Tales From The Borderlands

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Os primeiros jogos da Telltale, quando eles ainda eram mais reminiscentes dos adventures clássicos, seguiam a linha tradicional do humor. Foram os casos do seu Monkey Island, dos Sam & Max e do surpreendentemente divertido Back To The Future.

Porém, quando ela mudou seu estilo e começou a focar nos adventures modernos, o negócio ficou surpreendentemente sério. Suas duas temporadas de The Walking Dead são desesperadoras. Game of Thrones e The Wolf Among Us são também bastante sérias.

Finalmente, com Tales From The Borderlands finalmente nossos amigos da Telltale licenciaram uma franquia bem-humorada, que possibilitava um retorno para a comicidade de seus primeiros jogos.

TALES FROM THE SINOPSE

Como todo adventure, o negócio aqui é mais focado na narrativa do que no gameplay. Você joga com dois personagens. O primeiro deles é Rhys, um ambicioso funcionário da Hyperion que, ao ter sua promoção negada, resolve dar um golpe que pode garantir o resto da sua vida. Ele tem um olho mecânico que permite escanear coisas no cenário para ler descrições engraçadinhas (algumas muito engraçadas).

A segunda personagem jogável é Fiona, uma golpista que está bem no meio de um golpe que pode garantir o resto da sua vida. A diferença do gameplay com ela é que ela pode coletar dinheiro, e ter dinheiro abre mais opções de diálogos, customizações e de caminhos para a história, como na vida real.

O mais legal de tudo é que você acompanha a história conforme os dois protagonistas a contam para um misterioso personagem. Assim, temos a mesma tática narrativa do narrador não confiável usado, por exemplo, no divertidoso Call of Juarez: Gunslinger.

Isso significa que os dois narradores estão constantemente se contradizendo ou contando mentiras para parecerem mais tremendões do que são. Eu adoro essa técnica narrativa, pois gera muitas oportunidades de piadas, e a Telltale mandou muito bem nisso.

TALES FROM THE HUMOR

O jogo é muito engraçado. Não um engraçadinho fofo, como Broken Age, mas de gargalhar alto. É, sem dúvida, o jogo mais engraçado que eu tive o prazer de jogar nos últimos anos.

Ao contrário dos clássicos da Lucasarts que inspiraram os primeiros jogos da Telltale, o humor aqui é menos inocente, mais adulto e mais puxado para o humor negro. Por exemplo, você escaneia um robô e descobre que seu principal medo é descobrir a falta de sentido da vida.

Os robôs, aliás, roubam a cena, em especial o Loader Bot, que aparece em alguns momentos bem específicos, mas que é sempre divertido quando aparece. Sua primeira cena de ação, aliás, lembra até um jogo de ação de verdade, com o jogador mirando e atirando nos bandidos.

Infelizmente, até o momento, o personagem mais marcante da série Borderlands, o divertido robozinho Claptrap, ainda não apareceu. Outros personagens que os fãs devem lembrar aparecem bastante, no entanto. É o caso do popular vilão Handsome Jack ou o divertido Scooter, do Catch-a-Ride. Tem até uma participação especial de alguns protagonistas dos jogos originais, e eles até falam, o que não faziam antes.

TALES FROM THE ENVOLVIMENTO

Com Tales From The Borderlands, a Telltale mostra que é tão habilidosa em fazer adventures modernos bem humorados quanto é para fazer os mais dramáticos. E o humor deste é tão na mosca que o torna sem dúvida o seu trabalho mais divertido até o momento.

Porém, pela própria opção do gênero, é inevitável: você não vai se envolver tanto nesta história quanto provavelmente se envolveu no drama da Clementine em The Walking Dead. Os personagens são legais e divertidos, mas estão na história basicamente para te fazer rir, você não vai se importar tanto com eles quanto nas outras séries recentes da Telltale.

Embora isso seja digno de nota, também acho que não chega a ser um problema. O mundo precisa de comédia, e este é um dos raros casos em que o humor é digno da inteligência do delfonauta. Isso acaba aproximando até mais este jogo dos clássicos adventures da Lucasarts que, embora fossem mais inocentes, também faziam o jogador gargalhar.

Assim, apesar de ser basicamente o mesmo gameplay de coisas como Walking Dead, a sensação de jogar Tales From The Borderlands é bem diferente, mais leve e mais divertida, porém com menos envolvimento. Seja como for, é uma excelente pedida não só para fãs da série Borderlands como para qualquer pessoa que goste de dar umas gostosas gargalhadas.

Nota: esta resenha foi escrita baseada nos três episódios lançados até o momento. A série será concluída no quinto.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
tales-from-the-borderlandsAno: 2014 / 2015<br> Gênero: Adventure moderno<br> Plataforma: PS4, PS3, Xbox One, Xbox 360, Android, iOS, PC e Mac<br> Fabricante: Telltale / Gearbox<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: Telltale / 2K<br>