Em 2004, os gaúchos do Krisiun completam de 10 anos de estrada, sempre se superando, lançando um disco melhor que o outro e, praticamente, colocando o Brasil na lista dos países produtores das grandes bandas de Death Metal.
Para este novo trabalho, não há grandes surpresas a não ser aquilo que todo Death Banger espera: uma porrada atrás da outra.
Comecemos com a belíssima capa que mostra o pentagrama invertido (esse já virou um símbolo tradicional da banda) envolto em chamas, serpentes e sangue sobre uma cidade devastada. Algumas pessoas podem achar chocante demais, mas nada mais realista, afinal, vivemos atualmente uma época de caos com tanta guerra e injustiça rondando as nossas vidas. (Nota do Carlos: Esse pentagrama invertido se chama Selo de Baphomet e é um símbolo criado pela Igreja de Satã, muito comum em bandas de Black Metal. Baphomet era o demônio que os Cavaleiros Templários foram acusados de cultuar durante a Idade Média. Esse demônio era representado por uma cabeça com três rostos. Detalhe: nunca foi encontrada nenhuma prova do culto dos Templários a essa entidade o que pode significar que Baphomet foi uma invenção do rei da França da época, que queria acabar com os Templários. Pois é, Delfos também é cultura. Diversão E cultura. )
Mas é na parte técnica que existe uma notável evolução no trabalho instrumental da banda e esse é um fator interessante, pois, na verdade, o Death Metal não é um estilo que requer muito virtuosismo e técnica, características mais facilmente encontradas nas bandas de Power Metal, por exemplo, mas o Krisiun mostra que é uma exceção à regra e trouxe muita técnica ao estilo. Isso se destaca especialmente na segunda faixa, Murderer, uma mistura muito bem sucedida do Thrash “old school” do Slayer com o Death Metal moderno.
Outra faixa que chama a atenção é a décima, uma belíssima música instrumental chamada Shadows e que serve de introdução para o clássico dos clássicos, In League With Satan, do Venom. Aliás este cover se encaixou perfeitamente ao som da banda e consegue soar ainda mais suja e brutal (se é que isso é possível) que a versão original gravada há 24 anos.
O Krisiun sempre busca uma melhoria contínua com o lançamento de cada álbum, e o grande (e único) problema encontrado no trabalho anterior, Ageless Venomous, era a mixagem que deixou alguns volumes exageradamente altos enquanto outros acabaram prejudicados. Em Works of Carnage, tudo foi devidamente balanceado dando o destaque necessário para a absurdamente rápida batera de Max Kolesne. Particularmente, eu realmente não acreditava que o baterista conseguisse reproduzir ao vivo o massacre sonoro que ele faz em estúdio, mas acredite, após um show dos caras que presenciei, não restou a menor dúvida que Max é um craque nas baquetas mesmo, e, aliás, não precisou de nenhum solo de bateria para provar isso (Nota do Carlos: Malditos solos de bateria!). O vocal gutural e o baixo nervoso de Alex Camargo continuam perfeitos e mereceram muitos elogios, inclusive, da crítica especializada internacional.
Mas o que se destaca mesmo neste lançamento, é a guitarra técnica e absurdamente rápida de Moyses Kolesne, provavelmente o melhor guitarrista de uma banda de Metal Extremo na atualidade. A grande vantagem de Moyses, é justamente não buscar copiar as bandas tradicionais do gênero, mas explorar uma sonoridade diferente e trazer outras influências ao gênero.
O melhor lançamento do Krisiun até hoje e o melhor cd de Death Metal nacional que conheço. Se você curte o gênero, vá correndo atrás de Works of Carnage.
A versão nacional vem ainda com uma música bônus, They Call Me Death e o videoclipe matador da Murderer.