Nos anos 90, um “casal” começou a aparecer na tela dos cinemas estrelando alguns dos filmes dirigidos pelo “nerdmaster” (segundo os próprios nerds) Kevin Smith, como Dogma, por exemplo. Esse “casal” era Ben Affleck e Matt Damon. O início dos anos 2000 trouxe o “divórcio” dos dois seguido do tumultuado casamento de Ben com Jennifer Lopez formando a dupla dinâmica carinhosamente chamada de “Bennifer”. Provando qual dos dois gostava mais, Smith deu um pé na bunda de Damon (ou seria o contrário?) substituindo-o por Lopez em seu novo filme (embora Matt ainda faça uma ponta em Menina dos Olhos). Isso até que Contato de Risco se tornou um dos maiores recordistas em Framboesas de Ouro (prêmio que homenageia os PIORES filmes do ano) da história, levando Kevin a fazer de tudo para diminuir a participação de Lopez em seu filme. E para conseguir o que quer, ele faz qualquer coisa. Até matá-la!
Essa introdução sinistra foi apenas para chamar sua atenção e fazer você ler o resto da resenha, embora tudo nela seja verdadeiro. Até a parte do assassinato. Mas não se assuste, amigão. Lopez morre apenas no filme (e logo no começo, então não precisa me xingar por ter contado o final do filme), deixando o maridão Ben Affleck (que no filme se chama Ollie Trinke) sozinho para cuidar da filhota recém-nascida.
Menina dos Olhos é uma comédia romântica com um toque nerd (cortesia de Kevin). Curiosamente, a distribuidora Lumiere optou por realizar a cabine deste filme um dia depois da sessão para imprensa de Como Fazer um Filme de Amor (que também é da Lumiere e cuja resenha você confere semana que vem aqui no DELFOS, junto com entrevistas com o diretor e elenco) que tem por objetivo justamente satirizar todas as comédias românticas demonstrando todas as suas fórmulas de roteiro. Parece até que a distribuidora quis usar Menina dos Olhos para provar a veracidade do outro filme. E está tudo presente aqui. Desde “o primeiro encontro tem que ser hostil” até o número musical do final. Bizarro é pouco.
Como não sou muito fã de comédias românticas e devo ser um dos poucos nerds que não idolatra o Kevin Smith, achei o filme bem chatinho. Confesso que dei umas risadas aqui e ali, mas nada que valesse os salgados 16 reais do ingresso do cinema em São Paulo. Acho que está mais do que na hora dos roteiristas de Hollywood (que no caso é o próprio Kevin) saírem um pouco das fórmulas que eles mesmos criaram. E com isso não me refiro ao final feliz, pois isso é essencial para o grande público sair feliz do cinema, mas à forma com que o roteiro chega nele. Faça o teste. Assista Como Fazer um Filme de Amor e, logo em seguida, assista Menina dos Olhos e você vai ver quão previsível o cinema está ficando. Pois é, “nerdmaster”. Dessa vez você ficou devendo.