Um Babel cômico. Essa é uma boa forma de definir Queime Depois de Ler. Afinal de contas, temos aqui um punhado de histórias com personagens completamente diferentes e que, eventualmente, vão se cruzar.
Tudo começa quando o personagem de John Malkovich (aquele cara que todo mundo sabe o nome, mas ninguém sabe quem é) é demitido da CIA. Com raiva de toda a politicagem que lhe custou o emprego, decide escrever um livro de memórias. O problema é que essas memórias vão acabar parando na mão de dois atrapalhados funcionários de uma academia (Frances McDormand e Brad Pitt, este talvez no papel mais carismático e divertido de sua carreira) que até querem devolver o bagulho, mas acreditam serem merecedores de uma recompensa para bons samaritanos. João Malacoeu confunde a inocência e burrice dos dois com chantagem e está armada a confusão.
Existem muitos outros personagens não sinopsiados acima, é verdade. E a forma como cada um vai se encaixando na história geral é cada vez mais absurdo, a ponto de fazer o espectador desistir de acompanhar e simplesmente relaxar para curtir as piadas.
A história faz humor em cima das confusões causadas por um simples mal entendido e por pessoas que gostam de se julgar mais importantes do que realmente são. E até dá certo, especialmente por causa do personagem de Brad Pitt, que é deveras engraçado. Só que um pouco mais de cuidado para tudo fazer mais sentido cairia bem. Afinal de contas, não é a proposta aqui tentar fazer humor nonsense.
No início desta resenha, comparei Queime Depois de Ler com Babel. Outra comparação também pode ser feita: a série X homens e sabe-se lá quantos segredos, graças ao tipo de humor e até mesmo ao elenco estrelado (não por acaso, Brad Pitt e George Clooney participam de ambos). Se essas comparações agradam a vossa senhoria, não perca.