Quem aí curte jogos de plataforma, grite “presunto” nos comentários. Deu para adivinhar que Super Cloudbuilt é um orgulhoso representante deste gênero clássico dos games?

Pois é, misturando influências dos Sonics em 3D e de títulos um tanto mais sérios, como Mirror’s Edge, o que temos aqui é uma incursão rápida e adrenalística no mundo dos pula-pulas eletrônicos.

PULINHO

Super Cloudbuilt até tem uma história, mas ela é facilmente ignorada caso você só esteja interessado em pular para lá e para cá. Basicamente, você é uma projeção astral de uma soldada que está em coma, e assim ela vai passando entre mundos oníricos e quase abstratos enquanto pensa na vida.

Super Cloudbuilt, Delfos
Então é isso que pessoas em coma fazem enquanto a gente se desespera?

Depois do tutorial, sempre há mais de uma fase a ser visitada e cada uma vencida libera mais uma ou duas. Elas não têm uma ordem pré-estabelecida, mas são classificadas de acordo com a dificuldade, do 1 – moleza, ao 10 – holy fuckin’ papagaio. Prepare-se, pois quando você estiver jogando em uma nível 10, você fará wallruns longos e complexos, misturando seu foguete, pulinhos e tiros de forma igualmente emocionante – quando tudo dá certo – e frustrante – quando não dá. Pensa que 10 é o máximo? Tem algumas fase mais ou menos secreta indentificadas por uma ou duas caveirinhas. Caramba, aquilo é nível Battletoads de dificuldade.

FOGUETINHO

A movimentação é rápida e empolgante, e turbinada especialmente por causa do foguete que a moçoila leva nas costas. Com este foguete, você pode dar pulos duplos (e triplos, e quádruplos) ou fazer wallruns que levam a personagem para cima, e não para baixo, como é tradicional nos games.

Claro, usar o foguete gasta a potência do bichinho, e esta barra, que pode ser vista na parte de baixo da tela, só recarrega quando você está com os pés firmemente plantados no chão – ou quando pega orbes especiais e colocadas estrategicamente pela desenvolvedora.

Em um dos momentos mais difíceis do jogo, você precisa escalar uma parede, enquanto pega todas as orbes (ou seu combustível acaba), desvia de obstáculos indestrutíveis e tiros inimigos enquanto atira no que dá para quebrar. É bem legal.

Super Cloudbuilt, Delfos
Não olhe para baixo.

Lado ruim? As vidas são limitadas. Acabaram, você volta para o hub e deve reiniciar tudo. Você começa com um punhado de vidas, mas o limite delas vai sendo constantemente aumentado. Ao final do jogo, eu tinha mais de 30 vidas, o que pode parecer muito, mas mesmo assim tive que tentar três vezes uma fase específica. E isso não é legal, além de inibir a exploração.

Por exemplo, você pode ver uma plataforma e não ter certeza se consegue alcançá-la. Com vidas infinitas, você tenta, e se morrer, beleza. Do jeito que é, você só arrisca caminhos alternativos se estiver relativamente certo que é possível chegar lá, o que tira um tanto da fantasia de um jogo de plataforma.

ABSTRAÇÃO

O visual do jogo é feito de blocos flutuantes e nada realmente que faça sentido na vida real. Basicamente, é um joguinho quase abstrato, o que deixa difícil saber para onde ir. Você sempre deve subir, mas nem sempre isso é tão simples quanto pode parecer.

Super Cloudbuilt, Delfos
Ok, tem umas arvorezinhas aqui e ali.

Apesar do que pode parecer, o jogo quer que você explore, e não simplesmente saia correndo para cima. Existem colecionáveis que servem para aumentar seu limite de vidas ou ganhar equipamentos. Uma coisa curiosa é que estes colecionáveis estão bugados.

Os equipamentos são dados para quem conseguir pegar as chaves A, B, C e D espalhadas por cada fase. Curiosamente, mesmo pegando as quatro, o jogo parece não reconhecer sua pintudice e não permite o acesso ao armário que deveria abrir no final da missão.

Super Cloudbuilt, Delfos
Repare do lado esquerdo inferior, que todas as letras estão coloridas, mas o jogo só reconhece que uma delas foi coletada.

Isso, somado ao fato que, se você pegar um item e morrer antes de atingir o próximo checkpoint tem que pegar de novo, deixa o jogo menos lúdico e divertido do que ele poderia ser, pois acaba dando a impressão que ele está roubando.

Felizmente, ainda assim ele é muito divertido, especialmente nas fases que focam nos desafios de plataforma, e não nos de ação. Isso porque tem alguns inimigos bem chatinhos por aqui, que ficam quase o tempo todo protegidos por escudos ou então que ressuscitam poucos segundos depois de levar uns pipocos.

Super Cloudbuilt, Delfos
Maldito escudo!

Felizmente, a ação não é o foco aqui, então isso só incomoda em um caminho específico que é mais focado nos robozinhos hostis.

SUPER CLOUDBUILT

Este é um jogo que, ao mesmo tempo que é divertidíssimo, consegue frustrar. No entanto, a emoção que você sente após completar um wallrun difícil e novamente pisar em terra firme é incomparável. Altamente indicado para fãs de jogos como SonicMirror’s EdgePrince of Persia.

Super Cloudbuilt, Delfos
Pulinho!

CURIOSIDADE:

Super Cloudbuilt é uma versão remasterizada e expandida de Cloudbuilt, que saiu em 2014 para PCs.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
super-cloudbuilt-o-mirrors-edge-indieDisponível: PS4, PC e Xbox One<br> Analisado: PS4<br> Desenvolvedora: Coilworks<br> Editora: Double Eleven<br> Lançamento: 25 de julho de 2017<br> Gênero: Pulinhos e wall-runs<br>