Sonhos Roubados

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Pesquisa delfiana: algum delfonauta que acessa este site (ou seja, estão excluídos os delfonautas que NÃO acessam, ok? =D) já entrou em uma favela? E não vale por motivos profissionais, tipo caso você seja um assistente social que trabalhe lá. Pergunto isso porque tenho 90% de certeza que mais de 90% dos meus queridos leitores nunca sequer chegou perto de uma. E, se esse é o Brasil e nós somos brasileiros, ela deveria fazer parte do nosso cotidiano, né?

A real é que a favela não faz parte da vida de quem faz cinema nem de quem o frequenta. O interesse dessa turminha no tema é mais ou menos como o nosso na Terra-Média ou nas mitologias gregas, nórdicas e afins. Não tem nada a ver com nossa realidade, mas a gente gosta mesmo assim. E, assim como os filmes de fantasia, esses de favela também já cansaram. Dessa forma, admito que me identifico mais com Odin, Adolf Hitler e Jesus Cristo do que com as três moças que protagonizam este Sonhos Roubados. E isso me lembra de uma piada…

Odin, Hitler e Jesus entram num bar…

Mas vamos lá. As três moças bonitas aí do lado têm um cotidiano interessante. Elas são pobres, mas compensam isso com muito sexo. Passam boa parte do filme fazendo programas e, nas horas livres, tentam arranjar outros caras para desfrutar da gloriosa manifestação física do amor.

Cada uma delas tem um drama diferente. Uma tem uma filhota, outra quer chamar a atenção do pai e a outra acaba se apaixonando por um sujeito com grana (para os padrões da favela, claro – o sujeito não é um Roberto Marinho).

E sabe de uma coisa? O negócio é bom. As atuações são excelentes e a direção idem. Os personagens são bem construídos e você começa a se importar com eles, embora em nenhum momento role qualquer tipo de identificação. Na verdade, depois de um tempo de projeção, estava convencido de que o único problema de Sonhos Roubados era a escolha do tema, que está mais batido do que o Martini do James Bond. Isso faz com que a sensação de assistir seja semelhante à causada por um bom oscarizável, que, embora ainda trate de nazistas X judeus e portanto seja desprovido de qualquer traço de criatividade, pelo menos faz isso bem.

E, de fato, até terminar o filme, não tinha nada de ruim a dizer, com exceção da escolha do tema. Mas aí ele terminou. E eu arranjei mais coisas. O filme termina do nada, sem ter final. Será que o monte de patrocínios dos logos que abrem o filme acabou e não deu para filmar tudo? Ou será que o roteirista se demitiu antes de acabar de escrever?

Seja o que for que tenha acontecido, esse final acaba prejudicando bastante o filme. Já pensou se eu decidisse que estava cansado de escrever essa resenha, e do nada, sem mais nem menos, simplesm