Os engravatados de Hollywood descobriram um novo nicho: filmes de Natal para quem não gosta de Natal, ou seja, pessoas como eu. Se essa empreitada deu certo, você só vai saber no terceiro parágrafo (não vale olhar).
Papai Noel às Avessas conta a história de uma dupla de ladrões que se reúnem na época natalina e trabalham em grandes lojas de departamentos fazendo as vezes de um Papai Noel e de um duende ajudante (como sempre traduzido nas legendas como “elfo”). A dupla principal é de uma maldade impressionante, coisa de fazer o Scar (vilão de O Rei Leão parecer bonzinho. E não é só devido à quantidade de palavrões que eles falam, mas à forma como agem. Eles são tão maus que é simplesmente impossível torcer para eles. E como eles são os personagens principais, a bomba já começa por aí.
Outro grande problema é que a falta de criatividade e coragem para ousar de Hollywood faz com que Papai Noel às Avessas desagrade tanto quem gosta de Natal como quem não gosta, pois acaba caindo nos mesmos clichês que se propunha a quebrar. Explico: enquanto a quantidade de palavrões e a maldade da dupla principal sem dúvida afastam aqueles que gostam da mela-cueca de um caça-níquel natalino tradicional, o filme também traz sua carga emotiva e hipócrita, o que o reduz a apenas um caça-níquel natalino menos comportado. E caça-níquel por caça-níquel, fique com O Expresso Polar, que pelo menos é bem mais divertido.
Curiosidade: A Lumiére está se tornando uma especialista em lançar filmes atrasadíssimos em nosso país. Depois do atraso absurdo de Kill Bill (aqui e aqui, Papai Noel às Avessas chega ao Brasil com um Natal de diferença. Para você ter uma idéia, esse filme conta ainda com o falecido John Ritter, o pai da “sitcom-que-virou-drama” 8 Simple Rules, que passou desta para melhor na metade do ano passado.