O meu filme de terror perfeito tem que ter…

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Cansado da lenga-lenga dos filmes de terror atuais? Está cheio de perceber sempre a mesma fórmula nas produções recentes e adivinhar tudo o que vai acontecer durante a projeção? É, amigo delfonauta, eu também.

Como bom apreciador do gênero horror que sou, estou cansado de ver sempre as mesmas coisas na tela, mudando-se apenas a história (e às vezes, nem mesmo isso). Portanto, decidi fazer esta pequena matéria, expondo quais elementos o meu filme de terror deve apresentar para ser considerado perfeito.

Não quero dar uma de especialista, mesmo porque apesar de sempre assistir a todos os filmes do gênero que me aparecem pela frente, ainda há muitas coisas que não vi. A idéia desse texto é simplesmente partilhar com você alguns dos meus elementos favoritos, aqueles que considero essenciais para uma boa película de medo destacar-se da mediocridade. E, se algum dia eu realizar o sonho de rodar uma produção do gênero, pode ter certeza que essas características estarão presentes.

E, como tudo nessa vida, trata-se apenas de uma questão de gosto pessoal, então se você discordar de mim, sinta-se à vontade para expor sua opinião e, por que não, apresentar seus próprios elementos para o seu filme de terror sair perfeito. Vamos nessa!

Um roteiro bem desenvolvido: parece até óbvio, mas um dos grandes pecados das películas do gênero é não desenvolver o roteiro. Parece que os roteiristas do estilo dão mais atenção às construções dos sustos do que ao desenvolvimento de uma história que prenda a atenção do espectador e o faça se identificar com os personagens e torcer por eles. Nada contra produções do tipo Sexta-Feira 13 (eu também adoro esses filmes), mas é impossível torcer pelas vítimas do Jason, pois é sempre a mesma coisa. Um bando de adolescentes babacas fazem o que não devem e praticamente pedem para morrer. Malditos pusilânimes! Foi-se o tempo de O Iluminado e O Exorcista, onde o roteirista despendia tempo desenvolvendo os personagens e a história, fazendo com que você se importasse com as pessoas retratadas, e, como conseqüência, ficasse apavorado diante das situações horríveis acontecidas com elas.

Desenvolvimento psicológico: este é quase uma continuação do tópico anterior. Fala sério, a maioria dos horrores simplesmente não usa isso. Como conseqüência, o realismo da película vai por água abaixo. Não basta dizer que determinado assassino é louco porque é sua natureza e pronto. É preciso dar algum background para os personagens. Veja só Hannibal Lecter. Ele é assustador porque o roteiro e o ator Anthony Hopkins souberam dar dimensão psicológica ao protagonista de O Silêncio dos Inocentes. Ele não é apenas um maluco, ele é um verdadeiro monstro e tem total consciência de sua condição. E isso é muito aterrador.

Bons atores: sem dúvida um dos pontos mais fracos do gênero, em especial do terror teen. São sempre aquelas meninas incapazes de passar desespero sem estourar os tímpanos do espectador com seus berros histéricos e aqueles caras bonitões com a capacidade de atuação de uma porta. Resultado, você torce para eles morrerem das maneiras mais sádicas possíveis. Eis alguns exemplos de excelentes atuações em filmes de terror, para você sacar a diferença: Jack Nicholson em O Iluminado, Mia Farrow em O Bebê de Rosemary e recentemente, Jennifer Carpenter em O Exorcismo de Emily Rose. Não precisa nem ser alguém famoso, basta ter talento. Simples assim.

Trilha incidental econômica: a trilha incidental, aliada aos efeitos sonoros, já é quase um pré-requisito para o gênero. No entanto, há de se saber como usar a música no terror. Muitos filmes abusam da trilha, permeando o filme todo com ela e tentando criar tensão em momentos onde absolutamente nada acontece, ou para enganar o espectador. Algo que me irrita muito. Eu odeio quando a música atinge picos quando um gato pula de algum lugar, ou um amigo assusta o personagem vindo de trás. Para mim, isso é picaretagem. As pessoas às vezes se esquecem que o silêncio pode ser algo muito assustador. Por isso, meu filme perfeito tem de ser econômico na trilha, usando-a somente em momentos onde o terror realmente está presente. Um bom exemplo de trilha assustadora é justamente os sussurros que permeiam todos os Sexta-feira 13.

Uma pitada de humor: convenhamos, um pouco de humor não faz mal a ninguém. Se for humor negro então, melhor ainda. Eu sempre gostei dessa mistura de humor com terror, e acho que esse crossover potencializa ainda mais o resultado final. Para mim, Sam Raimi e seu Evil Dead II são o melhor exemplo do que estou querendo dizer aqui. O filme é extremamente engraçado e ainda assim aterrorizante. Há também Peter Jackson e seu Fome Animal (um dos meus favoritos de todos os tempos), embora esse esteja assumidamente mais para o lado da comédia. E oras, até o mestre (e sério) Stanley Kubrick demonstrou um senso de humor cruel em O Iluminado (Here’s Johnny!).

Sangue e tripas: aqueles defensores de que quanto menos se mostrar melhor que me perdoem, mas eu penso o contrário. Para mim, um bom filme de terror tem de escorrer sangue, e bem na sua frente. Sim, não mostrar também é legal e às vezes bem mais assustador, mas no quesito diversão, eu sempre tiro maior proveito quando há tripas escorrendo, sangue pra todo lado, mutilações e por aí vai. Jogos Mortais e sua continuação que o digam, ou você acha que eles seriam tão bons se não fossem tão gráficos? Portanto, o meu filme perfeito tem de privilegiar esse lado gore.

Final surpresa: essa não chega a ser exatamente uma exigência minha, mas quando há um final surpresa bem feito, o filme ganha vários pontos comigo. No entanto, admito que esse tópico virou uma praga desde O Sexto Sentido. Milhares de outras produções sucessoras passaram a incluir uma grande reviravolta no fim e 99% delas é puro lixo. Portanto, o final surpresa não é essencial, mas se for um como o do filme de Shyamalan, então vou querê-lo na minha lista.

Bem, estes são os elementos indispensáveis para o meu filme de terror perfeito. Ainda que às vezes seja difícil combinar todos na mesma produção, para ela ser tremendona tem de ter no mínimo 75% deles. E se algum dia surgir um filme brasileiro que misture todos os elementos, não estranhe se você vir nos créditos “escrito e dirigido por Carlos Cyrino”. Ei, sonhar não custa nada. Quem sabe um dia.

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