O Terminal

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O que você acha de um aeroporto? A maioria das pessoas, sem dúvida, o relaciona a coisas alegres, afinal, ele é sempre o ponto de partida para uma viagem que pode trazer qualquer coisa de diversão a conhecimento e que, muitas vezes, é mesmo a realização de um sonho – eu, particularmente, sonho desde criança em visitar a Grécia e o Egito. Mas como seria se você ficasse preso em um aeroporto, sem poder nem conhecer o país de destino e nem mesmo voltar para casa?

Pois é, isso aconteceu com um tal de Merhan Karimi Nasseri, do qual você provavelmente nunca ouviu falar, que ficou preso em um aeroporto francês. Hollywood, é claro, percebeu o potencial lucrativo na história, deram uma graninha para o cara e pronto. Algum tempo depois, temos O Terminal estreando nos cinemas tupiniquins.

Essa introdução resume perfeitamente toda a premissa do filme. Tom Hanks é Viktor Navorski, cidadão de Krakhozia (nem perca tempo procurando o país no seu empoeirado Atlas, é um território fictício), país que recebeu um golpe de estado e entrou em guerra exatamente enquanto Viktor estava no ar (mas que coincidência, hein?). Resultado, Navorski não tem mais país. Graças à burocracia das leis, ele não pode sair do aeroporto e nem voltar para casa. Como Viktor não fala inglês, fazer ele entender isso rende boas piadas e acaba sendo a parte mais legal do filme. Pouco tempo depois, os seguranças do aeroporto começam até a assistir a vida do krakhoziano através das câmeras de segurança, como se fosse um Big Brother sem script.

Como dá para perceber, o verdadeiro vilão do filme é a burocracia das leis, pois o personagem de Hanks simplesmente ficou preso em uma brecha do sistema. Para evitar que o vilão fosse personificado nos EUA, os roteiristas Andrew Niccol, Sacha Gervasi, Jeff Nathanson colocaram um vilão mais físico no filme: Frank Dixon (Stanley Tucci), um dos manda-chuvas do aeroporto, que tem uma cega obediência às leis, doa a quem doer.

Já Tom Hanks parece reprisar novamente o seu personagem favorito: aquele cara não tão inteligente, meio trapalhão e que, graças à sua ingenuidade e bondade, acaba conquistando todo mundo, dentro e fora do filme. Sua atuação está ótima como sempre, mas talvez fosse a hora de parar de fazer “Forrest Gumps” em sua carreira.

Catherine Zeta-Jones faz a comissária de vôo Amelia, o interesse romântico de Hanks. Ela é um absurdo de tão linda (alguém mais acha ela parecida com a Tiazinha?), mas realmente serve apenas para dar um ar romântico ao filme (além de paisagem, é claro), já que não tem absolutamente nenhum interesse para a história central.

Curiosamente, com uma história tão simples, as brechas de roteiro e de continuidade são onipresentes durante a projeção. Por exemplo, por que depois que a guerra em Krakhozia acabou, o vilão ainda quer impedir Viktor de conhecer Nova Iorque? E para ser um pouco mais chato, em uma das primeiras cenas, Navorski corrige a pronúncia de Dixon quando o último chama seu país de “Krakhojia”. Hanks deixa claro que a pronúncia certa é “Krakhozia”, então por que diabos em todo o resto do filme, todos os personagens, inclusive Viktor, se referem ao país como “Krakhojia”? Te peguei, tio Spielberg. J Claro que não é para ver os erros de roteiro que você está no DELFOS, afinal, existem sites especializados nisso, então não vou me alongar no assunto, mas já vá esperando alguns momentos inexplicáveis.

Outra coisa que me incomodou foi o final “Sessão da Tarde”. Ok, Spielberg é basicamente um dos criadores do gênero e esse é até um dos motivos pelos quais eu gosto de seus filmes, mas aqui o final vem naquele sentido pejorativo do termo. É uma coisa meio como aquelas comédias que acontecem em colegiais estadunidenses, tipo Te Pego Lá Fora, sabe?

Mas tirando esses pequenos defeitos, o filme é bem divertido. Eu diria que é uma daquelas comédias na linha de O Amor é Cego e os filmes de Charles Chaplin, ou seja, se você quer rir, as piadas estão lá. Mas se você pensar sobre o assunto do filme, vai descobrir que ele não é assim tão divertido e pode até se transformar em um drama. A escolha, como sempre, é sua.

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