Representantes da PC Master Race já estão jogando Lifeless Planet desde 2014. Eu não faço parte destas criaturas criadas à imagem e semelhança de Odin, pois jogo apenas nos consoles. Ainda assim, ele saiu para Xbox One em 2015, e de alguma forma passou batido por mim. Aproveitando o lançamento para PS4 em julho de 2016, resolvi corrigir esta falha de caráter e ver o que estava pegando por aqui.
MAIS DO QUE UM WALKING SIMULATOR
Em Lifeless Planet você é um astronauta estadunidense que cai em um planeta desconhecido, mas logo percebe que ele não é tão sem vida quanto o título do jogo sugere. Ao longo da sua aventura, vai encontrar textos e audiologs que ajudam a formar a história, que veja só, traz uma mensagem ecológica bacaninha.
Ao começar a partida, eu esperava que estivesse prestes a jogar um bom walking simulator. De fato, o início, com seus cenários abertos e desérticos e a falta de objetivos claros a não ser explorar logo me lembraram de Jouney, quiçá o primeiro dos grandes walking simulators.
Porém, não demora muito para começarem a aparecer puzzles e outros desafios tradicionais de games, como saltar entre plataformas. Ele não chega a ser um jogo totalmente de plataforma, como um Super Mario, mas também tem uma jogabilidade bastante tradicional que não permite chamarmos ele de walking simulator. Digamos que jogar Lifeless Planet é uma experiência que está entre Journey e Limbo. Como admirador de ambos estes jogos, eu curti bastante.
JUMP FROM THE TIGER
No terceiro ato do jogo, espere estar fazendo pulos bem complicados e ficar sem saber direito para onde ir, graças à vastidão dos cenários. Eles são dificultados por um controle à Ghouls’n Ghosts. Em outras palavras, quando você aperta o botão de pulo, você vai para onde vai, sem possibilidade de ajustar o ângulo no meio do caminho. O personagem tem durante o jogo todo um pulo duplo, e em alguns momentos você pode usar um pulo “sétuplo”, que permite que você salte até plataformas bem distantes, então é bom mirar bem antes de pular.
Você não costuma voltar muito quando morre, mas sempre rola uma desorientação. O visual do jogo varia bastante entre os capítulos, mas quando você volta da morte sem saber exatamente onde apareceu, a ausência de pontos marcantes nos cenários faz falta.
Isso não significa que o visual não é bacana. Pelo contrário, aliás. Você passa por uma variação absurda de cenários, de desertos a vulcões e para um planeta teoricamente desabitado, há muitas construções e outras coisas mais misteriosas.
Temos, no entanto, alguns problemas técnicos que chegam a incomodar. O principal deles é o hud, que fica no canto superior esquerdo da tela mostrando o tempo todo três informações: se você está jogando desde o início, quantas mortes sofreu e há quantos segundos está jogando. Nenhuma delas é especialmente importante para a jogatina e poderiam aparecer apenas no menu de pausa, mas elas ficam lá o jogo inteiro, sem possibilidade de desativar.
Outro problema menos grave, mas que prejudica a imersão, é que a draw distance é muito baixa. Para os delfonautas menos técnicos, isso significa que os cenários vão popando na tela conforme você se aproxima deles, dando um efeito bem feio para um jogo que em geral é muito bonito.
A trilha sonora, por outro lado, é um ponto alto. Não há músicas o tempo todo, mas quando elas tocam, realmente contribuem para o climão de ficção científica intrigante da história.
PLANETA SEM VIDA
Lifeless Planet Premier Edition me surpreendeu. Eu esperava gostar dele, mas não tanto. Imaginava que fosse algo mais experimental e contemplativo, como Abzu, por exemplo, mas acabei sendo brindado com uma experiência de games mais tradicional. Não é exatamente um jogo muito movimentado, mas se a fórmula Journey + Limbo lhe apetece, você não pode deixar passar.
CURIOSIDADE:
– Já que o hud mostrou isso o jogo inteiro, eis minhas estatísticas: eu cheguei ao final do jogo em 23.570 segundos e morri 83 vezes. Mesmo assim, não ganhei o troféu para morrer de todas as formas possíveis.