Mafia

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Há pouco mais de um mês, escrevi a resenha do jogo Simpsons: Hit & Run, onde mencionei que ele fazia parte da nova safra de clones do sucesso GTA 3. Na ocasião, eu disse também que o fato de um jogo ser clone de outro, não significa que ele será necessariamente ruim. Infelizmente, o jogo da família Simpson decepcionou em quase todos os aspectos se o compararmos com a sua matriz.

Agora vamos falar de um caso oposto, onde o clone superou o original. Estou falando do fantástico Mafia para PC. À primeira vista, Mafia pode parecer um destes jogos genéricos lançados no mercado nos últimos anos, mas quando começamos a nos aprofundar em sua estória, sua ambientação, seus personagens, percebemos que ele é um caso raro, que uniu com perfeição um ótimo roteiro (e há quanto tempo não víamos uma estória que realmente chamava a atenção em um game?) com gráficos maravilhosos e sem sobrecarregar o computador.

A estória começa nos anos 20, em uma cidade americana imaginária chamada (sabiamente) Lost Heaven. Aos poucos somos apresentados ao frustrado taxista Tommy Angelo, um rapaz com muitos sonhos e poucas perspectivas na vida, afinal Tommy vive em uma época onde a metralhadora dos gângsteres valia mais que toda a justiça (Nota do Carlos: Hum… parece que não mudou muita coisa da década de 20 para a nossa época).

A vida de Tommy começa a mudar, justamente, quando ele recebe uma proposta irrecusável para deixar sua vida honesta e entrar no mundo do crime como mais um “soldado” do mafioso Don Salieri, um dos chefões do crime na infinita guerra de gangues, que realmente acontecia, naquela época, nas grandes cidades norte-americanas.

Vale lembrar que você joga e participa ativamente de todo este processo, desde a tediosa vida de taxista da cidade grande até a entrada no mundo do crime, primeiro com missões simples para depois entrar em uma frenética batalha contra os outros chefões. Como não poderia deixar de ser, a estória tem várias reviravoltas e traições.

O estilo do jogo é muito parecido com GTA 3. Você tem total liberdade para roubar um carro na rua, cumprir uma determinada missão (escolta, perseguição, assassinato, etc), voltar para sua “base”, salvar o jogo, sair novamente e por aí vai. O diferencial é que as missões do Mafia são todas muito interessantes e importantes no seu enredo (ao contrário do que ocorria com os Simpsons). Em um determinado momento, você chega até mesmo a participar de uma corrida, incrivelmente realista, e muito melhor que muitos simuladores exclusivos de automobilismo que encontramos por aí. Você ainda tem algumas missões paralelas para cumprir, que liberam carros mais velozes e complementam as intrigas presentes.

Como nem tudo são flores, um dos principais problemas dos jogos nesse estilo, são as missões onde você deve dirigir até os extremos das longas cidades para cumprir algumas etapas bobinhas. Aqui esse problema também aparece, porém, a ambientação e a reprodução perfeita de uma metrópole desde a década de 20 até o final dos anos 30 tornam a “árdua tarefa” de dirigir em um grande prazer pois, a cada passeio, você acaba descobrindo um detalhe diferente. A cidade de Lost Heaven é “viva” em todos os sentidos da palavra e enche os olhos com seus detalhes e o cuidado com que foi reproduzida nas telas do micro. Você realmente se sente vivendo aqueles anos.

Os gráficos são excelentes e enchem os olhos. Mesmo com o jogo já com seus 2 anos de idade, ele ainda é muito melhor visualmente que vários exemplares lançados no mercado nesse período e o melhor de tudo, Mafia roda suave, mesmo em um computador não tão potente como um Pentium III 650, por exemplo.

A cidade é enorme e composta de bairros residenciais luxuosos, áreas industriais, um grande centro comercial, a periferia mais pobre, um aeroporto, autódromo, enfim, tudo o que você espera de uma cidade de verdade, nada de improvisações. Em um trabalho de muita paciência, os programadores ainda incluíram estradas com kilômetros e kilômetros de extensão que saem de Lost Heaven e vão muito longe contornando a cidade. Saber usar o mapa para aprender as melhores rotas entre os lugares é fundamental para se dar bem nas missões contra o relógio, mas fique tranquilo que essas missões mais chatinhas são a minoria.

As músicas de Mafia, obviamente, são baseadas em composições que faziam sucesso na época (baseadas em Jazz e Blues) e complementam a ambientação perfeita.

O som dos automóveis, das armas, o barulho em geral do trânsito e a poluição sonora da metrópole, tudo foi reproduzido com o maior cuidado.

Mafia é um dos melhores, senão o melhor jogo lançado nos últimos anos. E quando você consegue chegar no final, uma nova gama de opções chamada Free Ride Extreme é aberta com mais missões “extras”, aumentando ainda mais a sua longevidade.

Um caso raro e um dos melhores jogos de computador de todos os tempos. O que você está esperando para ir jogar?

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
mafiaAno: 2002<br> Versao: PC<br> Distribuidor: Illusion Softworks<br>