Raditz – O responsável pelo fim do mistério em Dragon Ball

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Que eu sou fã de Dragon Ball, todo mundo já percebeu, e ficou bem claro no texto que escrevi há algum tempo sobre a série. Mas com tantos personagens importantes na saga, o delfonauta deve se perguntar por que fui escolher justamente um que aparece pouco e morre tão rápido na história para ser o destaque da minha primeira investida na seção “Tremendões”. Bom, para responder a essa questão, vou contar a pequena história de como conheci o maravilhoso mundo do autor Akira Toriyama no começo dos anos 90.

Como qualquer infância e adolescência saudável (e quero ver alguém provar que estou errado), a minha também foi regada a muito videogame e desenhos japoneses. Mas ao contrário da maioria dos caras da minha idade, nunca fui fã de Cavaleiros do Zodíaco, especialmente porque quando esse animê passava na extinta TV Manchete por volta de 1994, eu já conhecia um bem mais legal chamado Dragon Ball Z.

Mesmo sem entender um pingo de japonês, sempre me identifiquei demais com a cultura da terra do Sol nascente (herança dos famosos filmes de ninja e artes marciais dos anos 80) e adorava ir com amigos ao bairro da Liberdade aqui em São Paulo – um típico cantinho oriental da cidade – para garimpar mangás e animês nas livrarias especializadas. Essa paixão me permitiu conhecer a saga de Son Goku quase cinco anos antes de sua estréia oficial em solo brasileiro e me identificar imediatamente com os personagens, as magias e a criatividade absurda do mestre Toriyama.

Primeiro foram os jogos de videogame para Nintendo e Super Nes que me chamaram a atenção. Como já disse, eu não entendia nada de japonês, mas achava todo aquele universo sensacional e passei a colecionar os mangás, bonequinhos, livros, fitas de vídeo, games para todos os consoles e CDs de trilha sonora deste animê (Nota do Corrales: Só para ressaltar, o Bruno diz que NÃO é nerd). Quando a Internet surgiu por aqui, eu passava madrugadas apenas coletando fotos e informações da série para um fichário onde guardava diversas curiosidades e as traduções em inglês dos mangás originais (que por sinal eram bem difíceis de se achar, já que não tínhamos ainda os programas P2P ou o Google para facilitar a vida). Até hoje tenho tudo isso guardado com muito carinho e, obviamente, quando a febre Dragon Ball estourou no Brasil, fiz as vezes de “consultor” para muitos amigos que ainda não estavam acostumados com o formato japonês de animação (histórias com começo, meio e fim e uma narrativa mais lenta e detalhada de todos os acontecimentos) e as diversas reviravoltas da história do garoto com rabo de macaco.

Desde esses primeiros contatos, dois personagens me chamaram mais a atenção: Son Gohan e Raditz. O primeiro é o filho mais velho de Goku e um poderoso guerreiro lá pela metade da saga, quando derrota o vilão Cell, e também foi meu nickname na época da BBS por um bom tempo. Mas o segundo sequer era lembrado pelos fãs, mesmo que sua presença na história seja o principal catalisador das mudanças que ocorreram com o universo das esferas do dragão em 1988, ano em que houve a transição da série original para a fase “Z” e, exatamente por isso, ele merece figurar aqui entre os grandes Tremendões da cultura Pop.

Não entendeu? Eu explico: basicamente, todo o universo Dragon Ball se divide em três etapas cronológicas, sempre girando em torno do personagem principal, Son Goku:

Dragon Ball – a série original lançada no Japão em 1986 (versão animê), que conta a infância e adolescência de Goku até seu casamento e, até então, não sabemos nada de seu passado, apenas que era um garoto extremamente forte, com rabo de macaco e vivia isolado em uma floresta. Essa parte da série era mais focada no humor.

Dragon Ball Z – que começa exatamente com a chegada de Raditz à Terra em busca de seu irmão (calma que já explico) e traz toda a elucidação sobre a raça Sayajin. Essa parte da série deixou o humor de lado e se focou mais na ação e nas lutas épicas.

Dragon Ball GT – série exclusiva para a TV (não saiu em mangá), que fala sobre o futuro de Goku e sua família.

Além desses fatores, sempre achei o nome “Raditz” muito legal (no japonês original se pronuncia Raditsu) e o visual do personagem também se destacava dos demais integrantes por sua aparência mais sombria, sem os traços bizarros engraçadinhos que Toriyama costumava dar às suas criações (Mestre Kame, Kuririn, Piccolo, Chaos, acho que deu para entender, né?).

Mas deixemos as explicações de lado e vamos falar diretamente sobre o ser em questão. Na cronologia oficial, Raditz é o irmão mais velho de Son Goku e, obviamente, o primogênito de Bardock, um dos líderes dos guerreiros do planeta Vegeta. Infelizmente, para os fãs dos Sayajins (a raça à qual pertencem os habitantes do planeta e o nome do meu antigo clã no L. O. R. D.), a família de Bardock vem de uma linhagem de guerreiros de classe inferior, por isso tanto Goku quanto Raditz foram banidos ainda bebês por serem mais fracos que os demais e mandados para a colonização (entenda-se destruição e genocídio, bem parecida com uma certa civilização européia nos séculos XIV e XV) de planetas menos perigosos nos confins do universo. A diferença é que Goku caiu com sua cápsula em um certo planetinha azul, bateu a cabeça, perdeu a memória e, bom, daí para a frente você deve conhecer a saga.

Mas no caso de Raditz, pouca coisa de seu passado é mencionada após a destruição de seu planeta natal pelo mega-vilão Freeza e o genocídio de sua raça. Aparentemente sem grandes opções, o personagem entrou para o exército de Freeza e se tornou uma espécie de pirata espacial, ajudando a dizimar mundos e sugando suas riquezas assim como Vegeta (o príncipe que tem o mesmo nome do planeta) e Nappa, os demais Sayajins sobreviventes da explosão.

Até que nosso tremendão em questão recebeu a missão de reencontrar Goku na Terra e preparar o planeta para a invasão dos piratas espaciais. Mas ao chegar em nosso insignificante mundo, o alienígena descobre que seu irmão (cujo nome original é Kakaroto) perdeu a memória e esqueceu todas as suas raízes guerreiras Sayajins. Pior: durante todo esse tempo, ele ainda se aliou aos terráqueos e não permitiria o “saque” do planeta pelos alienígenas mal intencionados.

Raditz lembra o irmão de suas origens, conta toda sua história e tenta forçar a volta de Goku à sua missão original seqüestrando seu sobrinho, Son Gohan, então um fedelho mimado com quatro anos de idade. Sem condições de partir para o pau sozinho, Goku se alia a Piccolo (então um grande inimigo) e ambos partem atrás do Sayajin para resgatar a criança e dar uma lição de bons modos no visitante inesperado do espaço.

Após uma luta extremamente equilibrada onde Raditz, em determinados momentos, tinha lances extremos de superioridade, mesmo lutando contra os dois guerreiros mais fortes da Terra, Goku e Piccolo descobrem o ponto fraco do vilão e de toda raça Sayajin: a cauda.

Para matar Raditz, Goku também acaba se sacrificando (em um dos momentos grandiosos da saga) e esse é outro fator fundamental na história, já que foi a primeira vez em que o personagem morreu (depois ele bateria as botas novamente na luta contra Cell).

Antes do suspiro final, o nosso tremendão ainda avisa os terráqueos que outros dois guerreiros Sayajins mais poderosos (Nappa e Vegeta) estão a caminho para um acerto de contas com um traidor da honra da raça. Enquanto isso, Goku vai para o céu treinar com o Kaioh-Sama (digamos que seria o “Deus de uma região do Universo” e sim, em Dragon Ball, Deus também luta artes marciais) e assim começa a fase que deu fama e fortuna a Akira Toriyama.

Infelizmente, o personagem não apareceu mais na série a não ser em alguns flashbacks, mas deixou sua marca ao revelar para Goku todas as suas origens Sayajins e a verdade sobre seu passado (fundamental para se entender o contexto de toda a história). Através de Raditz, ficamos sabendo que o protagonista de Dragon Ball era mesmo um E.T. mandado ainda bebê para colonizar nosso planeta. Nesse ponto, a série deixa de ter o foco apenas na Terra e se expande com vilões espaciais e passeios intergalácticos.

Momento mais tremendão: A luta de Raditz com Goku e Piccolo ao mesmo tempo e o momento em que pára um Kamehame-ha (o golpe mais poderoso de Goku até então) com as mãos.

Momento menos tremendão: Antes da morte heróica, o personagem implora o perdão de seu irmão e tenta desesperadamente fugir da Terra, se esquecendo de toda a honra Sayajin.

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