Horizon Zero Dawn foi para mim um dos melhores jogos de 2017, senão o melhor. Dos gráficos à jogabilidade, passando pela incrível história de Aloy e pelos mistérios que cercavam aquele mundo dominado por máquinas, tudo me foi bastante aprazível. Por isso mesmo minhas expectativas para a expansão The Frozen Wilds estavam altas. Talvez altas até demais.

Para iniciar a história de The Frozen Wilds, é preciso encontrar um de três personagens localizados em diferentes regiões do mapa. Após falar com um deles, uma missão secundária será aberta, dando passagem à nova área do jogo. Este terreno é chamado de O Corte, e está localizado no extremo norte do mapa.

The Frozen Wilds, Delfos
Aqui.

A região é povoada pelos Banuk, uma tribo que teve pouca participação no jogo original. Como de hábito, a cultura desse povo será bastante trabalhada ao longo das missões, permitindo que o jogador aprenda sobre suas crenças, visões de mundo e estilo de vida.

Algo que me surpreendeu negativamente em The Frozen Wilds foi o fato de que a expansão se passa inteiramente em algum ponto “no meio” da campanha original, e não  depois da conclusão dos eventos principais, como rolou com as expansões de The Witcher 3.

Pois é: The Frozen Wilds é um ínterim, não um epílogo. E a história, mesmo sendo boa, não impacta em nada a trama já contada pelo jogo original. Eu meio que torci o nariz para isso no começo, mas fui relevando. No fim das contas, não fez tanta diferença assim.

PICOLÉS SELVAGENS

A trama de The Frozen Wilds gira em torno de uma premissa bem simplinha: Aloy fica sabendo que novas máquinas estão aparecendo n’O Corte, e viaja até lá para saber o que tá pegando. Ao chegar, ela descobre que os Banuk estão sendo assolados por uma entidade conhecida como Daemon. Aparentemente, o Daemon “ressuscitou” um vulcão adormecido, e lá estabeleceu uma base de onde estão surgindo máquinas mais poderosas e violentas que o normal.

The Frozen Wilds, Delfos
Suicidal tendencies.

Seu objetivo principal será chegar ao vulcão, deter o Daemon e ajudar os Banuk a não serem precocemente extintos. No caminho, você conhecerá diversos vilarejos, fará algumas amizades, enfrentará uma porção de inimigos e desbloqueará poucas, mas boas sidequests. A expansão dura em média 15 horas, mas pode facilmente passar disso, dependendo do nível de dificuldade escolhido.

FALANDO EM DIFICULDADE

Eu havia jogado a campanha de Horizon Zero Dawn no nível Difícil. Achei a dificuldade justa. Não morri muitas vezes, mas cada batalha exigia paciência, estratégia e um pouco de sorte. Quando iniciei The Frozen Wilds, optei por alterar a dificuldade para o penúltimo nível, Muito Difícil. Eu já estava com o traje Tecelã-Escudeira, que absorve os danos e torna Aloy praticamente invulnerável, por isso achei que faria sentido aumentar as apostas.

Você pode imaginar minha surpresa quando percebi que tinha morrido mais vezes nas primeiras duas horas da expansão do que durante toda a campanha principal. Sim, The Frozen Wilds é exigente em alguns momentos, e exponencialmente mais difícil à medida que se aproxima de seu último ato.

The Frozen Wilds, Delfos
Os Pescoções estão de volta!

Porque tenho meus princípios, não baixei a dificuldade em momento algum até a última meia hora de jogo. E porque meus princípios valem menos que o desgaste emocional de jogar a mesma fase 23 mil vezes (eu contei), lá no último chefe encasquetei com o jogo e baixei para o Fácil.

Sim, uma medida drástica. Mas confesso: mesmo assim, não foi muito fácil. Não morri de novo, mas levei uns bons 15 minutos para conseguir empacotar o dito-cujo. Foi uma senhora batalha, da qual tirei muitas screens – que deixei de fora da matéria para não estragar a experiência de quem ainda não tiver jogado. Mas que essa batalha faz jus ao restante da expansão (e mesmo ao jogo original), isso ela faz.

NOVOS INIMIGOS

Na prática mesmo, existem apenas dois tipos novos de máquinas: o Garrafria e o Incinerante. O primeiro se comporta como um urso, enquanto o segundo é uma espécie de tigre com ataques de fogo de longo alcance. Os dois são muito divertidos de se destruir (especialmente o Garrafria) e fazem aparições constantes ao longo da expansão.

The Frozen Wilds, Delfos
E morri.

Também existem as torres, mas nem dá para considerar elas realmente como um inimigo. São construções de metal que regeneram as máquinas ao redor, mas não fazem nada muito além disso. Para vencer os inimigos próximos àquele território, será preciso destruir as torres ou convertê-las com a lança.

No mais, boa parte das máquinas já conhecidas retorna em The Frozen Wilds, mas quase todas estão no modo Demoníaco. Lembra quando eu falei que o Daemon estava criando máquinas ainda mais violentas? Pois é. Os inimigos agora estão mais fortes, agressivos e resistentes que suas contrapartes originais.

Se antes tínhamos os Ardilosos, por exemplo, agora temos os Ardilosos Demoníacos. Pouca coisa muda no design das máquinas. Em suas versões endemonhadas, os inimigos ficam assim:

The Frozen Wilds, Delfos
Com olhos vermelhos e sede de sangue.

PEQUENAS MUDANÇAS

Em The Frozen Wilds, Aloy recebe a habilidade de melhorar os atributos de sua lança através de modificações. Também algumas novas habilidades foram destravadas, mas a maioria delas é meio inútil, como poder recolher itens no chão sem precisar descer da montaria. E também tem umas arminhas novas, que são bem legais, como uma espécie de espingarda elétrica que vai descascando as máquinas a cada disparo.

No geral, The Frozen Wilds apenas repete em menor escala o que a Guerrilla já havia feito no jogo original. Apesar de a expansão se passar quase totalmente em terras geladas, em momento algum fiquei enjoado dos ambientes. São os melhores efeitos de neve que vi desde Rise of The Tomb Raider, e os cenários continuam tão incríveis quanto era de se esperar.

The Frozen Wilds, Delfos
Agora Aloy pode fazer anjinhos na neve.

Se você não curtiu Horizon Zero Dawn, não existe absolutamente nada aqui que o fará mudar suas impressões. Ele é um mais do mesmo muito benfeito, com uma historinha bacana e um nível de dificuldade para lá de desafiador.

Mas se você, assim como eu, gostou da campanha principal e estava precisando de uma desculpa para retomar o combate às máquinas, pode comprar sem medo. The Frozen Wilds é uma experiência mais gratificante que muitos jogos completos por aí, com uma generosa quantidade de ação e um sem-fim de máquinas esperando encontrar a ponta das flechas de Aloy.

REVER GERAL
Nota
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Yohan Barczyszyn
Cumpriu pena no curso de jornalismo e agora tenta se recuperar para fazer algo que preste. Entre a prática da quiromania e a escrita, prefere a primeira, por uma questão de domínio técnico. Multi-instrumentista, utiliza a música apenas para justificar o uso contumaz de entorpecentes.
the-frozen-wilds-e-uma-boa-expansao-mas-nao-surpeendeLançamento: 7 de novembro de 2017<br> Gênero: RPG de ação em mundo aberto<br> Plataforma: PS4<br> Desenvolvedora: Guerrilla Games<br> Editora: Sony<br> Disponível: PS4<br> Analisada: PS4 Pro<br>