Eu estou um tantinho saturado de RPGs. Até uns anos atrás, eu fugia do gênero como o Cascão (não o Pedro, o outro, mais famoso) foge de água. Porém, ultimamente abri minha mente e comecei a jogar vários – e gostei muito de alguns.
Ainda assim, nos últimos anos a indústria de games parece estar produzindo RPGs quase exclusivamente. Stories: The Path of Destinies, chega sendo divulgado como um RPG de ação, mas eu me surpreendi positivamente ao constatar que suas características de RPG são bem leves – basicamente upgrades, o que existe em muitos jogos de ação mais pura. Com isso, me diverti bastante nas horas que passei com ele. Temos aqui um joguinho bastante simpático e cheio de cores vivas, coisa rara hoje em dia.
OS CAMINHOS DO DESTINO
Isso não deve ser uma grande surpresa para ninguém, mas Stories é focado na história. Você é uma raposa chamada Reynardo, um herói lutando pela rebelião contra o império malvado. Para complicar, a principal general do império é a gata Zenobia, uma antiga namoradinha pela qual você ainda tem sentimentos.
A visão é isométrica, o que me agrada bastante, e as fases são belíssimas e basicamente lineares. Há alguns caminhos opcionais que levam para baús com itens que você pode usar para fazer upgrades nas suas espadas, mas não é um jogo que deixa o jogador perdido.
Depois de cada uma das fases, você terá que tomar uma decisão, que vai afetar o rumo da história e sua próxima missão. Tudo isso é narrado por um sujeito bastante simpático, que faz as vozes de todos os personagens e faz um monte de piadinhas e referências. O narrador é responsável por boa parte do charme e da diversão do jogo.
Então lá está você, todo pimpão, tomando decisões para vencer o império quando, de repente, bum!
VOCÊ MORREU!
Mas apesar de suas decisões terem levado à sua morte, você aprendeu alguma coisa. É hora de tentar de novo, com decisões diferentes. Este é o mote de Stories. Você precisa jogá-lo até o fim muitas vezes para ver seu final feliz. Ele é rapidinho, dá para chegar ao fim em menos de uma hora, mas não dá para negar que essa repetição enfraquece o jogo.
Nas duas primeiras vezes que você repete a história, até que a coisa rola bem. Afinal, você está seguindo por caminhos diferentes, explorando novas fases com novos cenários. Porém, não demora para você ter todas as espadas no nível máximo, o que torna inútil explorar os caminhos opcionais.
Os upgrades do personagem, que afetam o combate, por outro lado, vão custando cada vez mais caro e você vai demorar bastante para upar tudo. Chega uma hora que uma história completa não rende um upgrade sequer.
Se você tiver sorte, em cada uma das suas playthroughs, vai aprender algo. São quatro verdades até poder enfim tomar as decisões certas que vão levar à vitória.
O narrador mais uma vez rouba a cena, pois mesmo quando você está jogando fases que já jogou repetidas vezes, ele usa as coisas que você aprendeu e suas decisões passadas para narrar a história de forma diferente. Verdade, em alguns momentos ele chega a se repetir, mas ele é suficientemente variado que mesmo após sete jogadas, eu ainda estava ouvindo histórias diferentes.
GAMEPLAY
Stories é bem simples. Ele usa poucos botões do controle, mas mesmo assim sua jogabilidade é bem divertida. Seu combate focado em ataque e contra-ataque lembra os jogos do Batman.
Curiosamente, eles não optaram pelo controle popularizado pelo morcegão, de quadrado ataca e triângulo contra-ataca. Aqui você ataca com quadrado, mas o contra-ataque deve ser feito virando o personagem para a direção de onde está vindo o ataque e apertando o quadrado ao mesmo tempo. Leva um tempo para se acostumar, mas logo você estará elencando combos enormes e fazendo miséria com os desafetos.
Ao longo da sua jogatina, você vai criar quatro espadas diferentes, cada uma com poderes específicos, como cura, fogo ou gelo. A de gelo é especialmente útil. Congele um inimigo e bata de novo, destruindo-o imediatamente. Ideal para aqueles desafetos mais chatinhos que levam um tempo para bater as botas.
Embora ele não tenha muitas fases e não demore para jogar todas elas, Stories tenta inserir um pouco de emoção mixando os inimigos e ficando mais difícil a cada nova playthrough. Assim, você sempre sabe quando vai rolar luta, mas nunca sabe exatamente contra quem vai lutar. Ajuda a estender um pouco, mas como você sempre vai passar pelos mesmos cenários (a última fase, em especial, é sempre a mesma, não importando suas decisões) não dá para evitar um certo desgaste.
HISTÓRIAS
Durante minhas primeiras três jogadas, quando ainda estava explorando fases novas, eu realmente gostei de Stories. Porém, quando estava perto de finalmente alcançar o final feliz, admito que já estava desgastado, correndo pelas fases para chegar ao fim o mais rápido possível.
Talvez seja aqui que ele tenha um quê de RPG. Se em jogos como Destiny ou The Division, você repete as mesmas missões em busca de loots melhores, aqui você faz isso para ver novas histórias.
Dessa forma, Stories tenta fazer algo diferente, mas talvez isso funcionasse melhor se ele tivesse fases suficientes para você estar sempre jogando algo novo. Do jeito que é, temos um joguinho muito divertido, mas que inevitavelmente vai enjoar antes de chegar ao final real da história. Vale a pena, mas você vai precisar de muita paciência para ver todos os mais de vinte finais presentes aqui. Eu vi uns sete ou oito e admito que já foi mais do que o suficiente.