Lost

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Aproveitando o final da temporada, nada melhor do que dar uma geral num dos melhores seriados de TV dos últimos tempos. Lost é daquelas séries que conseguem te prender em frente à telinha por uma hora e, quando acaba, te deixa ansioso pelo que virá semana que vem.

O seriado, rodado em uma ilha no Havaí e em estúdio, tem como um de seus criadores, J.J. Abrams, criador da série Alias (aquela com Jennifer Garner, de Elektra) e diretor do vindouro Missão: Impossível III.

Tudo começa com um espetacular acidente aéreo. Um avião que fazia a rota Sydney (Austrália) – Los Angeles (EUA) se parte ao meio em pleno ar e cai numa ilha tropical em lugar incerto. Mais tarde descobrimos que o vôo saíra da rota e, portanto, as equipes de resgate estão procurando os sobreviventes no lugar errado.

Por falar em sobreviventes, a princípio salvam-se 48, que logo têm que lidar com a difícil situação de regredir a um estado primitivo, sem as comodidades da vida moderna e com as intempéries da ilha (chuvas repentinas, mudanças de maré). Não bastasse tudo isso, eles logo descobrem que o tal lugar não é o que se pode chamar de normal. Afinal, como explicar a presença de ursos polares num lugar de clima tropical e a presença de um monstro enorme (que nunca é mostrado) na floresta?

Pois é, a série que começou parecida com o filme Náufrago logo se bandeou pros lados de Arquivo X, já que coisas estranhas acontecem num clima de muito suspense e poucas respostas são dadas. E, quando finalmente resolvem responder alguma coisa, o fazem com uma nova pergunta, no melhor estilo Mestre dos Magos.

Pra quem não acompanha, aí vai um breve resumo do modus operandi do programa: o personagem principal é Jack (Matthew Fox, o irmão mais velho de O Quinteto / Party of Five), um médico que logo se torna o líder do grupo. Ele atende os feridos, organiza o grupo de sobreviventes e sabe que dificilmente serão encontrados. Então o jeito é fazer de tudo para que a estadia deles nesse lugar inóspito seja a mais confortável possível.

Embora Jack seja o protagonista, todos os outros personagens do elenco principal ganham o mesmo espaço que ele. Dentre eles estão:

– Kate, a versão feminina de Jack, que não tem um passado muito correto e se envolve num triângulo amoroso com o bom doutor e Sawyer.

– Sawyer, o mala da história, que posa de bad boy, mas tem um passado trágico. Tem o costume de recolher as bagagens dos destroços e fazer trocas.

– Hurley, um jovem obeso responsável por algumas das boas idéias, como construir um campo de golfe (afinal, muito trabalho e pouca diversão fazem de Jack um bobão) e fazer um censo dos sobreviventes, descobrindo assim, que um deles não estava no vôo! (Calma que logo eu chego nessa parte).

– Sayid, um iraquiano que, milagre, não é retratado como vilão! Pelo contrário, sua habilidade com equipamentos eletrônicos o levam a descobrir o sinal de socorro da mulher francesa que está tocando repetidamente há 16 anos!

– Jin e Sun, um casal de coreanos que aparentemente não fala inglês.

– Charlie (interpretado por Dominic Monaghan, o Merry da trilogia O Senhor dos Anéis), um baixista de uma banda de Rock viciado em heroína (mostrando que nem Lost está livre dos clichês), que vai sofrer com a abstinência e depois se apaixonará por Claire;

– Michael e Walt, respectivamente pai e filho que não se entendem. Além disso, o moleque Walt parece ter dons paranormais.

– Boone e Shannon, um casal de irmãos que possuem uma relação assaz esquisita.

– Claire, uma grávida cujo vindouro filho parece ser de grande importância;

– John Locke (seu nome é uma homenagem ao filósofo de mesmo nome), de longe o personagem mais misterioso e interessante, e o único que conseguiria sobreviver na ilha sozinho, dadas as suas habilidades em caçar e rastrear.

A dinâmica dos episódios consiste em centrar cada episódio em um personagem, intercalando a ação na ilha com flashbacks da vida anterior deles, onde descobrimos que nem sempre eles são o que aparentam e acabaram por ganhar uma nova vida na ilha. Geralmente são histórias fechadas, mas alguns episódios terminam com cliffhangers que deixam o espectador de boca aberta. Para quem não sabe, cliffhanger é quando acaba com alguma surpresa ou com alguma situação pendente. Isso era muito usado naquela série de TV antiga do Batman. Aliás, já leu nossa resenha de Batman Begins?

Agora vamos a um rápido resumo do que aconteceu até o momento (Cuidado – SPOILERS): Jack, Kate e Charlie encontram o cockpit do avião (eles buscavam o transceptor, um aparelho que emite um sinal de socorro) e o piloto, que lhes diz que o vôo saíra da rota. Logo depois o pobre coitado é morto pelo monstro da floresta.

Sayid, usando o tal aparelho, capta uma transmissão de uma francesa que parece estar vindo da ilha há dezesseis anos. Mais tarde, ele tenta triangular a origem do sinal, mas seu plano é sabotado por algum mau elemento.
A partir daí, entre aparições de ursos polares, tetraplégicos e mortos que saem andando, os sobreviventes se dividem em dois grupos: o que monta acampamento na praia, pois seria o lugar de maior visibilidade e maior possibilidade de serem encontrados, e o das cavernas, já conformados com a nova situação e próximos à água corrente.

Um episódio que merece ser destacado foi quando Sayid achava que Sawyer estava com o remédio para asma de Shannon e não queria entregá-lo sem nada em troca. Então, Jack e Sayid decidiram arrancar dele à força, através de tortura. A animosidade entre Sawyer – que ficava acusando Sayid de ter causado o acidente aéreo só porque ele é da terra do Saddam – e o iraquiano fizeram com que este se excedesse no uso da força, mas não a que você está pensando (e por falar nisso, leia a resenha delfiana para o Episódio III). Sayid, depois de quase matar Sawyer, decide se isolar e acaba encontrando a responsável pela transmissão, Danielle Rousseau (outra homenagem a um filósofo), completamente louca por causa do isolamento. Ela revela que há outras pessoas na ilha e que não são nada amistosas.

Pois um deles, “os outros” como são chamados, é Ethan. A princípio, ele se passava por um dos sobreviventes mas, após o censo de Hurley, é descoberto e aproveita para seqüestrar Claire, interessado no futuro rebento dela e quase matar Charlie. Algumas semanas depois, ela volta sem memória. Ethan também retorna e ameaça matar uma pessoa por dia até que Claire lhe seja devolvida. De fato, ele chega a matar um genérico, mas acaba assassinado por Charlie antes que possa fornecer algumas respostas.

Momentos do passado de Hurley finalmente são revelados e ele pode ser o responsável pela queda do avião. Tudo por causa de uma misteriosa seqüência de números que pode ser amaldiçoada e tem alguma ligação com a transmissão feita da ilha.

Para o futuro, resta o enigma da escotilha encontrada por Locke e Boone enterrada na floresta, que tem a mesma seqüência numérica misteriosa gravada em seu casco. Para o final de temporada, prepare-se também para a morte de um personagem do elenco central. Tan tan taaaan!

A série gera muitas teorias por parte dos fãs. Algumas delas remontam a discussões criadas pelo desenho Caverna do Dragão. Especula-se que todos eles teriam morrido e a ilha seria o purgatório, ou apenas Jack estaria vivo e tudo seria apenas uma alucinação de sua parte.

Como sou um delfiano, tenho algumas idéias próprias: estariam eles em algum lugar do triângulo das Bermudas? Teriam eles caído no continente perdido de Atlântida? Teriam eles passado por um vórtex que os transportou para outra dimensão? Tá bom, essa última foi forçada, mas convenhamos, não foi mais do que aquele filme da Mulher-Gato.

Quanto ao misterioso monstro da floresta, o que seria? King Kong? Um dinossauro (essa é a minha favorita)? Um robô gigante? A Mecha-Streisand?

Aliás, esse é o grande risco que a série corre. Muitas perguntas e situações bizarras ao extremo exigem boas respostas. Meu medo é de que quando elas vierem, não correspondam à expectativa, o que acabaria por estragar todo o ótimo trabalho já feito. O jeito é torcer para que isso não aconteça, e para que as indagações que nos atormentam sejam satisfatoriamente respondidas na já confirmada segunda temporada.

Lost é exibida no canal a cabo AXN, toda segunda às 21:00h. Antes, às 20:00h, é exibido o episódio anterior. Se você perdeu algum episódio ou se interessou em acompanhá-la, fique ligado na programação do canal, pois eles costumam fazer maratonas de episódios.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. É o autor dos livros infantis "Pimpa e o Homem do Sono" e "O Shorts Que Queria Ser Chapéu", ambos disponíveis nas livrarias. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).