Ok, ok, sou obrigado a admitir que nunca fui dos maiores entendidos no que diz respeito ao quarteto estadunidense Kamelot. Antes de The Black Halo, tudo que eu tinha ouvido – e mesmo assim, sem a devida atenção – tinha sido o disco ao vivo The Expedition. Mas, depois de The Black Halo, eu praticamente devorei todo o material dos caras que pude – especialmente a partir de Siége Perilous, de 98, que já conta com Roy Khan nos vocais.
Fato: nos Estados Unidos, a cara do Heavy Metal são os sujeitos mal-encarados, cheios de tatuagens e correntes, vestindo largos bermudões e cantando de maneira gutural. No entanto, seguindo os passos de notáveis exceções como Savatage e Iced Earth, o Kamelot resolveu assumir a faceta européia da coisa, preferindo introduzir elementos líricos ao invés do Hip-hop e adotando álbuns conceituais inspirados na fantasia medieval e na literatura fantástica.
Trata-se de uma continuação direta de Epica, que conta a história do épico Fausto, do escritor alemão Wolfgang von Goethe. Mas é claro que os músicos acabam adicionando o seu próprio toque pessoal à história. E tudo fica absolutamente fantástico. Sem exageros. Além da excelente produção, o disco é forte, intenso, emocionante e, principalmente, criativo. Esqueça todos aqueles clichês do Metal Melódico que você já sabe de trás para frente.
O álbum já começa com a excelente The March of Mephisto, na qual temos os teclados de Jens Johanson (Stratovarius) fazendo a base para o duelo vocal entre Khan e Shagrath, o gutural frontman do Dimmu Borgir. Simplesmente avassalador. A partir daí, segue uma sucessão de excelentes composições de Khan em parceria com o guitarrista Thomas Youngblood. The Haunting, dueto com Simone Simmons, do Epica, é de arrepiar. When The Lights Are Down é o mais puro Metal, do jeito que o povo gosta. E a balada Abandoned é, na falta de uma expressão melhor, deliciosa.
The Black Halo é puro Kamelot. Mas não é só isso. É Kamelot evoluído. É Kamelot mais sombrio, com composições mais maduras e experimentais. A única coisa que continua rigorosamente igual é a fantástica voz de Khan. Como canta o sujeito. E é um timbre tão límpido e, ao mesmo tempo, tão característico, tão cheio de emoção, que acaba sendo impossível não reconhecê-lo.
Resumindo? The Black Halo é um dos melhores discos do gênero lançados em 2005. Por que você ainda não foi comprar?
Texto publicado originalmente na coluna Webbanger (www.webbanger.cjb.net)