O pessoal das “ideias” em Hollywood parece ter finalmente chegado ao fundo do poço. Depois de adaptar trocentos livros, HQs, games, filmes estrangeiros, séries de TV e até um brinquedo de parque de diversões, agora eles conseguiram a façanha de transformar em um filme de longa-metragem uma mísera cena de um clássico da animação.
Claro, estou falando de Fantasia e da memorável cena conhecida como O Aprendiz de Feiticeiro, que agora vira um filme de mesmo nome, trocando a animação por live action e o Mickey Mouse pelo Jay Baruchel, que você já deve ter visto em várias comédias adolescentes ou nos filmes da turminha do Judd Apatow.
Na trama, Balthazar (Nicolas Cage) é um aprendiz de ninguém menos que Merlin, encarregado de encontrar e treinar um feiticeiro predestinado a derrotar Morgana Le Fey, que por sua vez pode voltar à ativa a qualquer momento, graças aos esforços do traidor Horvath (Alfred Molina, vulgo Dr. Octopus). E, claro, você já sabe quem será o protegido de Balthazar (eu dei a dica no parágrafo de cima).
Mais simples do que isso impossível. Depois de apresentada a trama, posso dizer também que o filme está repleto de ação acelerada cheia de luzes e efeitos, comédia, romance e altas confusões do balacobaco no mundo da magia.
Também está cheio de clichês e as piadas são manjadas. As cenas de ação são abundantes e muito bem feitas, sem dúvida o ponto alto da película, mesmo que não sejam inovadoras. Ah, e Nicolas Cage passa o filme inteiro soltando hadoukens (sério, é igualzinho!). Mesmo com todas essas derivações, até que o negócio é bem legalzinho. Não sei se é porque eu estava de bom humor ou por esse ser um gênero (magos e afins) do qual nunca espero grandes coisas, mas realmente me diverti durante a projeção.
Quanto à cena que deu origem à obra, a famosa sequência das vassouras e esfregões, óbvio que ela não poderia faltar, mas é uma cena curtíssima, e veja só que irônico: ela não tem a menor importância para a narrativa. Garanto que só não foi cortada porque aí já seria abusar da amizade. Afinal, fazer um filme inteiro baseado numa única cena e nem mesmo tê-la presente iria deixar muita gente irada.
Agora, pecado mesmo, na minha opinião, foi o pouquíssimo tempo de tela dado à Monica Bellucci, que interpreta outra discípula de Merlin. Dá para contar nos dedos quantos minutos ela aparece. Eu tenho uma ideia que pode interessar ao povo de Hollywood: ao invés de adaptarem uma cena de um desenho, eu adaptaria a Monica Bellucci. E só. Precisa de mais alguma coisa?
O Aprendiz de Feiticeiro pode estar longe de ser um exemplo perfeito do cinema de fantasia, mas mesmo assim ainda é bem agradável de assistir. Para os fãs de Harry Potter e seus derivados, creio ser uma boa opção.