Finalmente chegou a hora de saber se tudo o que a Marvel Studios começou a plantar lá no primeiro Homem de Ferro rendeu os frutos esperados. Com paciência e um plano bem traçado, os produtores arquitetaram a transposição do universo Marvel (onde os superseres coexistem no mesmo mundo) das HQs para o cinema, o que culminaria, como seria natural, numa aventura de seu maior grupo de heróis, Os Vingadores.
Ver a união em película de alguns dos maiores heróis da Casa das Ideias é o sonho molhado de qualquer nerd fã de quadrinhos e um dos eventos cinematográficos mais esperados do ano, ao lado do reboot do Homem-Aranha e do fim da trilogia do Batman. Poderia ser um grande acerto, mas se não fosse feito direito, tinha potencial para colocar a perigo os próximos projetos da empresa. Felizmente, deu tudo certo e Os Vingadores – The Avengers cumpre tudo que prometeu, e muito bem, diga-se de passagem.
OS MAIORES HERÓIS DA TERRA
Você já sabe como é o esquema. Nick Fury reúne os peso-pesados Homem de Ferro, Thor, Capitão América, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro sob a chancela da S.H.I.E.L.D. para defender o mundo de ameaças inimagináveis. A ameaça neste caso é Loki, o deus da trapaça e irmão de Thor, que aparece na Terra atrás do Cubo Cósmico.
Seu plano é usar o cubo para abrir um portal interdimensional e liderar um exército alienígena numa invasão. Ao final, como todo bom supervilão, planeja governar o mundo dominado. Cabe aos Vingadores impedi-lo e salvar a Terra.
Vale lembrar, os personagens já foram devidamente apresentados e desenvolvidos em seus filmes individuais. Os Vingadores não perde tempo com isso e vai direto aos finalmentes. Portanto, é mais que recomendável que você assista a todos os filmes (ou reassista, se já os assistiu) antes de pegar uma sessão deste, pois há muitos detalhes e elementos da história que já foram trabalhados nos longas anteriores e podem deixar os incautos boiando. Fica o aviso.
AVANTE, VINGADORES!
O filme é pura HQ, desde a sinopse, com o clássico vilão megalomaníaco, passando pela formação da equipe, os desentendimentos entre os integrantes, brigas internas (incluindo as físicas), até que finalmente aprendem a trabalhar juntos para rechaçar a grande ameaça com estilo.
É impressionante como Joss Whedon (que teve uma boa passagem como roteirista da revista dos X-Men), ao lado do coargumentista Zak Penn, conseguiu juntar todos os clichês possíveis das HQs e transpô-los para o filme fazendo-os funcionar perfeitamente, como se fosse algo novo e fresco.
Até o batidíssimo chavão dos heróis saírem na porrada entre eles funciona na maioria das vezes aqui. Digo isso porque há motivos para esses quebras além do simples festival de efeitos especiais e momentos hell, yeah. Eles têm razão de existir dentro da trama.
A exceção é o primeiro embate, entre Thor e Homem de Ferro, que não tem nenhum motivo para acontecer. Diabos, os dois admitem na mesma cena estarem do mesmo lado e continuam se socando. Este momento foi o grande responsável pelo filme não levar o Selo Delfiano Supremo.
Já que estamos falando de coisas ruins, o único outro ponto negativo que eu destacaria é que não gostei da nova versão do uniforme do Capitão América. Achei esquisito. Se tivessem deixado ainda mais parecido com a versão Ultimate (que foi o que eles tentaram fazer), poderia ter ficado mais estiloso.
AS QUALIDADES
Agora, passemos ao que interessa: o que tem de bom. E felizmente é bastante coisa. Fãs dos personagens e de quadrinhos em geral vão vibrar a todo instante com referências, principalmente aos filmes anteriores, e, sobretudo, com a dinâmica entre os personagens. Este é, sem dúvida, o grande ponto forte do filme e garantia de boas risadas.
Digo risadas porque isso aqui é praticamente uma comédia de tantas piadas e momentos engraçadinhos presentes. Isso já estava bem ressaltado no filme do Thor e aqui é ainda mais explorado. E acredite, absolutamente todas as piadas funcionam. É impossível não gargalhar durante quase todo o filme.
Mas ei, esse não deveria ser um filme de ação? É sim, e também está muito bem servido neste departamento. Efeitos especiais impressionantes, direção segura e edição rápida, mas que permite ver o que está acontecendo. Há aqui muitos embates e os personagens esbanjando seus poderes. Tudo levando à grande batalha final nas ruas de Nova Iorque, uma longa sequência de tirar o fôlego e que mostra o melhor das habilidades de cada Vingador.
Aliás, essa, que é a cena chave do filme, parece ter saído direto do Volume 1 de Os Supremos (a versão Ultimate do grupo), bem como alguns outros elementos, o que me deixou ainda mais satisfeito, pois sou fã dos dois primeiros volumes desta HQ. Já dos Vingadores da cronologia normal, nem tanto. Basta dizer que prefiro a Liga da Justiça.
DESENVOLVIMENTO
Em um filme com tantos personagens importantes, um dos grandes riscos seria não sobrar tempo ou vontade para desenvolver todos. Felizmente, isso não acontece aqui. Todos eles possuem um bom tempo de tela, seja em cenas dramáticas ou mostrando-os em ação. E todo mundo interage com todo mundo.
A história também é bem trabalhada, desenvolvida sem pressa (o começo é até um pouco devagar, mas não achei isso ruim) e os diálogos estão bem afiados, o que só contribui para o bom humor geral do longa, já citado um pouco mais acima.
O elenco inteiro está bem. Tony Stark tem muitos dos melhores momentos e novamente Robert Downey Jr. entrega uma ótima performance. Seria muito fácil ele roubar o filme inteiro, mas isso não chega a acontecer, pois há espaço para todos brilharem individualmente sem ofuscar ninguém. Joss Whedon teve pulso firme para comandar tanta gente e conseguir dar destaque igual a todos.
Os Vingadores – The Avengers é uma daquelas promessas que felizmente se realizam totalmente, algo tão difícil de acontecer no cinemão estadunidense atual, repleto de grandes decepções. Um projeto ambicioso que deu muito certo, capaz de agradar plenamente tanto ao fã mais hardcore quanto ao leigo que só quer ver um filme divertido e movimentado. Depois da excelente experiência de assistir a este filme, apenas uma pergunta permanece: quando é que sai o segundo?
CURIOSIDADES:
– Desta vez você não precisa ficar até o final dos créditos. A tradicional cena surpresa aparece logo no começo dos créditos finais. E é tremendona!
– A ponta de Stan Lee também está presente, mas é do tipo “piscou, perdeu”.
– Isso não é informação oficial, mas acredito que só colocaram o The Avengers de subtítulo porque já existe outro filme chamado Os Vingadores, de 1998, com Ralph Fiennes e Uma Thurman. Trata-se da versão cinematográfica de uma série de TV inglesa dos anos 60. O engraçado é que o título original tanto da série quanto do remake é… The Avengers! Isso quer dizer que se o pessoal dos EUA seguisse a lógica brasileira, por lá o filme se chamaria The Avengers – The Avengers?
LEIA TAMBÉM AS RESENHAS DOS FILMES QUE LEVARAM A ESTE MOMENTO:
– Homem de Ferro – onde tudo começou.
– Homem de Ferro 2 – até agora só o ferroso teve uma sequência.
– O Incrível Hulk – até por favelas cariocas o gigante esmeralda passou.
– Thor – e não é que o deus do trovão é meio fanfarrão?
– Capitão América: O Primeiro Vingador – apresentando a última peça que faltava.
– O Hulk de Ang Lee – não faz parte da história, mas, ei, é o Hulk!