Um bom tempo atrás, quando o Nintendo DS era o principal portátil da Nintendo, eu joguei meu primeiro jogo do mascote Kirby. Trata-se de Kirby: Canvas Curse, um joguinho deveras divertido no qual você deve ir desenhando na tela para impedir que a bolinha rosa se machuque. Na época gostei muito do jogo, pois ele se aproveitava de uma funcionalidade então única do DS – a touch screen – para criar algo totalmente novo. Rolling Bob, jogo de estreia da Moon Factory Studios tem bastante influência de Canvas Curse. E isso é ótimo.
Seu personagem (uma folha de alface americana para quem adivinhar o nome dele) anda sozinho, mas você tem algum controle sobre ele. Pode acelerar ou parar totalmente, por exemplo. No entanto, a sua principal habilidade é a de fazer linhas na tela. Bob anda pelas linhas e com isso você consegue atingir lugares altos para pegar itens apetitosos e, ainda mais importante, evitar perigos. Tem um lança-chamas na parede? Ora, desenhe uma linha na frente dele e passe por baixo enquanto faz cara de mal. Tem um precipício sem fim na sua frente? Faça seu próprio chão em cima dele.
Um ponto que merece ser explicado é quão diferente é o controle por aqui. O cursor, que fica o tempo todo na tela, é controlado com movimentos do Dualshock. Segure o X e você vai riscar onde estiver o cursor. Não é o primeiro jogo que vejo ser controlado desta forma. Blue Estate, por exemplo, é um on-rails shooter no qual seus movimentos controlam a mira. A sensação em ambos é bem semelhante, tirando o fato de que em um você desenha, e em outro atira, mas basicamente ambos transformam o Dualshock em um mouse.
Isso chamou minha atenção. Penso que Rolling Bob ficaria muito legal se controlado por um ou dois PS Moves, e é estranho que não tenham investido neste caminho. Afinal, com o Move você teria uma maior sensação de estar desenhando na tela.
Apesar disso, os controles funcionam muito bem. Minha única picuinha é que a tela se mexe para cima e para baixo conforme o personagem se movimenta, o que torna desenhar mais difícil do que deveria quando o design exige que você suba e desça várias vezes em uma tacada só. Isso faz com que você acabe parando totalmente o Bob enquanto desenha, o que deixa o jogo menos dinâmico do que deveria ser.
ROLLING DOWN THE RIVER
O jogo é até mais longo do que você pode pensar, com 30 fases que levam de 10 a 40 minutos cada. Elas começam curtas, mas conforme você vai avançando, crescem consideravelmente, e devo dizer que tira um pouco do apelo do jogo quando você começa a ficar 40 minutos em uma única fase, pois exige que você pense bem antes de começar se vai ter tempo para terminá-la. Elas também ficam bem difíceis no decorrer da campanha.
Há apenas três mundos, com 10 fases em cada um, então não espere uma grande variação de cenários. Felizmente, o gamedesign é excelente, com poucos momentos de monotonia. Os checkpoints são um pouco irregulares, no entanto. Você pode encontrar um depois de um desafio simples, e depois ser obrigado a passar por uma dezena de momentos perigosos antes do próximo.
Cada mundo termina com um chefe, que faz bom uso dos elementos que tornam Rolling Bob único, embora eu diria que essas batalhas são um tanto longas demais. O timing bem planejado faz com que você sempre esteja encontrando novidades. Pode ser novos desafios, inimigos ou novos poderes, e isso é bem legal. No final do jogo, você estará andando pelos tetos, se teleportando e muito mais.
Rolling Bob não é um jogo especialmente ambicioso, mas é simpático e bem divertidinho. O visual é bacana, os controles são ótimos e o gamedesign exala maestria. É um excelente começo para a Moon Factory Studios e eu gostaria muito de ver o que eles seriam capazes de fazer com um orçamento mais bombado.