Rinha – O Filme é uma mistureba maluca. Sente só: a produção e os atores são brasileiros, a história se passa no país, mas o título original é em espanhol e 95% do filme é falado em inglês. Bizarro, não?
À primeira vista ele até pode lembrar algo parecido com Clube da Luta, mas essa impressão desaparece logo após se conferir a sinopse. A trama mostra um grupo de playboys que organiza festas regadas a muitas drogas, mulheres, e o prato principal: lutas ilegais, nas quais os frequentadores apostam altas somas.
Viu só como já acabaram as diferenças? Em Clube da Luta eram as pessoas comuns que se espancavam de graça com o intuito de reencontrar seu lugar no mundo moderno. Aqui, são aspirantes a lutadores de MMA que se enfrentam para deleite (e lucro) de riquinhos entediados. A intenção deste filme é puro entretenimento, e não levar à reflexão.
A narrativa mostra não apenas as lutas, mas também se foca em vários personagens e no que acontece no antes, durante e depois dos combates. Como todo filme com múltiplos personagens, algumas subtramas são inevitavelmente melhores que outras. Aqui, ainda por cima, há um excesso de gente, o que deixa alguns momentos confusos.
As atuações em si são irregulares. E é uma pena que o narrador seja justamente o pior nesse quesito. Contudo, todo mundo se sai bem no inglês, ainda que sotaques invariavelmente apareçam aqui e ali. Mas é difícil entender a opção da produção em fazer um filme falado em inglês.
Eles até dão uma explicação na história do porque todo mundo falar a língua estrangeira, mas ela simplesmente não faz sentido, visto que praticamente todos os personagens são brasileiros. E o único que eu me lembro que não é, fala espanhol!
É óbvio que optaram por isso para tentar um maior sucesso no mercado internacional. Nesse sentido, a estratégia pode até ser interessante, mas para o público brasileiro fica muito esquisito e tenho a impressão de que teria me divertido mais se ele fosse falado no bom e velho português.
No fim das contas, Rinha é o típico filme nada. Tecnicamente bem realizado, entretém, mas falta coisa. Contudo, devido a suas já tão comentadas decisões pouco comuns no cinema brasileiro, sem contar que é um tipo de história que não costuma aparecer muito nas produções nacionais, vale uma assistida, nem que seja por pura curiosidade.
CURIOSIDADE:
O DVD do filme possui o trailer, uma galeria de fotos e um making of de 50 minutos não muito interessante, focado quase que totalmente na filmagem das lutas. Estranhamente, contudo, no documentário todo mundo fala em português!