Moana: Um Mar de Aventuras é o novo desenho Disney, que chega agora aos cinemas para começar bem este 2017 cinematográfico, além de continuar o empoderamento de suas protagonistas femininas iniciado com Frozen. Antes disso, contudo, foi exibido o tradicional curta-metragem animado antes do prato principal.
REPRISE
E não é que o curta exibido foi exatamente o mesmo que já havia sido mostrado aos jornalistas na cabine de Snowden (logo, clique no link para saber mais sobre ele)? A diferença é que agora Internal Workings of the Human Body foi rebatizado como Trabalho Interno e faz muito mais sentido ele passar antes de um longa animado do que como preâmbulo para um filme do Oliver Stone. E ele resiste bem a uma reassistida, continuando bem divertido.
SE VOCÊ USA VESTIDO E TEM UM BICHINHO DE ESTIMAÇÃO, VOCÊ É UMA PRINCESA
Agora sim, passemos ao prato principal. Moana conta a história de… bem, de Moana (dã), a filha do chefe de tribo que habita uma ilha da Polinésia. No entanto, quando os recursos naturais do lugar começam a acabar, a garota terá de se lançar ao mar para cumprir uma tarefa muito importante.
Acontece que o semideus Maui (voz do The Rock na dublagem original) roubou uma pedra que seria o coração de uma ilha-deusa, o que lançou uma maldição mundo afora e é a causa da decadência do lar de Moana. Ela terá então de encontrar Maui e convencê-lo a devolver a pedra ao seu lugar de origem, restaurando assim o equilíbrio natural.
O filme apresenta uma simpática aventura com cara de matinê e elementos sobrenaturais inspirados pelo folclore dessa região do mundo, que, se não é exatamente a coisa mais original que a casa do Mickey nos apresentou, por outro lado também funciona muito bem requentando esses elementos já testados e comprovados e que certamente farão a alegria da criançada.
Visualmente, a coisa é uma beleza. Coloridíssimo e beirando a perfeição em termos de cenários, a ambientação cheia de ilhas e criaturas marinhas é de encher os olhos, até mesmo misturando em determinado momento estilos diferentes de animação. E a ideia de fazer uma das tatuagens de Maui interagir com ele também rende boas piadas visuais.
Como sempre, há um personagem que rouba a cena ao casar perfeitamente design com a animação. Quem fica com o título neste é o frango retardado que acompanha Moana em sua aventura. Só olhar para os olhos dele já é capaz de arrancar gargalhadas. É fato, animais com problemas mentais são hilários!
A relação entre Moana e Maui também funciona muito bem e rende várias situações bem-humoradas e a menina é mais uma protagonista forte que foge dos antigos estereótipos das princesas Disney, o que certamente agradará a porção feminina da plateia.
Como já disse, depõe contra o fato de que seu roteiro não é nada original, reciclando situações de histórias típicas de jornadas heróicas. Se, como também falei, na maioria das vezes isso não chega a ser um problema, por outro lado coisas como a inevitável parte onde os personagens brigam e se separam para voltarem a se reunir num momento deveras oportuno é algo que poderia passar sem.
E os números musicais, por Belzebu, como são chatos! Eu sei que deveria esperar o contrário, mas toda vez que vou ver um desenho Disney, por algum motivo eu nunca vou achando que vai ter cantoria. E quando ela acontece eu sempre fico surpreso e enfastiado!
Nesse caso não foi diferente. Ainda bem que ele não é um musical propriamente dito. Deve ter uns cinco números no total, só que toda vez que eles começam, quebram o ritmo da narrativa. É como se a história ficasse em suspenso até que a música acabe e ela possa ser retomada. Não bastasse minha já famosa birra com cantorias gratuitas, ainda há esse problema no andamento do filme causado pelas malditas musiquinhas.
A coisa é tão ruim que em todos esses momentos eu estava curtindo o filme, tendo me esquecido completamente das músicas. Aí uma delas começava e eu afundava na poltrona e bufava, porque era praticamente como se a coisa entrasse num intervalo comercial. Ficava chato, arrastado e eu me imaginava instantaneamente em qualquer outro lugar, menos ali. Daí a música acabava, o filme reengrenava, eu voltava a curtir e o processo se repetia.
As músicas intrusivas, mais que o roteiro preguiçoso, foram as grandes responsáveis por Moana não ter angariado um número de Alfredos maior. Isso deixa o longa não no mesmo nível de exemplares mais recentes do estúdio, mas ainda com qualidade mais que suficiente para divertir os pequenos. Pode levar sua criança ao cinema sem medo, que elas vão curtir.