Embora ainda não tenhamos tido o prazer de ver um filme realmente bom baseado em games, convenhamos que adaptar alguns jogos faz sentido. Max Payne, por exemplo, é um jogo com personagens fortes e uma história caprichada. Outros, como Uncharted e God of War, também fazem sentido. Agora levar Need For Speed para a tela grande é surpreendente.
Nem toda iteração da anual franquia Need For Speed tem história, e mesmo quando tem, é uma história fraca, com a qual ninguém se importa. Em seu melhor, os jogos da série são quase adaptações dos filmes Velozes e Furiosos, o que faz com que um filme seja não apenas desnecessário, mas uma adaptação da adaptação. O prognóstico não é muito positivo, mas será que o filme é capaz de nos surpreender?
BREAKING FOR SPEED
A história deste longa de Need For Speed é uma bagunça. Tão absurda, aliás, que fica até difícil fazer uma sinopse. Mas eu vou tentar. Tobey Marshall (Aaron Paul, o Jesse de Breaking Bad) é injustamente acusado de matar o seu melhor amigo em um racha.
Sedento por justiça, ele decide entrar em uma corrida secreta e ilegal, na qual apenas corredores convidados podem participar. O plano dele é que, vencendo essa corrida, ele consiga provar que Dino (Dominic Cooper) é o verdadeiro culpado. Como? Senhoras e senhores, este é o Chewbacca, e isso não faz sentido.
Aliás, nada faz sentido neste filme. Em determinada cena, o caboclo está saindo de um estacionamento e um caminhão aparece do nada e capota o carro. Ora, ele não olhou antes de sair do local? Não era para ele ser um motorista pintudo? Outro personagem, ainda, é um piloto que aparece a toda hora em um helicóptero ou um avião diferente. Onde ele arranja tanta aeronave? Ora, delfonauta, você sabe que este é o Chewbacca e isso não faz sentido.
Normalmente eu critico muito os roteiros por serem clichês. Não é o caso deste filme. O roteiro de Need For Speed não é clichê, é mal escrito mesmo. Arrisco dizer que temos aqui o roteiro mais absurdo e cheio de furos de que se tem notícia, um verdadeiro merecedor de Framboesas de Ouro.
NEED FOR BAD
Ainda assim, você deve ter percebido que a quantidade de Alfredos ilustrando esta resenha o coloca acima da média. Isso se deve às cenas de corrida e ação. Pois é, delfonauta, elas são boas, e aparecem em profusão.
Apesar de não se basear em uma iteração específica da longeva franquia, Need For Speed – O Filme empresta bastante dos jogos. Os cenários das corridas são bem parecidos, tem polícia, tem takedowns, tem drifting. Só não tem muito carro tunado, mas todas as outras características dos games estão aqui, inclusive as corridas no meio dos carros civis.
Talvez o game que mais influenciou o longa tenha sido Need For Speed – The Run. No jogo, o protagonista participa de uma corrida que atravessa os EUA. Aqui, Tobey Marshall também atravessa os EUA, mas faz isso para chegar na corrida principal. Para conseguir seu objetivo, ele tem que correr contra o relógio.
Além de serem frequentes, as cenas de ação são divertidas, cheias de acrobacias, carros explodindo, helicópteros, perseguições e afins. Tem carros capotando em câmera lenta, um monte de batidas e pulos. Enfim, tem muita coisa legal a ser vista por aqui.
O problema é mesmo o péssimo roteiro. Aqui no DELFOS costumamos falar que filmes de ação não precisam de história. Exemplos não faltam. Mandando Bala, por exemplo, é um filme maior legal com um fiapo de história. Para falar em adaptações de games, até mesmo o nosso fictício filme de Contra vai por essa linha.
Porém, existe uma diferença entre um fiapo de história do tipo “desligue seu cérebro e divirta-se” e uma história cheia de furos sem sentido. Need For Speed – O Filme, é praticamente um videoclipe, com um monte de cenas legais, mas totalmente desconexas. Recomendado para quem está a fim de ver umas acrobacias, explosões e velocidade. Não recomendado para quem não abre mão de um bom roteiro.