Masters Open Air: um desabafo

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O que todos temiam, mas no fundo já estavam esperando, foi confirmado: o festival Masters Open Air, que prometia trazer de volta os grandes festivais de Rock e Heavy Metal ao Brasil, foi mesmo cancelado.

Para quem já vinha acompanhando as notícias com relação ao MOA nos últimos meses, esse último parágrafo foi decepcionante, mas não surpreendente, pelo simples motivo que, desde quando o evento foi anunciado, já havia o cheiro de alguma coisa errada no ar.

Vamos aos fatos: primeiro o festival foi anunciado para o Estádio do Pacaembu, mas depois teve seu local alterado para o PÉSSIMO Anhembi, que não tem estrutura nenhuma para receber um show deste porte, basta lembrar o Iron Maiden / Helloween em 1998 e o Metallica no ano seguinte.

Em seguida tivemos o cast anunciado. A produtora Showmaster, responsável pelo evento, prometia nomes de peso do Rock/Metal internacional, mas as bandas divulgadas para integrar o evento foram: Overkill, Doro, Rotting Christ, Circle II Circle, Nevermore e Uriah Heep. De todas essas bandas, podemos dizer que apenas o Uriah Heep pode ser considerada realmente de primeira linha, as demais bandas não chegam a chamar muita a atenção, especialmente se lembrarmos os participantes do falecido Monsters of Rock, que trouxe ao Brasil nomes como Ozzy Osbourne, Black Sabbath, Kiss, Iron Maiden, Helloween, Savatage, Manowar, Dream Theater, Saxon, Slayer, Megadeth, Mercyful Fate, King Diamond e por aí vai.

Depois tivemos a data alterada do dia 17/07 para o dia 24/07. Com a alteração, os problemas começaram a tomar proporções catastróficas, pois, primeiro, a alemã Doro cancelou sua apresentação alegando incompatibilidade de agenda com a nova data marcada (um exemplo de desorganização, pois a cantora afirmou que não foi sequer consultada pelos promotores sobre a possibilidade da nova data). Ela foi substituída por ninguém mais e ninguém menos que o mala do Blaze. Para piorar, uma das grandes expectativas para o festival, o Circle II Circle, banda do ex-vocalista do Savatage, Zak Stevens, também cancelou sua participação no evento devido a um problema de um de seus integrantes com a nova data. O porque de seu cancelamento ter acontecido apenas depois da Doro é um enigma. Mas tudo bem, pois eles haviam sido substituídos pelo Evergrey, uma banda de Metal Progressivo que eu, particularmente, não conheço, mas já ouvi falar muito bem, e até estava com uma certa expectativa em assisti-los.

As bandas nacionais mesclavam competência com inexperiência. Um grande exemplo da competência está na escalação dos veteranos do Korzus, que deram um show (literalmente) na última edição do Monsters em 1998 e mostraram que se dão muito bem neste tipo de evento; Mas por outro lado temos o Thalion. Nada contra a participação dos caras em um grande festival, mas honestamente o cacique da banda deve ser muito forte porque eles mal acabaram de lançar o primeiro CD e já estão participando de um festival que poderia ter incorporado, no lugar do Thalion, uma banda mais experiente em cima dos palcos. Não estou desmerecendo a galera da banda, nada disso, só acho que eles ainda são muito novos e inexperientes para segurar a bola em um evento como esse e poderiam se queimar sem necessidade ainda no início de carreira. Aliás, o Thalion fez falta no BMU, diga-se de passagem. Seria o palco perfeito para eles mostrarem trabalho.

Falando em BMU, na semana passada, no Directv Music Hall, havia algumas pessoas distribuindo “mini-revistas” promocionais com a biografia de todos os participantes do MOA. A revista incluía até uma promoção para batizar o mascote (de muito mau gosto por sinal) do festival e ganhar ingressos. Mas alguma coisa estava errada, e eu já imaginava que o cancelamento total, após tanta confusão, era apenas uma questão de tempo.

Não deu outra, no dia 15/07, por volta das 17 hs, o site da revista Rock Brigade publicou a informação em primeira mão de que o MOA fora adiado. Mas a notícia simplesmente sumiu da página algumas horas depois. Ontem, no entanto, dia 16, chegou no e-mail do DELFOS a confirmação oficial pela própria produtora Showmaster de que o festival Masters Open Air foi adiado por tempo indeterminado e os caras ainda foram cínicos e irônicos na declaração: “Aguardem informações sobre a nova data e como será o procedimento para quem quiser devolver ingresso”. Ora, depois de tanto desrespeito com o público headbanger, eles ainda esperam que nós acreditemos que uma nova data será realmente marcada “em breve”? E “quem quiser devolver os ingressos”, como assim? É lógico que eu vou querer meu dinheiro de volta. Nas palavras do vocalista do Uriah Heep, Bernie Shaw, para o jornal O Estado de São Paulo sobre a primeira edição do MOA ter sido cancelada pela desorganização: “É o primeiro (festival organizado pela Showmaster) e espero que seja o último”.

E eu ainda complemento: será que alguém pensou nas caravanas que estavam sendo formadas vindas de outras cidades com ônibus alugados e bilhetes já comprados? Será que alguém pensou nas pessoas de outros estados que já tinham comprado a passagem aérea para prestigiar o festival? E esses, como ficam? Basta dar uma navegada pelos fórums e chats de páginas de Rock para se perceber que os exemplos citados acima não são raros.

Espero de coração que eles calem a minha boca e tragam um bom festival de Rock e Heavy Metal, o público brasileiro está precisando e será muito grato, mas vamos colocar a mão na massa e agir com profissionalismo e responsabilidade da próxima vez.

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