Um dos debates mais acirrados está com certeza na boca dos fãs dos games de futebol. A divisão entre PES x FIFA é o Marvel versus D.C. com cerveja, pagode e demais atividades relacionadas à nossa maior paixão nacional. Particularmente, não tenho posição definida nesse embate. Sou da época em que era possível dividir o coração entre o International Superstar Soccer do craque Allejo e o FIFA 99 nos saudosos tempos do Nintendo 64. Não tenho problemas de jogar com o amigo (ou amigos) chato que prefere um ou o outro. Mas o assunto de hoje é o Pro Evolution Soccer 2016.
O título marca 20 anos de aniversário da franquia. Uma novidade para os brasileiros é a exclusividade sobre Corinthians e Flamengo. Uma associação que talvez ajude a série a diminuir a má publicidade causada pelo número restrito de times/jogadores licenciados em relação ao seu rival da EA Sports. Afinal de contas, são as duas maiores torcidas do Brasil. Além disso, tocou Neymar é gol está na capa do jogo ostentando a amarelinha.
O CAÔ NÃO ACABOU
Apesar de ter anunciado o Flamengo como exclusivo, o elenco está desatualizado (sem Guerrero e outras contratações do segundo semestre) e o Maracanã ainda não está disponível. E quando comparado ao Corinthians (outro clube parceiro da Konami), o visual dos jogadores do Flamengo deixa muito a desejar em termos de fidelidade. Imagino que estas questões serão objeto de atualizações posteriores, mas vale a nota.
Todos os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro estão disponíveis, mas alguns elencos não estão licenciados. Há pouquíssimos times da Bundesliga e o Manchester United é o único licenciado da Premier League. Os demais times do campeonato inglês continuam a ter substitutos genéricos como o Manchester Blue (em vez de Manchester City).
O San Siro, Old Trafford, Allianz Arena, Mineirão, Arena Corinthians, Beira-Rio e Morumbi são os principais estádios do jogo na companhia de estádios fictícios. As partidas contam mais uma vez com a narração do Silvio Luiz e comentários do Mauro Beting.
OLHO NO LANCE
Em linhas gerais, o PES2016 é um bom jogo do gênero e diversão garantida em seus diversos modos de jogo. Entretanto, alguns aspectos me incomodaram. O primeiro é o fato de ser um jogo muito baseado em correr e chutar (algo que pode ser resolvido com ajustes no nível de dificuldade ou jogando multiplayer com pessoas razoáveis). Isso prejudica o realismo esperado da construção de jogadas mais trabalhadas. Outro ponto incômodo é a inteligência (ou falta dela) artificial dos goleiros. Eles cometem erros com uma frequência acima do aceitável.
A tolerância dos árbitros com faltas é um tanto quanto bizarra. Durante meu tempo de jogo, resolvi testar jogadas mais duras só que o jogo parece funcionar com uma engine desenvolvida pelo Mauro Cezar Pereira: “Não foi nada”. Até a versão virtual do Silvio Luiz demonstra certo espanto com as jogadas de MMA.
Fora isso, o PES2016 é um espetáculo na parte gráfica e ganha muito em termos de jogabilidade e a mecânica relativamente simples. As partidas fluem muito bem e a câmera “dinâmica ampla” acomoda e acompanha muito bem o ritmo de jogo. A narração do Silvio Luiz e comentários do Mauro Beting estão bem colocados no contexto das jogadas (os fãs de PES provavelmente já estão acostumados com eles). Só não dá para confundir o James Rodríguez com um homônimo do James Bond, pois o nome dele se pronuncia RÂ-MÊS!
ANELKA É DO GALO
Em relação aos modos de jogo, temos as tradicionais partidas amistosas que podem ser jogadas em confronto ou cooperativo. Aqui é o modo para reunir os amigos e celebrar suas vitórias com a selfie do Totti, o coração do Bale ou até mesmo uma comemoração power ranger do Neymar.
Como todo bom jogo do gênero, há espaço para customizações na escalação e na parte tática. Assim, quando for reprisar o duelo entre a seleção brasileira e time alemão totalmente boladão com a camisa do mengão, é só escalar o David Luiz de volante para trazer alegria ao nosso povo que sofre tanto e não dar espaço pro Khedira jogar.
A experiência de jogo é expandida nos modos Master League, Become a Legend e myClub. Master League é o “modo manager tradicional” no qual você assume a posição de técnico de uma equipe e simula toda a parte de administrar a sua carreira de treinador, as negociações de jogadores para montar o elenco e a participação em todos os campeonatos disponíveis em uma determinada temporada. O Become a Legend é o mais divertido, pois foca na administração da carreira de um determinado jogador e as partidas são jogadas inteiramente na perspectiva do jogador escolhido. Há um modo de câmera especial para isso (e um pouco difícil de se acostumar). No meu caso, escolhi jogar o BAL na perspectiva do menino Anderson Talisca do Talisca e mais dez Benfica. Lembrando que estes modos permitem a criação de novos jogadores e times.
Destes modos, o myCLUB é o mais novo. Trata-se de uma inovação da edição anterior da franquia e parece ter sido criado à imagem e semelhança do FIFA Ultimate Team da concorrência. Pois bem, o myCLUB funciona da mesma forma: jogos online e off-line para subir de divisões, aumentar o nível dos seus jogadores, trazer jogadores consagrados para o seu time com uma métrica de afinidade entre jogadores e técnico. O modo é interessante, mas ainda fica atrás do FUT. Neste modo, até trouxe o Van Persie para o Flamengo. Quem sabe não liberam uma atualização para o Anelka vir para o Galo?
CENAS LAMENTÁVEIS
O jogo conta ainda com versões licenciadas da UEFA Champions League, UEFA Europa League, AFC Champions League, Copa Sul-Americana, Libertadores, Liga BBVA (Campeonato Espanhol), Ligue 1 (Campeonato Francês), Eredivisie (Campeonato Holandês) e versões não licenciadas da Copa do Mundo e alguns outros torneios continentais de seleções. Minha única crítica em relação à Libertadores é a falta de cachorro no campo, cenas lamentáveis e polícia protegendo jogador para bater escanteio.
PES E O FUTURO DA KONAMI
Acho que ninguém vai discordar que o PES/Winning Eleven foi durante muito tempo o jogo de futiba favorito da família tradicional brasileira, mas nos últimos anos acabou perdendo terreno para o FIFA. Aliás, o PES2016 chegou com toda pompa de que reverteria esse quadro. Eu o vejo como um bom jogo, impressionante do ponto de vista gráfico, mas sem a capacidade de trazer fifeiros para o outro lado da força.
Aliás, segundo rumores, o PES será o carro chefe da Konami para consoles. Dizem a desenvolvedora deixaria de produzir outros títulos de grande orçamento, como Castlevania e Metal Gear, concentrando suas forças no PES. A empresa nega que abandonará suas grandes franquias, mas anunciou que vai focar em jogos para celulares e tablets. Independente disso, será que PES vai conseguir fazer frente ao seu maior concorrente? Vamos aguardar.