Finalmente chegou a data tão esperado por delfianos e delfonautas: Os Mercenários, aquele que é, potencialmente, o melhor filme de macho da história, chega aos nossos cinemas. E será que ele satisfaz as expectativas? O normal seria eu falar aqui que você descobriria no final da resenha, mas não estou a fim de enrolar hoje. Não, Os Mercenários não é tão bom quanto a gente pensava. E é um verdadeiro desperdício de elenco.
SUJEITOS BOLUDOS
A sinopse é basicamente a mesma de Esquadrão Classe A ou de qualquer outro filme do gênero: temos um grupo de sujeitos boludos que trabalha para quem pagar mais e aqui eles são pagos para matar um ditador sul-americano. Nada de mais, mas se você esperava ver uma boa história, convenhamos que está lendo a resenha do filme errado. O que importa, neste caso específico, é o elenco, verdadeiro dream team do cinema de homem. E é justamente aí que está o problema.
Não dá para olhar a ficha do elenco aí do lado e não ficar impressionado ou ansioso para assistir. Porém, a verdade – e causa da decepção – é que os únicos que realmente têm tempo de tela satisfatório são Sylvester Stallone e Jason Statham. Talvez, sendo um pouco piedoso, o Jet Li. O Mickey Rourke ou o Dolph Lundgren quase não aparecem e sequer fazem parte do grupo de mercenários.
O tremendão Arnold Schwarzenegger a gente já sabia que apareceria, compreensivelmente, em só uma cena. Mas o Bruce Willis tem até o nome no pôster, cacilda! E ele aparece apenas na mesma cena em que o Arnoldão. Com tanta gente legal mal aproveitada pelo elenco, o posto de vilão fica para o insosso Eric Roberts, que claramente só consegue papéis no cinema por causa do seu sobrenome.
EXPLOSÕES
Todos nós sabemos que o que fez Os Mercenários se tornar tão esperado foi o seu elenco (até o trailer foca nisso) e é uma pena que é justamente nesse ponto que ele decepciona. Até porque, se fosse qualquer outro filme de ação, com um elenco menos estrelado, é bem provável que conseguisse faturar mais Alfredos.
Isso porque temos aqui algumas das cenas de ação mais absurdamente dolorosas da história do cinema. Na luta final, por exemplo, temos braços quebrados e facas enfiadas em lugares que deveriam ser tratados com carinho, entre outras coisas. Prepare-se para soltar vários “Uh, isso deve doer”, obviamente seguidos de um “hell, yeah” e uma sensual besuntada em óleo.
Outra parte que merece destaque pode ser resumida em uma pequena rima, totalmente spoiler-free: Jasão no avião. Você vai saber quando chegar lá e, com certeza, vai agradecer a Odin por ser homem e estar vendo isso no cinema.
O maior destaque, no entanto, vem perto do final, protagonizado pelo genérico Terry Crews e sua arma “barulhenta”. O sujeito faz uma verdadeira chacina, da qual é impossível não dar risada.
Aliás, morre tanta gente em Os Mercenários (sim, mais até do que em Top Gang) que parece que o grupo do Stallone está dentro de um videogame. Obviamente, eles saem de todas as enrascadas sem nenhum arranhão, como qualquer sujeito boludo que se preze.
Se as cenas de ação são empolgantes e bem coreografadas, o lado ruim é que elas não são muito bem filmadas. Não bastasse as câmeras tremendo como se fosse 2012, os cortes são tão rápidos que normalmente dá ao espectador apenas uma ideia do que acabou de acontecer, sem saber exatamente quais são os envolvidos e muito menos quem levou a pior.
HUMOR
Esse é outro ponto que deixa a desejar. Todo mundo esperava que ele fosse um Testosterona Total cheio de piadas e exageros, mas a verdade é que ele é bem mais sério. Ok, temos, sim, algumas gracinhas e momentos que fazem rir, mas como você bem sabe, o Stallone gosta de apelar para os efeitos psicológicos que a guerra causa nos soldados. A gente, claro, acha que isso é coisa de mariquinha e quer mais é que eles saiam explodindo tudo, como qualquer outro herói de ação que se preza. Felizmente, ele não exagera nesse ponto, como fez em Rambo IV, mas essa tentativa de colocar profundidade onde deveria ter uma explosão acaba diminuindo as possibilidades humorísticas.
DISPENSÁVEL
Pois é, delfonauta, o filme dos Dispensáveis é, apropriadamente, dispensável. E acredite, eu estou mais surpreso em escrever isso do que você ao ler. É divertido e vale o ingresso, mas está muito longe de ser a epítome da testosterona cinematográfica que prometia. Se você quer um verdadeiro testosterona total, fique com clássicos recentes, como Mandando Bala e Adrenalina.
CURIOSIDADE
– A chamada de capa “Obrigado! E leve um macaco!” foi dita por Sylvester Stallone se referindo a como foi tratado pelos brasileiros. Ao contrário do Allan e de alguns delfonautas, que ficaram incomodados com isso, eu achei essa frase simplesmente genial e comecei a usá-la no dia a dia. É um ótimo jeito de se livrar das centenas de macacos que aparecem constantemente aqui no Oráculo Secreto Delfiano. Aliás, quer um macaco?
– Mas a turma do Stallone ainda arranjou mais problemas com o Brasil. Clique aqui para ler sobre isso.