Eu sou fã da Capcom desde os anos 90, e admito que eu mesmo me surpreendo com a quantidade de jogos que eles lançaram. Esta Capcom Fighting Collection 2 é a terceira coletânea de jogos de lutinha da empresa e traz provavelmente os games mais desconhecidos que ela lançou no gênero. Particularmente, apesar de termos aqui dois Capcom vs. SNK, admito que nunca tinha jogado nenhum dos incluídos. Não, nem mesmo os famosos.

CAPCOM FIGHTING COLLECTION 2

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Os jogos incluídos em Capcom Fighting Collection 2.

São oito jogos, e eu nunca tinha ouvido falar de seis deles. Os dois Capcom vs. SNK são o prato principal do pacote, dois games famosos e que causam muita curiosidade, mas cuja disponibilidade fora de emuladores era bem limitada. Eles não trazem muitas surpresas. Se você quer ver o Ken dando uns sopapos no Geese Howard ou o Terry brigando com o Zangief, cá estamos. Apesar do título, no entanto, os personagens da Capcom são todos de Street Fighter, então não espere Mega Man ou Jill Valentine.

Capcom Fighting Evolution é o King of Fighters da Capcom. Junta personagens de vários de seus jogos de luta em um único título. É a oportunidade de colocar Demitri para brigar contra a Chun-Li. Por fim, Street Fighter Alpha 3 Upper é uma versão melhorada do Street Fighter Alpha 3, já disponível na coletânea Street Fighter 30th Anniversary Collection.

Eu nem sabia que esta versão Upper existia, e agora fiquei chateado de ela não estar disponível na coletânea de Street Fighter. Ora, eles incluíram lá games que são quase iguais, como Street Fighter II Champion EditionStreet Fighter II Turbo, porque Street Fighter Alpha 3 Upper não está? E dá para você argumentar que esta faz até mais diferença, pois tem uma pá de personagens novos que tornam o jogo ainda mais legal, como Evil Ryu e Guile, apenas para citar dois. Até aqui falei de jogos em 2D que traziam a qualidade altíssima da época clássica da Capcom. Porém, isso começa a ficar mais questionável na segunda metade, com os jogos em 3D.

POWER STONE

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Power Stone é o jogo mais diferente da coletânea, e temos aqui o original e sua continuação, que também são bem diferentes entre si. Temos aqui um jogo 3D mais focado na movimentação. O primeiro é meio esquizofrênico. Afinal, pouco importa o que você faça até pegar as três joias, quando você vira um robô e tem a possibilidade de vencer a luta em segundos. O foco é não deixar o inimigo virar robô.

Power Stone 2 é mais equilibrado, mas também é mais diferente. Ele traz batalhas entre quatro personagens e tem um quê de Super Smash Bros. Nenhum deles é muito bom. Na verdade, são os piores da coletânea, mas são também os mais curiosos e diferentes do pacote.

PROJECT JUSTICE E PLASMA SWORD

Os outros dois títulos são jogos de luta em 3D mais tradicionais, bastante semelhantes aos primeiros do gênero, como Virtua Fighter. Project Justice e Plasma Sword têm o pedigree da Capcom e funcionam de forma um tanto diferente dos outros da época, com maior foco em voadoras e golpes especiais. Mas no final das contas você vai se sentir mais jogando Virtua Fighter do que Street Fighter. Project Justice tem inclusive um modo história, com times pré-estabelecidos e narrativa mais elaborada, ou então você pode jogar no modo livre e juntar qualquer personagem que desejar, abrindo mão da história. Plasma Sword envolve lutas com armas brancas e talvez seja o mais divertido do lado 3D da coletânea.

Achei curioso que o nome em japonês de Plasma Sword é Star Gladiator 2, o que me fez procurar pelo original. Star Gladiator – Episode 1: Final Crusade é o terrível nome dele, e foi o primeiro jogo de luta poligonal desenvolvido pela Capcom. Curioso que ele não foi incluído aqui, mas provavelmente se deve ao fato de sua continuação sequer ter saído com o número 2 no ocidente.

CAPCOM FIGHTING COLLECTION 2

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Sobre a coletânea em si, ela vem num embrulho semelhante às anteriores, inclusive com as limitações que critiquei antes. Por exemplo, há apenas um quick save. Não um quick save por jogo, mas um para a coletânea inteira. Assim, se você quiser salvar uma partida de Power Stone precisa abrir mão do save anterior que fez no último chefe do Plasma Sword.

Este tipo de coletânea compete diretamente com emuladores, então no mínimo ela deveria ser melhor em tudo que os emuladores oferecem. E para jogar sozinho, provavelmente a experiência é inferior, já que emuladores são mais customizáveis e permitem vários saves por jogo. A vantagem em Capcom Fighting Collection 2 é que dá para jogar on-line o que, convenhamos, é uma grande vantagem. Mas como eu não pago a Microsoft pelo privilégio, não pude testar este aspecto.

Capcom Fighting Collection 2 é uma coletânea de curiosidades. Depois de tantas coleções com grandes clássicos dos arcades, esta agora vem com jogos menores, mais desconhecidos e mais curiosos. Como sempre, acho bacana que estes jogos estejam oficialmente disponíveis atualmente (ainda que apenas em versões last-gen, de PS4 e Xbox One), mas gostaria que eles estivessem em uma coletânea mais caprichada. Se você tem memória afetiva com estes jogos, ou nunca os jogou antes e tem curiosidade, esta é uma boa forma de molhar seus pés na água dos jogos menores da época clássica da Capcom.

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Nota:
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
review-capcom-fighting-collection-2-reviewDisponível: Switch, PS4, Xbox One, Windows<br> Analisada: Xbox One (rodando no Series X)<br> Desenvolvedora: Capcom<br> Editora: Capcom<br> Lançamento: 16 de maio de 2025<br> Gênero: Luta<br>