Motörhead – Kiss of Death

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Passados apenas dois anos do vibrante Inferno, o Motörhead manda seu sucessor, Kiss Of Death. Discursar a respeito de toda a importância que a banda teve e continua tendo, assim como dizer que seu som robusto agrada ao mesmo tempo punks, headbangers e até trues seria redundância. Então, vamos ao que de fato interessa.

Neste disco temos os tradicionais petardos que perambulam sem qualquer receio pelo Rock/Metal/Punk (vide a abertura Sucker), com Lemmy cravando firme suas marcas registradas: o inconfundível vocal e o baixo ultra-distorcido. Não se pode, porém, dizer que o Motörhead é uma dessas bandas de um homem só. O power-fucker-trio soa como um perfeito conjunto, uma empolgante e infernal trindade com as competentes performances de Mikkey Dee e Phil Campbell.

Para aqueles que ainda mantém o velho discurso que o Motörhead apenas repete suas velhas fórmulas desde o fabuloso Overkill, aqui há uma balada: God Was Never On Your Side. Sim, meu caro delfonauta, embora isto possa até parecer uma blasfêmia, trata-se da mais pura verdade. Contudo, a participação especial neste som do guitarrista do Poison, CC DeVille, chega a ser inusitado. É sem dúvida o momento mais descontraído do álbum, afinal, um integrante dos reis do Glam tocando com Lemmy e seus comparsas é, no mínimo, interessante.

Além disso, merece destaque também o Blues peso-pesado, Under The Gun e os implacáveis descarregos de Mr. Dee na formidável Devil I Know, além da levada característica presente em One Night Stand e Christine.

Logo depois, como um rolo compressor desgovernado, Trigger esmaga-nos com velozes riffs e solos concretos. Em contraste com esta erupção de riffs, temos a cadência de Be My Baby. Para os headbangers mais xiitas, as boas Kingdom Of The Worm (semelhante a Sacrifice) e Going Down agradarão em cheio.

Talvez o fato que mais me chamou atenção quando ouvi o disco é que, ao contrário da maioria das bandas que já tem algumas décadas de estrada, o som do Motörhead continua em boa forma, encorpado e ensandecido. É certo que não há a mesma usina performática de outros tempos, mas o vigor com que esses britânicos destroem seus instrumentos é inegável. Sinal de que, para a sorte de nossos ouvidos, ainda teremos bons trabalhos nos próximos anos, já que o trio não demonstra esmorecimento, apatia ou mesmo cansaço.
Um grande álbum, afinal, não me lembro de ter usado em outra resenha tantos elogios para um só disco. A irrefutável prova de que, apesar dos mais de 60 anos, e apesar dos infinitos litros de álcool ingeridos, o velho Lemmy e sua tropa continuam firmes e ensandecidos. Afinal, eles são o Motörhead! E Eles tocam Rock and Roll!

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