Stardust – O Mistério da Estrela

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O Neil Gaiman é a ponta mágica do triângulo de grandes autores nerds completados pelo testosterônico Frank Miller e pelo ideológico Alan Moore. Além disso, Gaiman é uma das grandes vergonhas do meu currículo nerd, pois admito que ainda não tive oportunidade de ler nada dele. Sim, eu sei que dizer isso em um site como o DELFOS vai afetar minha credibilidade nerdística, mas também acredito que falar a verdade é muito mais importante do que qualquer outra coisa, certo? De qualquer forma, isso é uma falha que vou corrigir assim que tiver a oportunidade de ler alguma coisa do cara. Há poucos anos, por exemplo, eu ainda não tinha lido nada do Frank nem do Alan. 😉

E por que eu falei tudo isso? Ora, se o amigo delfonauta é suficientemente lerdo para não ter deduzido, Stardust – O Mistério da Estrela é baseado em um gibi de Gaiman que, por sua vez, já virou até livro. Agora tanto o indeciso título nacional (que não sabia se traduzia ou se mantinha a palavra original) quanto a frase do pôster não são confiáveis para você saber do que se trata. Para começar, não tem mistério nenhum no filme inteiro. Desde o início você sabe exatamente tudo que está acontecendo, sem reviravoltas ou surpresas. Por outro lado, não tem nada de “conto de fadas mal comportado”. Ora, ele é até bem comportadinho e deveras fofo. Para ajudá-lo a entender melhor, vamos à onipresente sinopse.

Tristan (Charlie Cox) é um moleque apaixonado pela totosa da sua vila (Sienna Miller). Um dia, quando aplicava seu charme de cafajeste desastrado para tentar conquistar o coração da mina, ambos vêem uma estrela cadente. Pronto, como bom apaixonado sem noção, ele promete a ela um pedaço dessa estrela. E lá vai ele em sua jornada épica para tentar pegar a gatinha.

Assim, o guri vai até o mundo mágico de Stormhold e, chegando lá, descobre que a tal estrela na verdade é uma moça chamada Yvaine (Claire Danes). Pois é, delfonauta. Todas as estrelas que você vê da janela da sua casa são mulheres e elas brilham quando estão felizes. Só que, se elas caírem no mundo real, assumem a forma de pedras e morrem – ou seja, só conseguem mostrar sua verdadeira forma no mundo mágico. Enquanto ele leva a estrelinha para a dona do seu coração, ele acaba se apaixonando por ela (pela Yvaine) e vice-versa.

Enquanto isso, a pobre estrela está sendo perseguida por todos os lados: a bruxa interpretada por Michelle Pfeiffer quer comer seu coração para adquirir a vida eterna. Já os filhos do rei de Stormhold competem pelo colar que ela carrega, pois aquele que conseguir pegá-lo será o sucessor do trono.

Ufa, três parágrafos depois, terminamos a sinopse, que além de onipresente, neste texto ficou bem onipotente. E acredite, ainda assim, você não tem uma noção exata de qual é a do filme. Mas é para isso que estamos aqui. A princípio, parece uma história tradicional de fantasia, certo? Não é. Logo no início, o humor afiado e constante o separa de um Senhor dos Anéis da vida. Só que algo ainda estava errado. Primeiro, pensei que era a mistura de fantasia e comédia que não funcionava muito bem, mas lá pela metade da projeção, saquei qual era o problema. Este não é um filme de fantasia, mas uma comédia romântica que por acaso acontece num mundo mágico.

Quando percebi isso, finalmente pude assisti-lo e avaliá-lo pelo que realmente era e só então comecei a gostar dele. É errado assistir a Stardust esperando explosões ou batalhas épicas cheias de computação gráfica e monstros feios. Aqui temos algo mais intimista, mais fofinho.

A ação só dá as caras no clímax e, mesmo assim, de forma bem sutil, que definitivamente não pode ser chamada de épica. Agora o humor, esse é constante. E dá até para afirmarmos que este é um dos filmes mais engraçados do ano. A pequena participação de Robert De Niro como o maligno pirata Capitão Shakespeare, em especial, é extremamente divertida e me pegou completamente de surpresa. Os sete filhos do rei, que competem pelo trono, chamados Primus, Secundus, Tertius e assim por diante também são muito divertidos. Em especial depois que morrem, ressurgem como fantasmas e mantêm exatamente a mesma aparência que estavam no momento do óbito.

Não posso deixar de falar também: a tal historinha das estrelas que brilham quando estão felizes é muito fofa. Parece o tipo de coisa que se conta para crianças para explicar porque o céu nem sempre tem estrelas. E ainda me lembrou da minha própria infância, de um outro visitante do espaço cujo coração, quando ficava feliz, também brilhava. Tenho certeza que você sabe de quem falo.

Se como um filme de fantasia, Stardust é fraquinho, como uma comédia romântica, é muito bom. O mais legal é que pode ser um meio termo entre os filmes que você quer ver e os que a sua namorada quer ver. Afinal, aqui tem tudo que ela gosta e tudo que você gosta. E, se bobear, você ainda consegue instruí-la no maravilhoso mundo dos quadrinhos dizendo que foi baseado num gibi do Neil Gaiman.

Curiosidades:

– O diretor Matthew Vaughn também vai comandar mais um filme nerd: a adaptação cinematográfica de Thor.

– Novamente a UIP sorteou brindes nessa cabine. E veja só, dessa vez eu ganhei pela primeira vez, para os protestos de um cara que tinha trocado o meu número por outro antes de eu chegar. O brinde até é legal, trata-se de uma caixinha com mapas e desenhos do mundo do filme, mas eu ainda mantenho a minha opinião de que é melhor não dar para ninguém do que só para alguns. Sem falar que eu preferia ter ganhado o tradicional Presskit com um CD de imagens para que eu não precisasse escanear o pôster físico para colocar aqui.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
stardust-o-misterio-da-estrelaPaís: EUA<br> Ano: 2007<br> Gênero: Comédia Romântica<br> Roteiro: Jane Goldman<br> Produtor: Lorenzo di Bonaventura, Michael Dreyer e Neil Gaiman<br> Diretor: Matthew Vaughn<br>