Nazareth

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Confesso que não estava muito ansioso para esse show. Era uma fria noite de quarta-feira, daquelas que a melhor coisa para fazer é ficar em casa enrolado em um cobertor quentinho.

Ao entrar no Olympia, reparei algo que nunca tinha reparado antes (pois é, eu sou meio desligado): os quadros com os shows que já aconteceram na casa. E já teve muita coisa legal, desde Rainbow a Steve Vai, grandes nomes da música tocaram nesse palco.

Marcado para começar às 21:30, as luzes se apagaram apenas por volta das 22:15, quando uma longa introdução com um clima oriental começou a ser tocada. Depois de um bom tempo, três simpáticos senhores e um mais jovem (o baterista Lee Agnew, filho do baixista Pete Agnew) entram andando no palco, plugam seus instrumentos, cumprimentam a platéia e dão início ao show. E que show! Logo nos primeiros acordes, meu mau humor inicial se transformou em empolgação. Miss Misery, música com um andamento lento e pesado, que chega até a lembrar o Black Sabbath foi uma das primeiras músicas, me surpreendendo com o peso e a energia dos velhinhos. Quando ela terminou, o vocalista Dan McCafferty, empolgado, gritou “Vamos quebrar tudo!” assim mesmo em português, denunciando que ainda vinha muito Rock por aí.

Durante a terceira música, como de praxe, os seguranças expulsam os fotógrafos do chiqueirinho e, para minha surpresa, somos direcionados ao camarote. Fui procurando por uma cabine onde pudesse entrar até que reconheci alguns colegas fotógrafos, todos reunidos na mesma cabine. Pedi permissão para me juntar a eles (ei, eu sou um cara educado ) e de lá pude me concentrar no show e nas anotações que me auxiliariam nessa resenha.

A primeira balada a ser tocada no show foi a bela Dream On, que não foi tão bem recebida pelo público, que parecia estar mesmo a fim de ouvir aquele Rockão que tanto gostamos. Rockão esse que veio logo em seguida. “A próxima música é sobre sexo”, anunciou Dan e começaram a tocar a fantástica Bad Bad Boy, um tremendo Rock n’ Roll, cheio de licks de guitarra, que foi uma das mais divertidas da noite.

Love Leads To Madness veio a seguir, e conta com um belo refrão, com aquele tipo de melodia que gruda na cabeça. O sucesso This Flight Tonight foi a próxima (quem curte Heavy Metal deve se lembrar desta música pelas ótimas versões gravadas pelo Iron Savior e pelo Heavens Gate). Essa música, apesar de ser uma das mais conhecidas da banda e ter sido muito bem recebida, não foi uma das mais legais do show. Quem conhece a banda sabe que eles têm músicas muito mais legais, como ficou claro no show.

Um pequeno solo de bateria (pequeno mesmo, mais ou menos uma introdução) e começaram a pesada Expect No Mercy, durante a qual Dan aparece no palco com uma gaita de fole (ou com algo muito parecido, não sou exatamente um expert em instrumentos exóticos). Essa música foi outro destaque, pois além da gaita e do fato dela ser muito legal ainda teve uma grande participação da platéia.

Um mini solo de guitarra e uma das maiores babas da história é iniciada: Love Hurts, música cujo som provavelmente embalou a concepção de muitos que estão lendo hoje esta resenha. Também muito bem recebida (é claro, já que é famosíssima) Love Hurts encerrou a primeira parte do show. A banda se despede e sai do palco.

Alguns minutos depois, o baterista Lee Agnew volta ao palco com a bandeira do Brasil, senta no seu instrumento e começa a tocar. Pouco depois, o papai Pete Agnew se junta a ele, seguido do guitarrista Jimmy. Mandam Cocaine (cover de JJ Cale) e o show termina definitivamente.

Apesar de ter sido muito curto (80 minutos), foi um dos melhores shows que presenciei este ano. O grande destaque vai para o vocalista Dan McCafferty, que apesar de estar com quase 60 anos continua com aquele vozeirão rasgado, potente e, principalmente, pesado pra caramba! O único defeito foi a falta de presença de palco da banda que, provavelmente devido à sua idade, passaram a maior parte do show parados na sua parte do palco. Mas vamos pensar pelo lado bom, pelo menos isso facilitou o trabalho dos fotógrafos.

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