Stranglehold

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Primeiro foram os atores, e agora parece ter chegado a vez dos diretores de cinema exercerem sua arte nos nossos queridos jogos eletrônicos. Stranglehold traz o aval de John Woo, diretor de cinema conhecido por seus filmes recheados de ação e efeitos visuais, como O Monge à Prova de Balas, A Outra Face e Missão Impossível 2 . Quando vi o trailer de Stranglehold, sabia que era o meu tipo de jogo. Ação, tiros, efeitos especiais e muitos, mas muitos corpos. Decidi então experimentar a ação frenética prometida por Woo, e fui jogar o dito cujo. Stranglehold é a continuação de outro filme de Woo, Hard Boiled estrelado por Chow Yun Fat.

Na pele do Inspetor “Tequila” Yuen (Chow Yun Fat), você deve investigar o rapto de um policial. Após descobrir que o policial raptado já “apresuntou”, Tequila decide ir atrás dos raptores, que por sua vez decidem raptar a família do inspetor e usá-la para dissuadi-lo de continuar sua caçada. Mas sendo um policial linha dura, ele decide fazer o quê? Adivinhe! Justiça com as próprias mãos, é claro.

Como todo jogo next-gen que se preze, Stranglehold traz gráficos bem detalhados e ótimas texturas, tanto nos cenários quanto nos personagens. Apesar de ser um jogo bonito, devo confessar que já vi gráficos melhores. A música e os efeitos sonoros do jogo são competentes; principalmente no que diz respeito à ênfase nas cenas de ação e ao fim das mesmas.

A jogabilidade é o ponto de alto de Stranglehold. Os movimentos de Tequila, acompanhados da interatividade com o cenário, foram os grandes trunfos de Woo. E foi justamente nos cenários que os designers foram realmente felizes. Todo o esquema de localização de colunas, mesas, cadeiras e escadas foi elaborado tendo em vista a ação ininterrupta. Tudo pode ser destruído ou usado como cobertura. A única coisa que pode de fato atrapalhar a ação é a exagerada sensibilidade da mira. Quando comecei a jogar, o meu maior desafio era simplesmente acertar nos inimigos. É realmente frustrante estar no meio de uma chuva de balas e, ao invés de acertar os malfeitores, você acabar por assassinar todas as melancias da banca de frutas do Sr. Myagi. Dominar o esquema da mira pode levar um certo tempo, mas obviamente, isto deve-se ao fato de você ter que usar o mouse como mira, e acredito que nas versão para console este problema seja menos acentuado.

Além do vasto arsenal disponível para acabar com os inimigos, como metralhadoras, pistolas e lança-foguetes, Stranglehold traz o já manjado bullet-time, sob o nome de Tequila Time. Quando este poder é utilizado, tudo fica em câmera lenta, e você fica livre para acertar nos inimigos da maneira mais eficiente. A interatividade com os cenários, mais os malabarismos que Tequila faz, unidos ao Tequila Time, formam o esquema básico de jogo de Stranglehold. É realmente muito divertido descer uma escada pelo corrimão enquanto atira, depois pular em um carrinho de cozinha, ir deslizando pelo cenário e então pular para trás de uma coluna, tudo isso em câmera lenta e sem parar de atirar nos safados da máfia.

Tequila também possui quatro ataques especiais, que vão sendo destravados ao longo da primeira e da segunda fase. Uma barra do lado direito vai enchendo à medida que você vai matando e, quanto mais cheia, mais forte é o ataque. O primeiro recupera um pouco de energia e o segundo lhe dá a opção de atirar em algum ponto especifico do cenário como, um botijão de gás, por exemplo, ou então meter uma bala no meio dos olhos de um sniper mal intencionado. No terceiro, durante um tempo limitado, sua munição fica infinita e Tequila não toma dano nenhum. E no quarto especial, uma animação mostra Tequila atirando em círculos e acertando meticulosamente cada um dos indivíduos do cenário; muito útil para ficar vivo quando a quantidade de inimigos na tela for maior que a de balas voando.

Depois de acabar com a escória da tríade chinesa, da máfia russa, resgatar minha família, matar 1097 bandidos e receber um lastimável rank “E”, decidi me aventurar pelo modo multiplayer. Criei meu login e fui procurar uma sala para jogar que, para minha surpresa, estava completamente vazia. Não existia um único indivíduo, em todo o globo terrestre jogando Stranglehold on line. Ninguém, nem em Nova Iorque, nem em Botsuana, nem no Nepal. Talvez tenham ficado com medo de mim e do meu rank “E”. Só pode ser isso.

Frustrado com o multiplayer e com muitos style points para gastar, decidi ir até o Unlock Shop e ver o que eu podia comprar. Para minha surpresa, sou recepcionado por John Woo em pessoa, que pede pra eu ficar à vontade e ver o que quero. Tudo bem então. Compro alguns esboços de personagens e cenários (acho que só eu compro essas coisas) e vou até o item Characters. Existem muitos personagens destraváveis, mas, pasmem, só servem para o modo Multiplayer. Mas não tem ninguém online para jogar comigo, o que eu vou fazer com esses personagens? John Woo não quis me responder.

Fiquei me sentindo traído. Poxa, não tem nenhuma roupa extra, nenhuma arma infinita, nem vida infinita, nem Tequila Time infinito. Ao fim de Stranglehold, eu recebi um grande e infinito nada. Não acredito que os idealizadores e criadores do jogo não pensaram nos extras destraváveis. Até a minha avó sabe que isto é um grande trunfo para aumentar a vida útil do jogo. Se eu terminei o Resident Evil 4 pra PS2, umas dez vezes, foi justamente por causa da grande quantidade de extras que o jogo possuía. Com certeza Stranglehold perdeu meio Alfredinho nesta história.

Deixando de lado o multiplayer inexistente e o Unlock Shop sacana, Stranglehold é um jogo muito bom. Simples, curto (dá pra salvar em umas oito horas) e divertido, como na época dos 16-bits. A influência de John Woo nas seqüências de ação é clara. Impregnar o estilo do diretor foi uma escolha bem acertada, além de ser uma grande sacada publicitária. Os poucos defeitos são grandes o suficientes para afastar alguns jogadores, principalmente os ávidos por partidas online (apesar de que não ter ninguém online não é necessariamente um defeito do jogo). Stranglehold pede por uma máquina poderosa de pelos menos 2 GHz de memória para rodar com todos os detalhes e manter a ação fluida. Se você dispõe de tal aparato, recomendo o dito-cujo. Sem dúvida você vai passar bons momentos se sentindo um astro dos filmes Testosterona Total.

PS: Quer comprar esse jogo? O Corrales está vendendo sua versão especial, que traz um DVD bônus. O jogo está tinindo e com cheiro de novo e é a versão de Xbox 360. Além desse, tem vários outros disponíveis e, se você levar vários, dá para dar descontões camaradas. Quem tiver interesse, escreva para carlos@delfos.jor.br.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
strangleholdAno: 2007<br> Gênero: Ação<br> Plataforma: Xbox 360, Playstation 3 e PC<br> Fabricante: Midway <br> Versao: PC<br> Distribuidor: Midway <br>