Mega Man 11 foi lançado há alguns dias. É o primeiro jogo da franquia em oito anos! Você conferiu o nosso review e viu que o jogo não decepciona. Agora, é a hora de termos outra conversa na seriedade.
Vamos falar de adulto para adulto sobre Mega Man 11. Estou bem perto dos meus 30 anos. Fora a morte iminente, outra certeza que vem com a idade é como gosto de Mega Man. Só que isso, segundo meu círculo familiar (i.e.: noiva, pais, animais de estimação), é um problema.
Com a minha empolgação por Mega Man 11 (eu chorei no primeiro trailer), novamente, eu me vi passar por aquela situação desconfortável de ter de justificar minha paixão. “Você vai escrever sobre o Mega Man de novo? Quando vai pintar a casa?”.
Veja bem: Mega Man 11 é um jogo raiz. A Capcom não decepcionou. Por isso mesmo, a franquia voltou com tudo neste ano e você precisa jogar. Hoje, vou provar o porquê disso. Como? Rebatendo todos os argumentos esdrúxulos que já ouvi sobre o meu robô azul favorito!
Toda vez que você e eu recebermos críticas de alguém pouco esclarecido sobre Mega Man, poderemos mandar este texto. Agita aí seu grupo família. Hoje, não vai ser Bolsomito vs Petista. Hoje, vai ser fãs de verdade de Mega Man VS geração Nutella!
Vem comigo, porque o primeiro argumento contra Mega Man 11 é estapafúrdio.
Mega Man 11: “este jogo é para crianças”
Não, amigona! Mega Man 11 e todos os jogos anteriores são para adultos da geração X. Existe um preconceito nos games hoje em dia para qualquer coisa colorida em 2D. O que ninguém entende é que estes são os jogos mais difíceis já feitos. Qualquer Zé Mané consegue terminar um Assassin’s Creed. Quero ver um cara terminar um Donkey Kong sem despejar lágrimas.
Sabe por que só adultos conseguem jogar Mega Man 11 hoje em dia? Porque eles foram crianças nos anos 80 ou 90. Aqueles anos foram roots. Guerra Fria, governo Collor. O negócio era tenso. Quem jogava Mega Man 30 anos atrás tinha força de vontade! E, talvez, era pobre.
Agora, compare com os abastados millennials de 2018. Estes pentelhos não conseguem dedicar tempo e atenção para o nosso robô azul favorito. Preferem ficar mexendo no celular ou, na melhor das hipóteses, jogar PUBG, Fortnite ou Minecraft!
Esse pessoal, quando tiver 20 anos, vai receber uma ordem do chefe. Depois, vão ficar vagando, perdendo atenção com qualquer coisa e fazendo algo que ninguém pediu. Eles perdem a atenção fácil e são presas fáceis para um jogo de concentração como Mega Man.
Mega Man 11: “você só gosta disso hoje porque jogou quando era pirralho”
Vou te contar um segredo. Quando eu era pequeno, tinha apenas um Super Nintendo. Meus amigos, apenas PlayStation. Então, por um mau planejamento de concepção da parte de minha mãe, nasci depois do auge do Nintendinho. Ou seja, só joguei Mega Man 7 e 8 na infância.
Fui realizar o sonho de jogar Mega Man 2 na dificuldade normal (que é o modo easy no Japão) apenas com 25 anos. Lembro-me como se fosse hoje. Cheguei em casa, após um dia desgastante no trabalho, e adquiri o jogo para o finado Wii U. Eu finalmente tinha aprendido a comprar coisas digitais com o cartão da Eshop (não ria, é tão difícil quanto uma fase do Mega Man).
A experiência foi incrível! Escolhi a fase do Bubble Man. Após o ataque epilético, joguei a fase inteira e morri apenas 15 vezes. É muito pouco para um Mega Man, mas não desanimei. Resolvi encarar o estágio do Heat Man. Ali o meu robô azul caiu umas 30 vezes!
O ponto é: vivenciei alguns dos melhores momentos da franquia há apenas alguns anos. Nunca é tarde para conhecer Mega Man. Então, não é porque eu jogava quando pirralho. Gosto porque eu jogava quando pirralho, jogo Mega Man 11 hoje e minha meta é terminar os outros 130 jogos até o final da vida!
Mega Man 11: “mas ele só pula e atira”
É, cansa ouvir isso. O básico do Mega Man é, sim, pular e atirar. Às vezes, ok, ele dá uma escorregada aqui ou ali. Qual é o problema? A geração do mundo aberto não consegue valorizar algo simples, mas complexo. Não é ambíguo, vou explicar.
O ser humano precisa de foco. Não dá para fazer duas coisas ao mesmo tempo. O que isso tem a ver com Mega Man? Tudo! Foco é algo difícil de ter hoje em dia. Nós temos estímulos e distrações demais. É cada vez mais raro encontrar um desafio interessante, com objetivos específicos e uma recompensa clara ao final.
Mega Man trouxe isso de forma genial com a sua fórmula de escolher a ordem que você irá enfrentar os chefes e, após vencê-los, ganhar as armas deles. E as fases são dificílimas. Porque sem desafio, não teríamos interesse.
Nós só aprendemos na tentativa e erro. Se você quiser ser teimoso e insistir no erro, tudo bem, mas é por sua conta. Porém, a beleza de Mega Man é que os espinhos e buracos que destroem seu personagem de imediato garantem que você aprenderá a jogar. Isso é arte.
Mega Man ensina a fazer as coisas com objetivo. E fazer as coisas do jeito certo, com objetivo, traz resultados. Pode ser chegar a um checkpoint ou vencer aquele robot master que te explodiu da última vez. Portanto, Mega Man pode passar a maior parte do tempo pulando e atirando, sim. Mas há uma senhora profundidade nessas ações simples.
Mega Man 11: “esse jogo é a mesma coisa que os anteriores”
Ah, essa afirmação pífia é para chutar o balde de vez! Você acha mesmo que a Capcom teria lançado mais de 130 jogos da franquia se fosse tudo a mesma coisa? Você não acha que os fãs de 30 anos teriam desistido da franquia se não houvesse inovação?
Quando ouço um negócio desses, costumo perguntar: “você viu o trailer do jogo”? Mega Man 11 tem as mecânicas de speed e power gears. A primeira é um bullet time num jogo de Mega Man. Isso aqui é inédito.
Como disse na resenha de Mega Man X Legacy Collection 1 + 2, cada jogo da série tem seu charme. Ok, a vertente clássica reciclou bastante com Mega Man 9 e 10. Porém, um Mega Man reformulado é sempre melhor que nenhum Mega Man.
Os fãs estavam órfãos da série clássica há muito tempo. A nossa vontade era de jogar um Mega Man novo, não mais uma versão igual aos clássicos. Tanto que todo mundo apoiou o Keiji Inafune, criador do Mega Man, a fazer o Mighty Number 9 anos após ter saído da Capcom. Mais um mito derrubado com argumentos fortes. Falta um!
Mega Man 11: “você deixa de passar tempo comigo por causa desse jogo”
A vida adulta é feita de prioridades. Vamos fazer uma reflexão básica aqui, porque sei que esse tema é complicado e tem até livros a respeito. Mas com o meu raciocínio você vai dividir melhor seu tempo, entender o que é prioridade e, portanto, jogar Mega Man 11. Não só isso, você vai convencer os outros de que jogar Mega Man é importante.
Lembra que eu falei lá em cima que não dá para fazer duas coisas ao mesmo tempo? Pois é, um dos significados disso é que, quando você jogar Mega Man, você não vai fazer outra coisa. Isso inclui ouvir Spotify e acompanhar vídeos de YouTubers!
Seu dia tem 24 horas. Agora, vamos supor algumas coisas. Provavelmente, você trabalha ou está ocupado com alguma atividade de fazer dinheiro por, pelo menos, oito horas. Importante, porque sem dinheiro você não compra jogo.
Se sua sorte for igual a minha, você pega condução para trabalhar. Então, menos três horas. Aqui, uma dica. Se você escreve e tem um blog (hoje é modinha), deveria aproveitar o tempo da condução e produzir no busão mesmo. Eu escrevi trechos deste texto da volta do trabalho para casa.
De volta ao tema, vamos reservar 10 horas para o seu sono, café da manhã, almoço, jantar, escovar os dentes, tomar banho. Sim, sobraram três horinhas preciosas do seu dia para você fazer outra coisa. Ou seja, é pouco tempo para usar com algo que não é importante.
Mega Man 11 está aqui, finalmente. E tem gente reclamando. Tem gente falando que você precisa lavar roupas e se preocupar com as eleições. A escolha é sua, e lembre-se de deixar isso bem claro pra quem pega no seu pé.