O Poder do Soul

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Em 1974, numa das lutas de boxe mais famosas do mundo, o mítico Muhammad Ali enfrentou George Foreman (hoje conhecido por sua linha de grelhas. Admita, você também tem um George Foreman Grill!) em Kinshasa, Zaire (atual Congo). Esse documentário não trata deste embate.

Pois como complemento a essa luta, foi realizado também um festival de música em três noites, com o que de melhor a música negra africana e estadunidense tinha a oferecer. E este sim é o tema de O Poder do Soul.

Contando apenas com algumas poucas legendas explicativas, o filme deixa as imagens históricas falarem por si mesmas e se divide em duas partes. A primeira, que compreende os primeiros quarenta minutos, trata da organização do evento, desde o seu anúncio ainda nos EUA até a montagem do palco, passando pelos problemas que surgem pelo caminho.

Esse início é bem paradão e desinteressante e na realidade acho que só vai agradar a quem trabalha com ou tem interesse em produção de eventos. No entanto, quando o festival começa, o bicho pega, e aí sim o filme esquenta, ao mostrar o que de fato importa, a música.

Mostrando, na ordem, um número de cada artista, esse acaba sendo o pecado da película. É muito pouco para um filme que trata justamente de música. Eu sei que não me incomodaria nem um pouco em ver a apresentação do B.B. King na íntegra. Como toca esse cara! Bom, ao menos o filme não cometeu a bobagem de cortar as canções no meio.

E, claro, o clímax fica por conta do “padrinho do soul”, James Brown, que fecha o filme e o festival mostrando porque era um dos tremendões da música, em uma apresentação que vai fazer você querer sair dançando na sala de cinema. Eu não recomendaria fazer isso, mas você é quem sabe, afinal, o mico é seu.

O Poder do Soul não é um filme perfeito. O começo chato pode espantar muita gente, mas depois que engrena com os números musicais, faz por garantir seus Alfredinhos. Para quem gosta de Black Music, vale o ingresso.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
o-poder-do-soulPaís: EUA<br> Ano: 2008<br> Gênero: Documentário<br> Duração: 93 minutos<br> Elenco: Muhammad Ali, James Brown, Celia Cruz, B.B. King, Don King e The Spinners.<br> Diretor: Jeffrey Levy-Hinte<br> Distribuidor: Sony<br>