Submerged

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Quanto mais o tempo passa, mais eu me interesso por jogos sem combate. Sei lá, sabe? Esses jogos são mais adultos e eu já não sou mais um moleque. Claro, ainda gosto de games de porrada, assim como ainda gosto de heavy metal, mas a idade abre nossa cabeça para novos gêneros e novas experiências. Submerged é uma delas.

Submerged foi desenvolvido pela Uppercut Games, estúdio formado por uma galerinha que trabalhou no excelentíssimo Bioshock. Trata-se de um jogo sem nenhum tipo de combate, que conta uma história mais pessoal e feito para nos fazer sentir emoções, bicho. Sabe aquela história de games como arte? Então, Submerged.

O jogo começa com uma garota carregando um menino. Eles são irmãos e o pivete está seriamente machucado. Você deixa ele em uma caminha improvisada e vai explorar os arredores de barco em busca de suprimentos. É um mundo aberto relativamente pequeno e repleto de colecionáveis. Basicamente, o que você faz no jogo é navegar, escalar, admirar os cenários e pegar coisinhas.

As coisinhas principais que você tem que pegar são os suprimentos, que estão no topo de 10 dos prédios mais altos da área. Você deve descobrir onde estão e achar o ponto que permite começar a subida. A partir daí, é explorar o prédio, com uma mecânica de escalada que lembra bastante jogos como Uncharted e Enslaved.

Cada um desses prédios é uma “fase” em si, e podem ser encarados em qualquer ordem ou conforme você os encontrar. Particularmente, eu gosto muito de escalar coisas e ficar admirando os cenários. São os melhores momentos de Uncharted para mim, e Submerged faz isso muito bem.

Além disso, os gráficos, embora não sejam tecnicamente impressionantes, são artisticamente bonitos, com cores bem vivas. A trilha sonora também é excelente, com faixas levadas basicamente ao piano que dão ao gameplay um tom bastante emocional. A combinação de imagem e sons torna explorar o mundo um prazer.

O tom lembra algo entre The Vanishing of Ethan Carter e Shadow of the Colossus. Este último, em especial, foi claramente uma influência, a julgar pelo design dos personagens e por eles falarem uma língua fictícia criada para o jogo.

No entanto, no geral, falta um pouco de polimento. O controle da garota não está exatamente “certo”. Isso e suas influências fortes dos jogos do Team Ico tornaram a experiência de jogar Submerged bem semelhante à do jogo brasileiro Toren.

Embora eu tenha curtido cada minuto das 10 “fases” propriamente ditas, quando estava apenas navegando em busca de colecionáveis, admito que nem a bela música e o visual agradável tornaram o jogo especialmente divertido. Quando me toquei, estava fazendo isso no piloto automático, praticamente sem prestar atenção no jogo e sem imersão alguma. Temos aqui um jogo curto, que tenta aumentar sua duração enchendo de colecionáveis, o que, ao invés de melhorar o jogo, acaba piorando.

Isso não significa que não tive bons momentos enquanto navegava. Existem “pontos turísticos” a serem descobertos e oito criaturas especiais que aparecem de vez em quando. Foi muito bonitinho quando eu me toquei que tinha algo parecido com um golfinho acompanhando meu barco.

Eu peguei todos os suprimentos da história, todos os 60 segredos, todas as criaturas, com exceção de uma e boa parte dos upgrades do barco em apenas duas noites. Se não fossem os colecionáveis, provavelmente teria terminado em uma sentada, mas teria sido algo mais especial, pois não teria tanto tempo de “nada” no meio da parte boa. Journey vem à mente como um exemplo disso.

A parte boa é realmente boa. Se você gosta de escalar coisas no Uncharted e jogos como Journey te apetecem, Submerged é uma boa pedida. Ainda assim, pela quantidade de conteúdo e falta de polimento, acaba forçando um pouco a amizade ele custar 20 dólares. Sim, eu recomendo que você o jogue, mas também recomendo esperar uma promoção bacana para comprar.

ATUALIZADA: Uma continuação intitulada Submerged: Hidden Depths foi lançada em 2022. Este artigo se refere ao jogo original, de 2015.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
submergedAno: 2015<br> Gênero: Exploração / Turismo Virtual / Escalada<br> Plataforma: PS4, Xbox One e PC<br> Fabricante: Uppercut Games<br> Versao: PS4<br>