Estou um tanto decepcionado com os filmes lançados por aqui este ano. É freqüente eu falar com o Corrales sobre como todos os grandes filmes esperados por mim não satisfizeram plenamente minhas expectativas. E como a maioria dos lançamentos mais aguardados já saiu, começava a achar que em 2007 não concederia o cobiçado Selo Delfiano Supremo a nenhum.
Eis que peguei a cabine de Superbad – É Hoje sem saber absolutamente nada do filme e, surpresa, olha só o que está estampando esta resenha! É sempre legal quando você vai assistir alguma coisa sem conhecer nada a respeito e acaba se surpreendendo.
Para quem, como eu até poucas horas, não sabe do que se trata a película, vamos à sinopse: Seth (Jonah Hill) e Evan (Michael Cera, o George-Michael de Arrested Development. Alguém mais assistia essa série?) são melhores amigos, e melhores amigos nerds, do tipo de conversarem usando diálogos cheios de referências Pop e esnobados pelo resto dos estudantes. Faltando três semanas para terminarem o colegial, cada um irá pra uma faculdade diferente. E do nada, os dois impopulares são convidados para uma festa na casa de uma mina. E ainda são encarregados de comprarem as bebidas. E como você sabe, nos EUA só adquire cachaça gente maior de 21 anos e, ainda assim, só apresentando a identidade. Logo, para conseguirem a birita, que supostamente lhes proporcionaria a chance de chegarem juntos às respectivas minas pras quais eles pagam pau, embarcam numa verdadeira jornada épica.
Simples assim. Como se pode ver, o tema é pra lá de batido, mas o que faz toda a diferença é o roteiro sensacional e os atores. Superbad parece um filme do Kevin Smith, com diálogos espertíssimos, com muitas referências à cultura nerd e cheios de palavrões. E 90% deles gira em torno de sexo. A única diferença é que, ao invés dos protagonistas serem jovens de 20 e poucos ou 30 anos, são adolescentes. Ou seja, esse é o filme que Smith faria se tivesse começado a filmar quando estava no colegial.
O roteiro é de Evan Goldberg e Seth Rogen, este último mais conhecido como um dos amigos d’O Virgem de 40 Anos e protagonista do recente Ligeiramente Grávidos. E pelo que parece, a obra é autobiográfica, já que os dois protagonistas têm os mesmos nomes dos escritores e o ator Jonah Hill é praticamente uma versão teen de Rogen, fisicamente falando.
Ah, sim, Rogen também atua aqui, como um dos policiais (o outro é interpretado por Bill Hader) retardados que entram na vida de Fogell (Christopher Mintz-Plasse), o amigo esquisitão de Evan e Seth, dono de uma identidade falsa, o que gera um momento antológico. Essa trama de Fogell e os policiais é uma história paralela, mas chega a ser melhor que a história principal. Não há uma cena em que esses três apareçam que não provoque risadas. E eu garanto: depois de assistir a esse filme, você nunca mais irá ver uma dupla de tiras estadunidenses do mesmo jeito.
E, como já disse, os atores são o ponto alto, todos eles com um ótimo timing cômico e com uma química perfeita, com destaque absoluto para Rogen, e mais ainda para Bill Hader, comediante do Saturday Night Live. Sério, é só olhar pra cara desse sujeito e já dá vontade de rir.
Seth Rogen. Guarde esse nome e fique de olho nele, seja como ator ou roteirista, o cara tem tudo para ser um novo ícone nerd. Superbad é o filme mais engraçado ao qual assisti desde… hum… vejamos… O Balconista 2, e isso já faz quase um ano. Um cruzamento perfeito daqueles filmes da Sessão da Tarde (pela temática) com Kevin Smith (pela linguagem). Se você está aqui no DELFOS, creio que uma combinação dessas lhe interesse. Então está esperando o quê? Já pro cinema, meu!