Review Project Tower: é hora de morfar!

Quando a promessa não é cumprida.

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Lá nos idos de junho de 2024, eu fiz algo que normalmente não faço: um preview. Project Tower parecia interessante e a oportunidade veio numa boa hora. E as promessas daquele demo me deixaram interessado no jogo final, a ponto de eu ter passado a acompanhá-lo. Hoje, o jogo final chega para Windows e PS5, então é hora de ver se aquele game tão promissor cumpriu suas promessas.

Review Project Tower

Project Tower é um TPS mediano cujas promessas giram em torno da mecânica de morfar. E estas promessas são, bem… promissoras. Você pode se transformar em inimigos, chefes ou detalhes do cenário. É possível carregar apenas uma transformação por vez, e pelo menos até onde joguei, elas não se repetem.

Passar sem brigar é maior legal.

A promessa está nas possibilidades que isso traz. Numa das primeiras fases, você pode virar um inimigo, o que possibilita passar por uma área cheia de desafetos sem brigar. Em outra, você se transforma em uma estátua para um laser assassino não reparar em você. Bem tipo “nada para ver aqui mesmo”. Uma outra transformação possibilita virar um laser que atrai caixas de quebra-cabeças.

Muitas possibilidades, pouco uso

Project Tower, Yummy Games, Delfos
Sou só uma estátua onde não tinha nada até agora. Nada suspeito.

As possibilidades são quase infinitas, e o jogo é muito criativo com elas. Curiosamente, ele parece não repetir seus truques. Se em God of War Ragnarok, cada mecânica é repetida as infinitum, aqui parece que cada transformação, cada uso e cada nova mecânica é usada apenas naquele momento. E isso fica mais grave pelo fato de o jogo ser basicamente um Boss rush.

As fases são de longe o mais legal do jogo, mas elas são bem curtas, e basicamente servem para separar um chefe de outro. Estas batalhas são longas, tipo enormes mesmo, e aparecem quase uma depois da outra. Elas também usam mecânicas bem diferentes.

Project Tower e os chefes em bullet hell

Project Tower, Yummy Games, Delfos
É tanto tiro que você mal vê o chefe.

Os chefes têm uma enorme influência de Returnal, no sentido de que são batalhas TPS com ataques estilo bullet hell. Elas até são legais, mas ignoram quase completamente o charme do jogo, que são as transformações. A sensação é que Project Tower é feito com partes de dois jogos. Um Boss rush bullet hell e um TPS com fases criativas e mecânicas variadas. Porém, nenhum dos dois é completamente desenvolvido e ambos vão deixar você sedento pela realização de suas promessas, o que nunca acontece.

Os chefes talvez sejam mais desenvolvidos que as fases. Todos eles têm sequências de ataque bem variadas e são até divertidas. Mas elas são longas DEMAIS. Não raro uma batalha dessas passa dos dez minutos, e perder no final, como normalmente acontece, exige voltar ao início. Fica chato muito rápido, especialmente porque não para de vir chefes. E, como esperado, não há opção de dificuldade para tornar essas batalhas menos cansativas.

Os modos de desempenho são um placebo

Project Tower, Yummy Games, Delfos
Falando em placebo, essa espada não serve pra quase nada.

Por fim, minha última reclamação se refere à performance. O jogo tem uma pá de modos, da ultra qualidade à ultra performance. Se você pensa que ultra performance vai te colocar a 120 fps, pense de novo. Ela mal chega a 60. Na verdade, a diferença entre elas é tão pequena que estou em dúvida se a opção funciona. Além disso, mesmo no modo ultra qualidade, você vê detalhes do cenário aparecendo muito próximos à câmera.

Project Tower talvez seja um dos jogos independentes mais promissores que joguei em anos. Literalmente. O início da sua campanha faz promessas de um jogo único e criativo, mas daí ele simplesmente continua, e não empolga em nenhum momento. Grande pena mesmo.

REVER GERAL
Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
review-project-tower-e-hora-de-morfarDisponível: Windows, PS5<br> Analisada: PS5<br> Desenvolvedora: Yummy Games<br> Editora: Yummy Games<br> Lançamento: 6 de janeiro de 2025<br> Gênero: TPS<br>