Skullgirls é um jogo com uma história bem complicada. Originalmente lançado em 2012, este jogo de luta old-school rapidamente se tornou cult, angariando muitos elogios pela beleza dos seus gráficos, por suas músicas empolgantes e por uma jogabilidade que remetia diretamente aos clássicos de luta dos anos 90.
Porém, sua editora original, Autumn Games, foi processada por causa de uma outra franquia, Def Jam Rapstar, o que acabou cortando o financiamento de todo o novo conteúdo que estava planejado para o jogo e levou ao fim do relacionamento da Autumn com a Konami.
A Konami, por sua vez, como sempre, exerceu seu direito de bullying e exigiu que Skullgirls fosse retirado da Xbox Live e da PSN. Pois é, e você achava que o que eles fizeram recentemente com P.T. e hoje tirando o nome do Hideo Kojima da capa de Metal Gear V tinham sido babaquices sem precedentes.
Felizmente, a desenvolvedora Reverge Labs, agora com o nome de Lab Zero Games, conseguiu relançar o jogo com alguns mimos e com um novo nome, Skullgirls Encore, que podia ser baixada gratuitamente por quem já tinha comprado a versão anterior. E agora, ele chega ao PS4 e ao PS Vita com ainda mais mimos em sua terceira edição, chamada Skullgirls 2nd Encore. Hoje nós vamos falar sobre o que essa versão inclui, e dar uma pincelada geral no jogo em si.
UMA PINCELADA GERAL
Skullgirls é um jogo de luta claramente feito por pessoas que, como eu, passaram os anos 90 jogando muito Street Fighter. É até engraçado que, no tutorial, ele explica coisas básicas dos jogos de luta que a maioria de nós já sabe, ainda que não verbalmente. É curioso ver textos falando sobre coisas como o tempo de recuperação de golpe ou da defesa, mas é legal pois permite que aqueles que não viveram os anos 90 aprendam os anais do estilo mais rapidamente do que nós que aprendemos na marra.
Ele mistura também basicamente tudo que foi feito ao longo da rica história dos jogos de luta. Assim como em King Of Fighters e, posteriormente, Marvel Vs. Capcom, é possível formar times de até três personagens e trocar entre eles livremente durante a porradaria. Caso você não goste disso, pode escolher jogar apenas com um único personagem super-poderoso ou com dois personagens poderosos. Caso escolha três, a energia deles será de tamanho normal.
Tem também pulos duplos, super pulos e até uma coisa que eu sempre achei bem chata nesses jogos: os personagens andam tão lentamente que vale mais a pena se locomover pulando. E, claro, tem também o equivalente aos Super Combos, golpes especiais que usam uma barra de energia à parte e tiram muito do life adversário.
O visual, totalmente 2D, com sprites desenhados à mão, é lindíssimo e o design dos personagens e suas animações são caprichadíssimas. Ok, talvez algumas pessoas se incomodem com o teor e as poses altamente sexuais das personagens (quase todas femininas), mas se você acha isso legal ou não se importa, é praticamente impossível colocar defeitos no visual quase hentai do negócio. As brincadeiras sexuais são feitas até em outros aspectos. Um combo de 18 golpes, por exemplo, recebe o adjetivo “barely legal”.
Por ser totalmente desenhado e ter muito senso de humor e personalidade, o visual do jogo me lembrou bastante Darkstalkers. A música também é caprichada, e lembra bastante aqueles clássicos que a gente curtia no Street Fighter (lembra da música do Guile? Era minha preferida!).
A influência dos jogos da Capcom é tanta que copiaram até o jeitão do último chefe, que não é afetada pelos seus golpes, mais ou menos como era o Apocalipse em Marvel Vs. Capcom. Eu acho esse tipo de luta muito chato, prefiro um personagem mais tradicional para encerrar a história (como o M. Bison, por exemplo), mas se você gosta, regozije-se.
Você pode jogar no modo Arcade tradicional (escolha seu time, lute contra os restantes, vença o chefe), ou então cada personagem tem também o modo história, onde entre as lutas você pode assistir a uns desenhos estáticos desenvolvendo o seu personagem. A história de quase todos eles termina na Marie, a Skullgirl e a tal chefe pentelha.
CONTEÚDO A DAR COM RODO
Skullgirls 2nd Encore traz todo o conteúdo previamente lançado. Ou seja, inclui as oito personagens originais, os cinco lançados via DLC e até a Fukua, originalmente lançada como uma brincadeira de primeiro de abril.
O conteúdo novo inclui um modo história totalmente dublado por atores famosos dos animês e vários novos modos de jogo.
Challenges, como o nome deixa claro, são desafios específicos. Coisas como vença uma luta sem pular. Trials é praticamente um tutorial de combos, essencial para os jogadores mais hardcore. Survival, o mais legal, te coloca contra oponentes ilimitados para ver quanto tempo você dura. E é bem difícil, eu ganhei apenas três lutas, e com bastante dificuldade.
Uma coisa legal é que você pode jogar online com pessoas que estejam jogando em qualquer console Playstation. Ou seja, se um amigo seu tem o Skullgirls original no PS3, vocês podem tirar um contra com a sua versão chique e brilhosa do PS4 normalmente.
MINAS-CAVEIRA
Jogos de luta são para um público bem específico. Eles exigem muita dedicação do jogador para que ele de fato aprenda a jogar com vários personagens. Em jogos como Street Fighter ou Mortal Kombat, quem viveu os anos 90 provavelmente já sabe jogar com boa parte dos personagens, então a coisa é mais fácil.
Assim como Castle Crashers, que fez sucesso entre o povo que curtia beat’em ups antigos como Streets of Rage, Skullgirls preenche muito bem aquele requisito de pessoas que gostavam muito dos jogos de luta clássicos e estão a fim de se dedicar novamente a um jogo novo. Se é o seu caso, Skullgirls é imperdível e 2nd Encore é sua melhor versão.