Depois de mais de uma década sem absolutamente nenhum jogo da série Prince of Persia, em 2024 temos dois ótimos lançamentos. Em janeiro tivemos Prince of Persia The Lost Crown. E agora em maio temos, ainda que em early access, The Rogue Prince of Persia. Embora os dois sejam sidescrollers, o que não é exatamente o que a gente queria, são dois games excelentes e bastante diferentes entre si. Eu esperava gostar de The Lost Crown. Mas The Rogue Prince of Persia, cá entre nós, quase passou reto no meu radar. E ainda bem que não passou.
THE ROGUE PRINCE OF PERSIA
O motivo pelo qual The Rogue Prince of Persia quase passou abaixo do meu radar é bem conhecido por quem acessa o DELFOS: eu não gosto de roguelikes/roguelites. Porém, era um Prince of Persia, série que adoro. E estar em early access significa que daria menos trabalho escrever sobre ele. Então resolvi arriscar. E ainda bem que o fiz.
Tanto The Lost Crown quanto The Rogue Prince of Persia são interpretações bastante diferentes das tradicionais habilidades do príncipe. E não me refiro ao estilo rogue em si. Quem pensa na série pensa em acrobacias, plataforma, corrida pelas paredes. Os dois jogos têm tudo isso, mas de formas totalmente diferentes.
Aqui, por exemplo, você pode correr por quase qualquer fundo de tela. Se tiver uma parede ao invés de cenário aberto, dá para correr e escalar. Isso dá ao príncipe uma locomoção instantânea e muito gostosa desde o início do jogo. Em The Lost Crown, você precisa penar para pegar upgrades (é um metroidvania, afinal de contas), mas aqui a movimentação já começa mágica. E, mais importante, única!
COISINHA GOSTOSA
A desenvolvedora Evil Empire ficou famosa por colaborar em Dead Cells. E dá para ver que eles aprenderam bastante. The Rogue Prince of Persia pode ser definido como “e se Dead Cells, mas Prince of Persia?”. Isso significa que é um jogo que imediatamente vai conquistar amantes de um dos roguelites mais famosos que existem. Mas também que toda a gostosura do gameplay de Dead Cells é transferida para cá.
Muito se deve aos gráficos e à performance. O jogo é muito rápido. Em questão de segundos você passa por várias armadilhas, vence vários inimigos ou até mesmo morre. Se você, como eu, é um daqueles hiperativos que gosta de sair correndo em Sonic, prepare-se para muita velocidade aqui. Além disso, a animação é belíssima e muito suave, o que contribui para a gostosura da coisa toda.
Na minha GPU RTX 3070, o jogo rodou a 1440p a mais de 140 fps, ocasionalmente passando dos 200. Tem algumas gaguejadas. Na tela de carregamento entre as fases, ele chega a 10 fps, o que é feio, mas não atrapalha o gameplay. Durante a jogatina, senti alguns engasgos, mas dificilmente via o contador de FPS abaixo dos 120 fps. Provavelmente isso é resolvido se escolher colocar um cap, o que o jogo permite. A boa notícia é que quando sair para consoles, acredito que teremos mais um jogo 4K/120, o que é sempre legal.
O FUNCIONAMENTO DO ROGUELITE
Aqui não tem muito segredo. É basicamente o funcionamento do Dead Cells. Você vai pegando armas de nível mais alto e melhorando seu personagem com medalhões que melhoram ou pioram os vizinhos, então há uma estratégia na hora de equipá-los. Eu senti falta de upgrades permanentes, que tornam o jogo mais fácil conforme você joga. Dá para usar uma moeda para destravar a possibilidade de novas armas e equipamentos aparecerem na campanha. Mas até onde estou, não me senti ficando consideravelmente mais forte, e a arma original é uma das melhores das que experimentei.
O progresso é até constante, desde que você explore. Você pode encontrar novas áreas ou novos personagens. Como o jogo atualmente não está completo, embora tenha um final estabelecido, estes acabam sendo seus objetivos principais. Eu vi inclusive possibilidades de atalhos para pular o primeiro chefe, mas não consegui abrir ainda.
CONTEÚDO DO EARLY ACCESS
Neste momento do early access, o jogo tem aberto 2/3 do caminho até o final. Pelo mapa mostrado, no jogo completo, você passa por duas fases, chefe, duas fases, segundo chefe, uma fase, último chefe. Dá para chegar, agora, até o segundo chefe. Mas a Ubisoft promete aumentar o conteúdo em 50%. Isso provavelmente vai envolver caminhos alternativos.
Por exemplo, as duas áreas antes do primeiro chefe são lineares, até que você destrava novas áreas, que podem então substituir as duas originais quando desejar. Entre o primeiro e o segundo chefe, no momento, tem apenas duas áreas sem opções, mas isso deve aumentar. Eu cheguei rápido até o primeiro chefe e daí joguei mais de dez vezes depois disso.
Na maioria das tentativas morria antes de chegar ao chefe. E quando chegava, não conseguia matá-lo ainda. Porém, eu continuava jogando, e estou com vontade de jogar neste momento, não apenas porque o jogo é muito gostoso, mas também porque as partidas são bem rápidas. Isso o deixa bem diferente de Returnal, onde cada partida demora horas e eu ficava muito frustrado e queria parar de jogar ao perder todo o progresso. The Rogue Prince of Persia é um jogo que eu adoraria ter em um portátil, tipo um Steam Deck da vida, pois é perfeito para jogar uma partida no banheiro.
THE ROGUE PRINCE OF PERSIA E A DELÍCIA DO VÍCIO
Inclusive, eu parei de jogar não por ter enjoado, mas por sentir que não estava mais produtivo ficar batendo a cabeça contra o primeiro chefe. Não acho que teria saco de ficar insistindo sem progresso por muito mais tempo, mas como peguei ele no PC, tenho total intenção de voltar a ele com cheats quando estiver disponível, e jogar apenas por diversão.
Eu não gosto de roguelikes ou lites. Continuo não gostando. Dead Cells foi um dos que mais joguei antes de resolver que este gênero não era para mim. Mas para jogar sem pressão, apenas pelo prazer de jogar, alguns destes jogos são uma delícia. E The Rogue Prince of Persia é um deles. Certamente quero ver o que mais vem por aí.