The Talos Principle 2 é um jogo marcante. Um que eu amo muito do que ele faz, mas que sinceramente não gosto muito de jogar. Road To Elysium é um DLC que, narrativamente, serve como um epílogo. “Jogabilidademente”, serve como um pacote de expansão expert, com os puzzles mais difíceis e trabalhosos do jogo todo.

The Talos Principle 2, Road to Elysium, DLC, Croteam, Delfos
São três histórias extras escolhidas pelo menu.

Para começar, eu amo tudo que vai contra a sabedoria tradicional do marketing. Road to Elysium sao três histórias. Três capítulos independentes, selecionados pelo menu e com saves separados para cada um. Uma editora mais capitalista lançaria em três datas separadas e eu simplesmente amo que todo o pacote esteja disponível de cara, através de uma única compra.

ROAD TO ELYSIUM DLC

Todas as histórias acontecem depois da campanha, embora uma seja prioritariamente em flashback, narrando um momento do jogo principal. O mais incrível é que todas têm bastante sustância. A primeira, por exemplo, dura três horas, mais do que justo para um DLC. Mas a segunda e a terceira duram nove horas ou mais. Cada um deles é mais ou menos do tamanho de um dos capítulos do jogo principal.

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Elas são separadas não apenas pelo visual, mas também pela temática filosófica. O primeiro capítulo, Orpheus Ascending, por exemplo, versa sobre amor e sobre o efeito que este sentimento tem nos seres vivos. Cara, como eu adoro o texto deste jogo. Os robôs pensam de forma contraditória, com uma gama de opiniões diferentes, como os seres humanos. Ao contrário dos seres humanos, tudo parece uma forma inspiradora de ver a vida. Os escritores da Croteam devem estar entre os mais inteligentes e versados do mundo dos games, e eles também sabem se divertir, como prova Serious Sam e vários momentos humorísticos que estão aqui mesmo. Tem horas que os robôs discutem cultura pop, fazem referências a letras do Iron Maiden e muito mais.

ORPHEUS ASCENDING, ISLE OF THE BLESSED

Os três capítulos são bem diferentes. O primeiro é bem focado no gameplay dos quebra-cabeças. Você é colocado em um cenário semelhante ao Egito, rodeado de portas que levam a puzzles. Este capítulo dá a sensação de que o DLC vai ser puro gameplay. E o gameplay de The Talos Principle 2 é o que menos gosto dele. Felizmente, não é o caso.

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Orpheus Ascending.

Isle of the Blessed é muito melhor, e mais semelhante ao jogo em si. Ele conta a visita dos robôs a um resort onde eles vão para resolver quebra-cabeças simplesmente pelo prazer de resolver. Basicamente, é um parque de diversões, sem conflito ou tensão. O parque é bem grande, com três ilhas independentes, muitos segredos e vários personagens para conversar. Se em Orpheus Ascending você basicamente passa de um puzzle a outro, aqui pode intercalar isso com diálogos ou simplesmente curtir a deliciosa atmosfera da ilha.

ROAD TO ELYSIUM E A ISLE OF THE BLESSED

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Em Isle of the Blessed, você pode conversar com vários personagens.

Orpheus Ascending foi sofrido para mim. Eu não conseguia resolver a maior parte dos puzzles e, ao procurar por guias, acabava repetindo o que eles faziam no vídeo, sem entender a solução. Eu simplesmente não peguei a lógica que o jogo espera que você pegue. Já em Isle of the Blessed, as soluções pareciam bem mais alcançáveis. Aqui eu resolvi quase tudo sozinho e, quando buscava um guia, pelo menos entendia o que estava fazendo.

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O Hexahedron, o quebra-cabeça final de Isle of the Blessed.

Este passeio no resort culmina em um grande quebra-cabeça, chamado Hexahedron que é claramente uma homenagem à famosa obra de M. C. Escher. Se na maior parte do jogo e do DLC, os quebra-cabeças acontecem em salas autocontidas, o Hexahedron parece mais uma pequena aventura. Nele, você vai avançando e solucionando quebra-cabeças, que muitas vezes te colocam de volta em uma área previamente explorada. É uma delícia, e eu adoraria que a série The Talos Principle seguisse mais por este caminho no futuro.

INTO THE ABYSS

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O terceiro capítulo é a parte do flashback.

Into the Abyss é a parte flashback, e também a mais hardcore, com puzzles definidos pela Croteam como “extremamente difíceis”. Narrativamente, ele conta o momento em que o Byron se separa do time no jogo principal. Mas o gameplay é tipo o Orpheus Ascending aumentado. Tem um monte de ilhas com várias portas para quebra-cabeças e não tem muita exploração ou coisas para fazer além disso.

Os quebra-cabeças nesta parte são extremamente precisos. Na maioria deles, você não tem muitas ferramentas nem muito espaço, o que dá a impressão de que a solução será simples. Mas nunca é. Você precisa colocar cada peça num local específico do cenário, e eu tive muita dificuldade de sacar as soluções aqui. Acabei indo até o final, mas sem fazer 100%, como nos outros. Orpheus Ascending é hardcore demais para mim, por mais que adore os gráficos e a atmosfera geral do jogo todo.

MAIS THE TALOS PRINCIPLE 2

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Os gráficos continuam lindos. Olha que realista!

Um bom DLC é aquele que apresenta mais de um jogo que você gostou. E este é o caso de Road to Elysium. Suas histórias são epílogos, sem nada muito importante, mas com belos e elaborados pensamentos sobre a vida, o universo e tudo mais. Ele traz de volta os personagens, os cenários, as atmosferas e, claro, os puzzles.

Este é meu problema com ele, como já foi com o jogo principal. Você não é obrigado a resolver todos para ver o final das histórias, e pode usar alguns colecionáveis para pular quebra-cabeças inteiros. Mas creio que o jogo ficaria mais gostoso se tivesse implementações para pedir dicas, ver o próximo passo ou algo deste tipo, sem precisar ficar pedindo ajuda pro Tubão.

Mas isso sou eu, um sujeito hiperativo e sem muita paciência para quebra-cabeças. Embora eu ame muito do que The Talos Principle faz, sei que seu gameplay não é feito para pessoas como eu. E, se você é uma dessas pessoas, e quer dar uma canseira forte no seu cérebro, Road To Elysium promete ser tão delicioso quanto o jogo principal.