Quem nunca leu e se deliciou com uma história em quadrinhos da Disney? Quem nunca se divertiu com as trapalhadas do Donald, Tio Patinhas, Mickey ou Pateta? (Nota do Carlos: Se você é alguém que nunca leu, pare de ler essa resenha agora e vá comprar uma! Que desaforo! Humpf!).
No Brasil a revista do Pato Donald começou a ser publicada em 1950, mas o personagem, está comemorando 70 anos de sua primeira aparição em um desenho animado do camundongo Mickey agora em 2004, e em comemoração a esta importante data, a Editora Abril preparou um presente mais do que especial para qualquer fã da Disney e dos quadrinhos que se preze. É a série O Melhor da Disney: As Obras Completas de Carl Barks.
Aí você, o nosso simpático, mas desavisado, leitor pergunta: mas quem diabos foi Carl Barks? Resumidamente, posso dizer que Carl Barks foi o mais importante e influente funcionário dos estúdios Disney, atrás apenas do próprio fundador Walt Disney.
Barks nasceu nos EUA em 1901, e já na década de 20, começou publicando tiras em quadrinhos nos jornais locais. Nos anos 30, seus trabalhos e a ótima técnica no pincel se destacaram, e ele foi contratado pelos estúdios Disney para trabalhar no desenvolvimento conceitual de personagens para os desenhos animados do Mickey & Cia.
Após mais de uma década, em 1943, Barks se cansou da vida nas telas e passa a se dedicar exclusivamente às histórias em quadrinhos do seu personagem favorito, o Pato Donald.
Além de ser um ótimo desenhista, Carl Barks também se destacou como um roteirista de primeira. Basta dizer que ele foi o responsável por desenvolver e consolidar o lado nervoso e atrapalhado de Donald, que hoje conhecemos e gostamos. Ele também foi o responsável pela invenção de Patópolis, a mais importante cidade do universo Disney, além da criação de seu mais célebre (e rico) morador: o Tio Patinhas.
Durante os 25 anos em que Barks escreveu e desenhou, praticamente, todas as revistas do Pato Donald nos EUA, ele colecionou os impressionantes números de 6 mil páginas e cerca de 500 histórias publicadas. É ou não é um motivo para se tirar o chapéu?
O escritor e desenhista tem um papel tão importante nas histórias em quadrinhos, que já foi recebido com honras de chefe de estado pelo governo de vários países, além ser uma das maiores influências declaradas de Steven Spielberg e George Lucas.
Infelizmente, Carl Barks nos deixou em Agosto de 2000, com quase 100 anos de dedicação aos patos mais importantes do mundo, mas a Editora Abril, em um ótimo trabalho de pesquisa e respeito, está publicando todas, isso mesmo, todas, as mais de 500 estórias escritas e desenhadas por Carl Barks.
É verdade que a grande maioria já foi publicada aqui no Brasil nesses mais de 50 anos de quadrinhos Disney em nosso país, mas nunca ouvi falar de iniciativa semelhante por aqui. Até porque, conseguir todos os originais com a matriz americana, reescrever as traduções das estórias (muitas das gírias usadas nas traduções originais não são mais usadas), tudo isso leva tempo e trabalho. Por isso, as publicações irão acontecer em 4 etapas (uma por ano até 2007), sendo que a primeira já está nas bancas e consta de 4 volumes (com 178 páginas cada) que abrangem os anos de 1954 a 1959 na carreira do autor.
Nestes primeiros 4 volumes, temos as estórias focadas no relacionamento entre Donald e seus sobrinhos, Huguinho, Zezinho e Luisinho (que já aparecem como escoteiros); além dos eternos momentos de rivalidade entre Donald e seu primo sortudo, Gastão. O Tio Patinhas também dá as bolas em algumas aventuras, e é interessante perceber a visão totalmente egoísta, e às vezes até mesmo maldosa o tio rico de Donald retratado por Carl Barks. Com o passar dos tempos, esse lado mais “malvado” do Tio Patinhas acabou atenuado e dando lugar a um pato pão-duro, mas com um bom coração. Aliás, falando em maldade, o próprio Donald se mostra bem intransigente com relação a seus sobrinhos, e em determinadas estórias, chegamos a ficar com dó dos pobres patinhos.
Outra invenção de Carl Barks, o Professor Pardal e seu inseparável Lampadinha, também dão as caras nas aventuras aqui presentes, sempre causando alguma confusão com suas máquinas, nem sempre, funcionais.
Cada volume tem um preço fixo de R$14,95. Para alguns pode até parecer um pouco caro, mas quando você reparar na qualidade do material disponível e do cuidado com que foi selecionado vai concordar comigo: gibis deste porte não têm preço. Para completar, cada edição traz um pouquinho da vida de Carl Barks e seu relacionamento com os estúdios Disney, além de uma introdução, antes de cada estória, contando alguma curiosidade ou informação sobre o que você estará lendo.
Essa coletânea é muito mais do que uma seleção das melhores histórias em quadrinhos Disney, é um verdadeiro tributo a uma das mentes mais importantes da nona arte. Simplesmente obrigatório.