruel o suficiente, não consegue nada. Se você for cruel demais, ele morre. Se você vencer o joguinho, o cara fala alguma coisa, que normalmente não é nada demais, e você ganha um pouco de energia.

Alguns inimigos, na verdade, tem informações importantes. Estes são identificados por uma caveira que fica acima deles. Mas mesmo essas informações não são grande coisa. Normalmente é algo do tipo “Me deixa ir que eu falo para os inimigos da próxima sala não atacarem você”.

Normalmente quando um desses caras que têm o que dizer aparecem, você vai encontrar também pontos para tortura especiais e esses são os mais legais. Nesses pontos, o Justiceiro utiliza algum item do cenário para torturar o meliante, normalmente com muito sadismo. O mais comum e menos legal é ameaçar jogar o cara de uma janela, mas tem alguns bem mais divertidos, como ameaçar enfiar a cabeça dele em um ventilador ou em uma fornalha. Também tem outros que são até impressionantes, como jogar o cara dentro de um moedor de carne para depois ver os pedacinhos do seu corpo saírem do outro lado. Comichão e Coçadinha na veia.

Essas torturas, no entanto têm alguns problemas. O maior deles é que se você optar por matar o desgraçado depois de obter sua resposta, você perde pontos. Até faz sentido perder pontos se você matar ele antes, pois isso significa que você não cumpriu o objetivo. Mas uma vez cumprido, por que não podemos exercer nossos instintos sádicos, pô? Outro problema é a repetição dos mesmos pontos de interrogação especiais e até mesmo a quantidade deles, que é muito pequena. Deve ser uma média de dois por fase, mais ou menos.

Aliás, já que falamos nos pontos, eles até servem a um propósito: comprar upgrades. Tudo bem que eu passei o jogo todo sem comprar nada para comprar um que custava 400000, mas não consegui juntar isso até terminar o jogo. Outra coisa que você pode fazer com os pontos é jogar as missões especiais, tais como “Finalize tal fase usando apenas o lança-chamas” ou “Mate tal chefe sem perder energia”. Essas missões ficam disponíveis se você atingir uma quantidade determinada de pontos na fase, mas é muito difícil conseguir o necessário para ganhar a medalha de prata. Eu devo tê-la conseguido apenas em umas 3 ou 4 fases e mesmo assim com pontuação bem apertada. Já a de ouro, eu nem sonhei em conseguir.

Outro grande charme no jogo são as Special Kills, lugares especiais no cenário onde você pode matar seus desafetos das formas mais criativas e violentas possíveis. Algumas possibilidades que me lembro agora é jogar o cara para uma cobra faminta ou colocá-lo dentro de um caixão, acompanhado de uma granada e fechar a tampa. Infelizmente, esses pontos são ainda mais raros que as interrogações especiais. É uma pena, pois o jogo poderia sobreviver apenas com essas mortes.

Uma coisa que pode decepcionar os jogadores tanto nas Special Kills quanto nas interrogações especiais é que, em cenas particularmente violentas, a tela fica preto e branco e a câmera não foca o futuro presunto, mas o Justiceiro. Provavelmente os caras fizeram isso para que o jogo não tivesse uma censura alta e vender mais e, particularmente, não me incomoda muito. Afinal, alguns cineastas, tipo Alfred Hitchcock, sabem muito bem que às vezes não mostrar pode ser muito mais assustador do que mostrar. Mas é certeza que isso vai incomodar muita gente, principalmente os fãs de carnificina e tripas para todo lado.

Outra forma de matar os inimigos é através do Quick Kill, que consiste em chegar perto do cara e tirar sua vida com um simples toque de botão. As animações são, de certa forma, aleatórias, dependendo da arma que você esteja usando. Vou citar duas das animações mais legais: 1) Colocar uma granada na boca do cara e soltá-lo em direção aos seus amiguinhos. Quando ele explodir, todos morrem. 2) Dar sua arma para o indivíduo, tirar uma faca do bolso e enfiá-la na cara dele. Enquanto o presunto cai no chão, você pega sua arma de volta.

O jogo também conta com um Slaughter Mode, que é mais ou menos como aquele modo de raiva do Wolverine’s Revenge. A sua visão fica bizarra, você fica invencível, ganha alguma energia e pode escolher entre duas formas de assassinato: jogar duas facas em cada inimigo (o que leva muito tempo) ou efetuar Quick Kills especiais.

Infelizmente, nem tudo são flores e The Punisher conta com um problema muito grande: os chefes são absurdamente chatos. Tirando a primeira briga com o Russo, que é tirada diretamente do filme (provavelmente é a única semelhança entre os dois, além é claro, do jogo ter a dublagem de Thomas Jane, o Justiceiro do filme e da presença de alguns personagens, como a vizinha gostosa e a família Saint) e é muito divertida e engraçada, todos os outros são daquele tipo “acerte apenas na cabeça” ou “acerte nas costas” ou a pior de todas “procure por granadas porque só elas machucam o chefe”. Alguns dos vilões presentes no jogo, além do Russo, são o Retalho, o Rei do Crime (cuja fase é uma das mais legais do jogo) e o Mercenário. Um chefe, em especial, tem um combate muito legal. É o Takagi, chefão da Yakuza. Na verdade, não é bem um combate, mas é uma das melhores partes do jogo, então não vou contar para estragar a surpresa do delfonauta.

Os gráficos e sons do jogo são razoáveis. Nada excepcional, mas suficientemente bons para ninguém reclamar (muito). No geral, The Punisher é um jogo bem divertido, principalmente quando apela para o sadismo. Comece a jogar, imagine a cara daquele seu chefe chato em um dos vilões e divirta-se! Aposto que quando você terminar o jogo vai estar bem mais relaxado.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
the-punisherAno: 2005<br> Gênero: Tiro em terceira pessoa<br> Plataforma: PC, PS2 e Xbox<br> Versao: PC<br> Distribuidor: THQ<br>