A internet tem sido um campo fértil para controvérsias relacionadas ao reboot do Quarteto Fantástico dirigido por Josh Trank (de Poder Sem Limites). As opiniões sobre o filme já estão praticamente consolidadas mesmo sem ele ter sido lançado. Aparentemente, trata-se de um dos maiores desastres da história recente das adaptações cinematográficas de quadrinhos. Os comentários negativos chamam a atenção. Prato cheio para os irritados da internet. Mas, será que todo ódio propagado por haters e trolls tem fundamento?
Lembremos o contexto: A Fox detém os direitos para produzir os filmes do Quarteto (assim como os dos X-Men) e o relacionamento deles com a Marvel não é dos melhores. Inclusive, a Casa das Ideias decidiu “encerrar” a série de Reed Richards e cia nos quadrinhos, justamente para não promover um filme que rivaliza com o seu bem sucedido universo cinematográfico (ou Marvel Cinematic Universe).
Fora isso, o recente acordo Marvel-Sony para integrar o Homem-Aranha ao MCU criou o precedente: fracasso em outros estúdios pode significar uma volta para casa. Sem falar que Fox vacilou feio naqueles dois filmes do Quarteto. São verdadeiras bombas, salvo resenhas delfianas em contrário: aqui e aqui .
ENTRE A DESCONFIANÇA E O RACISMO
Junte a desconfiança dos fãs combinada com a vontade de ver o Quarteto no MCU, adicionando outros detalhes como: um Johnny Storm negro, irmão adotivo de uma Sue Storm branca, um Ben Grimm de olhos castanhos e um hacker/programador/blogueiro chamado Victor Domashev (e não Victor Von Doom).
Quem acompanha HQs está acostumado com mudanças na origem de personagens ou multiversos, mas mesmo assim os fãs arrumam semanalmente pelo menos um motivo para reclamar. A indignação é compreensível até certo ponto. Entretanto, a quantidade vergonhosa de comentários racistas direcionados ao ator Michael B. Jordan impressiona e dá um nó no estômago.
Confesso que alguns dos novos elementos não me conquistaram, mas a revisão da configuração familiar e étnica dos Storm é interessante. Faz sentido pensar que: antes de ser um grupo de Super-Heróis, o Quarteto Fantástico é uma família e agora uma família que não se limita à consanguinidade e indiferente às barreiras de cor e gênero. Perfeitamente alinhada à tendência de diversificar o universo dos supers em correspondência com a realidade dos novos tempos. Exemplos não faltam, conforme texto publicado aqui no DELFOS. O próprio Michael B. Jordan escreveu um excelente artigo defendendo a sua escalação como o novo Tocha Humana, com direito a um adendo da atriz Zoe Saldana (de Guardiões da Galáxia ) questionando ocasiões em que atores brancos interpretaram negros/latinos/asiáticos.
Bravo!!! Inspired by Michael's essay. Thank you for speaking up. If we question why Michael has been cast to play the…
Posted by Zoe Saldana on Saturday, May 23, 2015
EXPECTATIVAS
O trailer passa a impressão de uma pegada mais Sci-Fi e dramática. Ficando no meio do caminho de fórmulas como a Nolanização (Batman Begins , O Cavaleiro das Trevas e O Cavaleiro das Trevas Ressurge ) e o alívio cômico de Joss Whedon (Vingadores e Vingadores: Era de Ultron).
É uma história de origem com personagens mais jovens, na linha do universo Ultimate das HQs. Dr. Storm parece ser uma espécie de bússola moral para orientar no uso dos poderes recém-adquiridos, bem como a ligação do novo grupo de heróis com os militares, indicando a união do Quarteto e Governo Norte Americano para enfrentar uma nova ameaça – um blogueiro do mal, talvez – o Dr. Destino.
Os poderes são retratados de forma orgânica e toda a temática moral e filosófica relacionada às novas habilidades parece ser um elemento narrativo forte, desde a percepção de que devem ser utilizados para ajudar as pessoas até a visão dos poderes como uma doença, um trauma do acidente causado pelo Sr. Fantástico. Essas facetas já foram exploradas por Josh Trank em Poder Sem Limites.
O elenco conta com alguns rostos conhecidos dos Netflixmaníacos como Kate Mara (Sue Storm/Mulher Invisível), Reg E. Cathey (Dr.Storm) de House of Cards, Tim Blake Nelson (Harvey Elder/Toupeira) de Unbreakable Kimmy Schmidt, além de Miles Teller (Reed Richards/Sr. Fantástico), Jamie Bell (Ben Grimm/ O Coisa), Michael B.Jordan (Johnny Storm/Tocha Humana) e Toby Kebbel (Victor Domashev/Dr.Destino).
De qualquer forma, só saberemos se o filme de fato é a “re-imaginação contemporânea do time de super-heróis mais clássico da Marvel” ou apenas mais uma adaptação vergonhosa após a estreia. Particularmente, fiquei empolgado com os trailers/teasers. Se fui enganado, aviso depois.
Quarteto Fantástico chega aos cinemas em agosto de 2015.
