Piratas do Caribe – O Baú da Morte

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Quinta feira, 29 de Junho de 2006 tornou-se uma data importante em minha vida. Seria o dia da famosa tempestade de Hill Valley? Não, essa foi em 10 de Outubro de 1955 e nessa época eu nem era nascido. A quinta feira em questão foi memorável porque eu, tirando umas férias do DELFOS, me senti criança novamente ao visitar a Disneylândia de Paris. Acha isso meio nerd? E quem disse que eu não sou? Mas vou continuar a história, afinal, “It’s time to remember the magic!”

Além da emoção natural de ver personagens como Mickey, Pateta, Donald e, é claro, o Pinóquio (com o qual fui várias vezes comparado na infância por causa do meu nariz libanês), fui atraído também até um brinquedo chamado Piratas do Caribe porque, obviamente, tinha adorado o primeiro filme e sabia que ele se originara da atração do parque de Orlando, que agora tinha uma réplica na Disney européia.

Confesso que ver os piratas na prisão, tentando atrair o cão, em situação quase idêntica ao primeiro filme, me emocionou um bocado, afinal não é todo dia que um filme é baseado num brinquedo de parque de diversão e, a julgar pela situação, eu estava bebendo a água da fonte, ou seja, estar ali passeando de barco pelas cavernas dos piratas era como ler O Senhor dos Anéis depois de ver o filme de Peter Jackson, mesmo que uma atração infantil como aquela não seja comparável, em termos intelectuais, a um livro como o de Tolkien.

A verdade é que conhecer a fundo de onde veio determinado filme é sempre interessante e costuma deixá-lo melhor ainda, mesmo que o fundo seja meio raso, ou seja, no caso do brinquedo da Disney, só uma base para a verdadeira criação, que foi o roteiro de Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra, excelente na minha opinião, e 50% responsável pelo sucesso do filme, os outros 50% ficam para a atuação magnífica de Johnny Depp, fazendo um pirata meio maluco, de olhos esbugalhados. Qualquer semelhança com este crítico que vos escreve só serviu mesmo para aumentar a minha paixão por esse filme, que eu classifico como uma das obras-primas do cinema pipoca.

Pronto. Agora que você já teve uma idéia dos sentimentos que eu nutria por essa obra antes da sessão de Piratas do Caribe – O Baú da Morte, deve imaginar a expectativa que me dominou até o momento em que o capitão Jack Sparrow surgiu na tela, continuando sua aventura. Como o filme é repleto de acontecimentos e reviravoltas que, se eu contar aqui, vai estragar tudo, farei apenas uma sinopse básica: o baú da morte do título guarda algo, que eu não posso contar o que é, que vai tornar aquele que o possuir o dono dos mares. Por isso, a Cia das Índias prende Elizabeth Swann (Keira Knightley) e ordena que seu amado Will Turner (Orlando “Trilogias” Bloom) vá atrás do capitão Sparrow (Johnny Depp) e pegue sua bússola, levando em troca uma carta que dá a ele a possibilidade de parar com sua vida fugitiva de pirata e servir à companhia como corsário.

Para quem não sabe, a bússola do capitão Jack é praticamente mágica e aponta para aquilo que a pessoa que a está segurando mais deseja. No primeiro filme, a bússola apontava para o navio Pérola Negra, mas todos sabem que Jack já conseguiu reavê-lo, portanto, seu objetivo mudou. A Cia da Índias, entretanto, não dá a mínima para o que Sparrow está querendo e sim para o que ela quer, que seria, obviamente, o baú. Portanto, Will Turner, para libertar sua amada da prisão, parte em busca do capitão Jack Sparrow e dá início à parte 2 desta que será uma trilogia dos piratas caribenhos. Hum, trilogias. Adoro trilogias quando se trata de filmes pipoca.

Bom, agora vou ser mais direto e apontar o único defeito deste filme, que me fez não lhe conceder o Selo Delfiano Supremo: ele não se conclui, deixando um gostinho de quero mais, apenas para nós esperarmos pela parte 3. Isso é ruim? Não necessariamente, mas tenho certos traumas em relação à idéia de esperar, vindas talvez da época que um certo Dr. Brown desmaiou no meio da rua, deixando os espectadores com a frase “To be continued…” na tela. Mas isso é algo muito pessoal e tenho certeza de que muita gente até se empolga não com a idéia de ter que esperar, mas de que haverá uma continuação.

Pois bem, vamos aos elogios. Como toda boa seqüência, a ação aqui é de tirar o fôlego mais uma vez. O visual mantém o ótimo nível do primeiro filme e os efeitos especiais até melhoraram. O roteiro prende o público de forma admirável e continua repleto de boas idéias e sacadas muito bem boladas, mas ressalto que vale a pena ver novamente Piratas do Caribe – A Maldição do Pérola Negra antes de encarar esta continuação, para que você entenda melhor algumas frases de efeito ditas pelo capitão Jack Sparrow, que, afinal de contas, continua exatamente o mesmo, pois o tempo passado na história, entre o primeiro e o segundo filme, é mínimo.

Outra coisa que adorei nesta seqüência foi o estreitamento das relações entre Sparrow, Will Turner e Elizabeth. Falaram tanto que o personagem de Depp no primeiro filme era gay, que acho que o roteirista se zangou quando viu sua obra ser má interpretada pelo público. O capitão Jack Sparrow aqui continua o mesmo, com os mesmos trejeitos e olhares esbugalhados, mas há algo nele que encanta Elizabeth de tal forma que ela chega a ficar dividida entre Will e Jack, formando um triângulo amoroso atraente e até esperado por muitos que gostaram do primeiro filme. Além disso, o personagem de Depp também sente uma atração forte pela mocinha, o que desmente a teoria sobre sua homossexualidade, restando apenas a hipótese pouco provável de uma bissexualidade.

No mais, as atuações, não só do elenco principal, como dos coadjuvantes, está beirando os limites da perfeição. Muitos personagens que foram vistos no primeiro filme estão de volta para matar a saudade, como ex-Comodoro Norrington (aquele que queria se casar com Elizabeth) e posso falar ainda que há uma grande surpresa ao final, que claramente só vai ser explicada na terceira e última parte desse já excelente épico pirata.

Concluo dizendo que minhas expectativas se satisfizeram e essa trilogia tem grandes chances de figurar ao lado de outros grandes filmes que são adorados por mim, do mesmo modo que o bacon é adorado pelo Corrales e que o rum é adorado pelos piratas. “Quinze piratas presos no baú da morte. Yo-ho-ho! E uma garrafa de rum!”. Perfeito.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
piratas-do-caribe-o-bau-da-mortePaís: EUA<br> Ano: 2006<br> Gênero: Fantasia<br> Distribuidor: Disney<br>