Acredito que qualquer pessoa, ainda que por um momento, já sentiu que o seu voto não faz a menor diferença. Porém, e se a sua opinião acabasse sendo a única responsável por decidir o próximo presidente do nosso país?
Essa é a genial premissa de Promessas de Um Cara de Pau. Um carinha que não se importa com política (Kevin Costner, do grande clássico da sétima arte, Waterworld) se vê obrigado a escolher qual dos dois candidatos empatados vai mandar no mundo. Achei a idéia tão legal que, desde a primeira vez que eu vi o trailer, fiquei contando os dias para a sua estréia. Eu só não me lembrava do nome. Me lembrava apenas que era alguma coisa extremamente idiota e nada a ver, tipo Um Eleitor do Barulho ou algo assim. Ah, as distribuidoras nacionais e seus títulos que sabotam seus próprios filmes…
O pior é que o título deste realmente não tem nada a ver com o longa. O protagonista não é um cara de pau, nem faz promessas. Cacilda, não se trata nem mesmo de um filme engraçado! Os políticos em questão, Kelsey Grammer (o Frasier/Fera/Sideshow Bob) e Dennis Hopper (de Terra dos Mortos) já até podem ser merecedores do adjetivo que também já amaldiçoou os tremendões Blues Brothers e prometem um monte de coisa, mas, se o nome se referisse a eles, seria Promessas de Dois Caras de Pau, certo?
Enfim, esqueçamos a lógica do título e falemos do que realmente importa. E o que realmente importa é que esse é um filme muito inferior ao que poderia ser. Chega até a dar raiva vermos uma premissa tão legal ser desperdiçada em uma obra tão genérica e, principalmente, tão em cima do muro. O final, em especial, é tão previsível e tão frustrante em sua “imparcialidade” que poderia figurar ao lado de Perfume como um dos piores da história do cinema.
Mas não é só lá. Toda a história parece saída de qualquer roteiro-maker Tabajara e não apresenta absolutamente nenhuma novidade. Deveriam acabar com os cursos de roteiro que existem por aí, pois você encaixar seus personagens em formulinhas arcaicas não é criar – é fazer um remake. E, no final das contas, é isso que Promessas de Um Cara de Pau é. Um remake de qualquer filminho Sessão da Tarde que existe por aí, encaixado em uma premissa genial. Ah, se tivessem vendido essa idéia para um roteirista competente…
Na faculdade de jornalismo, em uma aula de cinema, um professor chamou a atenção para o fato de que o cinema atual é de produtor, não de diretor – e que a TV tem sido o espaço que os artistas estadunidenses realmente têm para criar coisas novas. Cada vez mais, vejo que ele tem razão. E, se continuar assim, ninguém mais vai sair de casa e pagar caro para ficar assistindo a coisas que já vimos um milhão de vezes.