A Blizzard organizou um evento para a imprensa de São Paulo na manhã desta segunda, 23 de maio. Apresentado pelo comediante Danilo Gentili, eles nos mostraram alguns dados relacionados a Overwatch (9.7 milhões de pessoas jogaram o beta!), possibilitaram que nós conversássemos com os atores que dublaram os heróis Junkrat e Lúcio (que são os mesmos que dublam Chaves e Leonardo DiCaprio) e ainda falássemos com Paul Lackey, supervisor de som que trabalhou no jogo.
Cada jornalista saiu do evento com uma cópia de Overwatch para a plataforma de sua escolha e o aviso de que o jogo só começaria a funcionar às oito horas da noite, quando os servidores seriam ligados mundo afora.
Queria ver como que era isso aí, e ao chegar no Oráculo, coloquei o disco no PS4. Apesar de o jogo nem estar funcionando ainda, ele já pediu a atualização de versão 1.02, que exigia um download de 10gb. Curiosamente, o jogo completo incluso no disco tinha pouco menos de 8gb.
Após a atualização, rodei o jogo e, como já esperado, ele não conectou aos servidores, pedindo para tentar mais tarde. Quando o relógio deu as oito badaladas noturnas, voltei a rodá-lo, mas a mensagem de erro continuava. Só fui conseguir conectar perto das 8h20m. Um atraso de 20 minutos em um lançamento online é bem menos do que o esperado, quando estamos acostumados a jogos que exigem uma conexão não funcionarem por dias e até semanas. E depois que conectou, funcionou perfeitamente, sem lag algum e achando partidas a um tempo bem aceitável. E o melhor? O jogo é divertido pra caramba!
U-HU! HORA DE JOGAR!
Overwatch é o que se chama por aí de hero shooter. Trata-se de um FPS focado no competitivo online, mas ao contrário de jogos como Call of Duty, onde você monta seu loadout livremente e escolhe quais equipamentos usar, aqui você escolhe um dos heróis pré-definidos. Outros hero shooters famosos são Team Fortress e o recém-lançado Battleborn.
O delfonauta dedicado sabe que multiplayer competitivo não é exatamente o que mais pira meu cabeção. Até jogo alguns deles, mas costumo fazê-los apenas para escrever sobre e depois dificilmente tenho vontade de jogá-los de novo.
Overwatch foi diferente. Passei boa parte da última noite jogando-o para trazer esta resenha quentinha no dia do lançamento, e devo dizer que me diverti muito. Bem mais do que me diverti em outros jogos focados no competitivo online.
Muito disso tem a ver com o jeitão de Overwatch. O que temos aqui é um jogo colorido, animado, bem-humorado e com uma jogabilidade rápida e empolgante. Cada um dos 21 heróis disponíveis no lançamento transpira personalidade. Do visual caprichado de cada um deles até suas dublagens em português que são muito engraçadas (a D.Va falando “pede pra nerfar, noob!” é um dos destaques), todos eles têm um apelo bem forte.
HERÓIS A RODO
Além disso, são todos muito diferentes. Eles se diferenciam não apenas nas armas, mas também nas habilidades. Alguns, como o Reaper, são focados em chegar perto e fazer muito dano. Assim, ele tem uma habilidade que permite ficar invulnerável e se mover rapidamente, um teleporte “mirado” e duas escopetas para o ataque. Eu não gostei de jogar com ele, mas vi uns jogadores fazendo umas coisas lindas, tipo quando estão quase morrendo, se teleportar para trás do atacante e vencê-lo de virada.
Uma que eu gostei muito é Pharah. Ela tem habilidades que permitem voar e sua arma é um lança-foguetes poderoso que não exige precisão na mira. Assim, jogar com ela permite que você esteja sempre acima de seus desafetos e atire para baixo mais ou menos na direção deles, conseguindo vencê-los pelo dano de área da sua arma. Isso sem falar na habilidade suprema dela, que envolve um poderosíssimo bombardeio do qual é bem difícil de desviar.
Outro que gostei foi o Soldado: 76, que acaba sendo o personagem padrão de um shooter. Sua arma principal é uma metralhadora e suas habilidades incluem corrida e a possibilidade de se curar, tornando-o um personagem do tipo “ataca e recua”.
Alguns dos heróis têm mais de um tipo de arma principal. Bastion, por exemplo, pode usar uma metralhadora padrão, ou então se transformar para uma metralhadora fixa, que impede que você se mova, mas em compensação faz miséria com quem ousar estar no time adversário. É excelente para os modos de jogo em que você deve proteger uma área dos ataques inimigos.
E tem muito mais. O caubói McCree usa trezoitões, enquanto o ninja Genji ataca com shurikens. Eu achei bem difícil jogar com Genji, mas ele se tornou meu maior inimigo nas partidas, uma vez que quem joga bem com ele se torna realmente perigoso.
Também há personagens como Lúcio, que andam pelas paredes e Hanzo, que ataca com um arco e flecha e por isso exige muita precisão nos tiros. É gente pra caramba, e embora eu tenha percebido que personagens como Reaper e Genji estão bem populares nesta primeira noite, acredito que há heróis para todos os gostos, e as partidas ficam bem mais divertidas habitadas por tantos personagens diferentes.
MODOS DE JOGO
Segundo a apresentação da Blizzard, Overwatch tem quatro modos de jogo. O game não permite que você escolha a modalidade da partida, sendo selecionada aleatoriamente. Curiosamente, nas várias horas que passei jogando, tive a sensação de ver apenas duas. Como assim? Continue lendo!
Uma delas, a que rola com mais frequência, envolve um carrinho que deve chegar a um objetivo fixo no mapa. O time de ataque deve ficar próximo do carrinho para ele se mover, enquanto o de defesa deve impedir que ele chegue ao objetivo até acabar o tempo.
No outro modo, o time de defesa deve proteger uma área do mapa enquanto o de ataque deve tomá-la à força, tirando todos os adversários dali e mantendo seus próprios jogadores na região até chegar aos 100%. Chegou aos 100%, ataque ganha. Acabou o tempo, defesa leva.
Consultei a Wikipedia para ver se descobria do que se tratavam os outros modos, e aparentemente eles também envolvem tanto a escolta do carrinho quanto o controle de zonas, com a diferença de que os times devem capturar a área antes de começar a pontuação. Admito que eles parecem tão semelhantes que é provável que eu tenha jogado os quatro modos de jogo e só percebido duas variações.
Este talvez seja o maior pecado de Overwatch. Ele tem personagens a granel, e um número decente de mapas, mas tem poucas coisas para fazer neles. Star Wars: Battlefront, por exemplo, é o exato oposto. Não tem tanta variação de equipamento e poucos mapas, mas tem mais de uma dezena de modalidades para brincar.
Ainda assim, gostei muito mais de Overwatch, embora realmente sinta falta de um team deathmatch. Curioso que não tenham colocado um modo de jogo tão comum no multiplayer competitivo.
EXPANSÕES
Segundo a apresentação da Blizzard, Overwatch será expandido ao longo de sua vida útil. Eles prometeram novos mapas e novos heróis gratuitos ao longo dos próximos meses. Eles não falaram nada sobre novos modos de jogo, que é justamente o que ele mais precisa no momento. Provavelmente ele ganhará alguma variação de team deathmatch e capture the flag em algum momento, mas a questão é se será gratuito ou se serão DLCs pagos, uma vez que grandes jogos como este sempre trazem um monte de DLCs também.
VIGIANDO DE CIMA
Depois de passar praticamente uma noite inteira jogando, você pode me perguntar se Overwatch vai me tornar um ferrenho jogador de multiplayer competitivo. Sinceramente, acho que não. Me vejo jogando-o casualmente nos próximos meses, como faço com jogos como Street Fighter V e Mortal Kombat X
Sinto falta de uma campanha single player tradicional. Talvez não tanto quanto senti em Star Wars Battlefront, mas isso seria um diferencial que poderia me fazer recomendar Overwatch sem nenhuma ressalva.
A questão é: eu recomendaria Overwatch? Para jogadores como eu, que gostam de um jogo com começo, meio e fim, focado na narrativa e em cenas cinematográficas, não. Overwatch simplesmente não foi feito pensando na gente. No entanto, se você curte uns mata-matas online e jogar com amigos em partidas competitivas, o que temos aqui é simplesmente um dos melhores e mais divertidos da categoria. E é acessível o suficiente para até jogadores menos hardcore, como eu, poderem se divertir.