Eu não entendo certas coisas. O filme A Névoa (refilmagem de uma película de John Carpenter, o popular João Carpinteiro) teve sua cabine de imprensa cancelada porque a distribuidora decidiu lançá-lo direto em DVD. Em seu lugar, ela agendou uma sessão deste Os Seus, os Meus & os Nossos, um típico filme infantil de férias, com o diferencial de que as férias da molecadinha já acabaram.
Eu li algumas críticas bem negativas sobre A Névoa, mas duvido muito que ele seja pior do que esta tranqueira a que assisti. Sério, este filme não merecia nem ser lançado em DVD. Ele devia ter suas cópias incineradas pelo bem da humanidade.
Mas, como infelizmente ninguém me dá ouvidos, tive de agüentar a história de Frank Beardsley (Dennis Quaid), um almirante da marinha que nunca ouviu falar em camisinha. O sujeito é viúvo e tem oito filhos para criar. Um belo dia ele reencontra sua namoradinha de colégio, Helen North (Rene Russo), uma hippie metida a boa samaritana – ela, também viúva, tem quatro filhos biológicos e mais seis adotados – e, 5 minutos depois, reatam o romance dos tempos de adolescência, se casam e vão morar todos juntos numa enorme casa que tem até um farol (destes de orientação de navios) no topo. Isso é que é construção exemplar de roteiro! Pra que perder tempo com desenvolvimento de personagens e outras besteiras?
Bem, sendo Frank um militar com mania de organização e ordem, seus filhos o puxaram. Assim como a ninhada de Helen puxou o jeito bagunceiro e desencanado da mãe. Obviamente as respectivas crias começam a se estranhar e decidem ser impossível dividir o mesmo teto. Assim, passam a tramar esquemas para acabar com o casamento dos pais.
E aí segue uma infinidade de clichês que nem vale a pena mencionar, pois o amigo delfonauta com certeza já os conhece muito bem. Situações estapafúrdias e humor rasteiro completam a fórmula. É impressionante como alguns produtores realmente acham que crianças são retardadas, ofendendo a inteligência dos pequenos com bombas como essa.
Deu até pena do casal de protagonistas. Rene Russo (de Máquina Mortífera 3 e 4) até consegue preservar um pouco de dignidade, mas Dennis Quaid, um ator bacana (o cara fez coisas legais como Viagem Insólita, o recente Em Boa Companhia e até já interpretou o killer Jerry Lee Lewis em A Fera do Rock), paga aqui o maior mico de sua carreira.
O filme é tão ruim que não merece nem mesmo um lugar entre uma eventual lista de piores do ano. Ele está muito além disso. Um conselho de amigo, fuja desesperadamente desta coisa. Para Os Seus, os Meus & os Nossos só há uma definição: patético.
